“Cada brasileiro, vivo ou morto, já foi Flamengo por um instante, por um dia” escreveu o tricolor e grande escritor Nelson Rodrigues. Eu particularmente não sou brasileiro, eu sou francês, mas eu sou flamenguista, por cada dia de minha vida. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo, fala o hino popular do clube.

Bem-vindo no meu blog francêsguista, que nada vai ser sobre a França e tudo sobre o Flamengo. Vai mexer os jogos de hoje e os jogos eternos do passado, vai mexer os ídolos e os menos ídolos, mas que honraram o manto sagrado. Vai falar sobre os times históricos, de 1912 até 2022, porque cada time, cada jogador, faz história vestindo a camisa do Flamengo. Eu só preciso de duas cores para escrever, o negro e o vermelho. Flamengo sempre eu hei de ser.

Quem escreve é Marcelin Chamoin, francês de 30 anos, nascido um dia 7 de julho, mesmo dia do que o primeiro Fla-Flu, exatamente 80 anos antes do meu nascimento. Um dia depois do meu nascimento, Flamengo ganhava de 3 a 1 contra Santos no Maracanã e classificava-se para a final do Brasileirão 1992. Com a maestria do Vovô Garoto Júnior, Flamengo conquistou o pentacampeonato contra o Botafogo. Eu particularmente precisou de apenas 12 dias de existência para viver a maior emoção que existe no mundo, ser flamenguista e ser campeão. O meu maior prazer, vê-lo brilhar.

A paixão pelo Flamengo do brasileiro, vivo ou morto, não se explica, mas a origem dessa paixão pode. A paixão vem do pai, da mãe, do irmão, do primo. De um ídolo, de um jogo eterno, de um time histórico, de um primeiro jogo no Maraca, na geral. A paixão de um gringo já é inusitada, mas pode vir dos primeiros passos na cidade maravilhosa ou nos primeiros cantos no templo do futebol. A paixão pelo Flamengo é contagiante. Seja na terra, seja no mar.

Eu particularmente não sei explicar a origem dessa paixão. A paixão pelo Brasil, acho que vem da Copa de 1998. Tinha exatamente seis anos quando vi o Brasil se classificar para a final, depois de uma disputa de pênaltis contra os Países Baixos. Antes, tinha visto Ronaldo ser fenomenal contra a Escócia no jogo de abertura, talvez o início de uma paixão sem fim. Depois, foi só Brasil, apenas o Brasil, sempre o Brasil. Na final contra a França, meu país de nascimento, torcia pelo Brasil, chorei com a derrota, mas foi para um bem maior, o amor pelo Brasil. O Brasil posso explicar, o Flamengo não. Então quando alguém pergunta o porquê, respondo que as vezes as coisas bonitas não têm explicações. Que emoção no coração.

Agora, meu leitor, sentindo com você uma proximidade maior eu posso te fazer duas confissões. A primeira é que abro esse blog porque vou morar um ano no Rio de Janeiro, ou mais, se Deus quiser, e espero que vai me dar muitas oportunidades de ser feliz e de crescer como pessoa. Espero que vou me realizar, espero escrever, espero ensinar coisas que eu sei, aprender coisas que eu não sei, fazer amizades, encontrar pessoas que vão mudar minha vida, e quem sabe, encontrar a mulher de minha vida. E claro vibrar com o Brasil hexacampeão, chorar de emoção com o Flamengo, no Maracanã e em todos os cantos do Rio de Janeiro, com irmãos flamenguistas. Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo.

Ultima confissão é que talvez tenho uma explicação possível para todo esse rubro-negrismo que sinto na minha carne e na minha pelé. Eu particularmente acredito na reincarnação. Acredito num outro mundo depois da morte do corpo, e que depois a alma volta nessa Terra, num outro corpo. Acho possível que na minha última incarnação, eu era brasileiro, daí todo esse amor pelo Brasil. Não sei se a reincarnação realmente existe e se numa outra vida eu era brasileiro. Mas se isso é o caso, tenho certeza absoluta que naquela vida anterior, eu era Flamengo. Então, talvez a frase “Flamengo até morrer eu sou” é incompleta, não justa. Flamengo é imortal, e se nossa alma também é imortal, então o sentimento de ser Flamengo é imortal.

Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”