
Eu esperava a recepção da torcida para escrever sobre a final da Libertadores, mas acho que posso esperar um tempão ainda. Vamos então para o dia de 29 de outubro de 2022. Na verdade, no dia antes, 28 de outubro. Claro que a ansiedade começa no dia da classificação para a final, 7 de setembro de 2022, dia do bicentenário da independência do Brasil e também um dia depois de minha chegada no RJ. A ansiedade se intensifica no começo da semana da final, e para mim, se torna realmente insuportável um dia antes da final.
Talvez a ansiedade do dia antes é pior que a do dia D. No 29 de outubro de 2022, já tem a excitação do jogo. Eu estava na Rocinha, onde moro atualmente, e sempre tem muitas camisas do Flamengo no morro. Mas no 29 de outubro, a Rocinha estava de duas cores só, o preto e o vermelho. Era de uma energia incrível, a Nação estava lá, com estava em todos os lugares do RJ, favelas e asfalto, em todos os cantos do Brasil, do Norte até o Sul, no Nordeste e no Distrito Federal. Isso, só o Flamengo.
Assisti ao jogo com a Roça Fla, um grupo de torcedores do Flamengo na Rocinha. Já tinha assistido ao jogo de ida da final da Copa do Brasil, e para a final da Copa da Libertadores, o jogo era retransmitido numa quadra de futebol. E claro, a quadra estava cheia de rubro-negros. Eu estava com a camisa da Fla Paris e outra da Roça Fla. E já falei da hospitalidade dos brasileiros, mas vou falar mais uma vez aqui, porque fui muito bem acolhido de novo. O presidente da Roça Fla, Fernando, me acolheu com sorriso, abraços e muita fé na vitória do Flamengo. E retribuí um pouco o carinho, chamando franceses para assistir ao jogo na Rocinha. Dois foram, e acho que eles gostaram muito do ambiente do local. Talvez mais dois rubro-negros no mundo. Porque a paixão flamenguista é contagiante.
A final não foi o melhor jogo da Libertadores, como acontece muitas vezes numa final. Fui entrevista pelo Diário do Fla no AeroFla e falei que o placar não importava, o que importava era a vitória, o título. Na Rocinha, a expulsão do Pedro Henrique foi festejada como um gol, com cerveja no ar, gritos, cantos, foguetório. A festa era impressionante, a torcida não para de cantar, nunca. A quadra da Rocinha virava o Maracanazinho. E o gol do Gabigol foi de uma emoção indescriptível. Eram abraços, lágrimas, orações. Isso, só o Flamengo.
Flamengo é merecidamente o campeão da Libertadores de 2022. Fez uma campanha incrível, com 12 vitórias, um empate e nenhuma derrota. Talvez é a maior campanha da história do torneio, Estudiantes teve um aproveitamento de 100% em 1969, mas com 4 jogos só. Porém, acho a campanha de 2019 do Flamengo mais marcante, com uma qualificação dramática contra Emelec nas oitavas, e depois confrontos contra os dois grandes do Rio Grande do Sul, Internacional e Grêmio, com um cincum eterno. Mais eterno, só o jogo final, contra River, com dois de Gabigol. E uma taça que não vinha desde 38 anos finalmente nas mãos rubro-negras.
Na quadra da Rocinha, teve mais festa ainda, com cantos, hino, cerveja, churrasco e até champanhe. Depois, claro, muita música. Kevin, da Fla Paris, me ligou, para compartilhar a alegria. Sabia que tinha muito festa em Paris também, e apesar de ser bastante feliz aqui, tenho também saudade do consulado da Fla Paris. Depois, fui num bar da Rocinha, onde de novo, tinha só camisas do Flamengo. No 29 de outubro de 2022, o Manto Sagrado parecia dress code. Fiz outras amizades, um cara chegou a me dizer que estava mais feliz de me ter conhecido de que ter visto a vitória do Flamengo. Agradeci pelo elogio e estou muito feliz de conhecer ele, mas a honestidade me obrigou a dizer que sou mais feliz ainda com o título do Flamengo. Tem uma alegria e um orgulho incomparáveis nas conquistas do Flamengo, ainda mais numa Libertadores. Começa o dia com ansiedade tremenda, fecha o dia com felicidade imensa. Isso, só o Flamengo.
Fecho a crônica com a atuação do Gabigol. Decidiu mais uma vez uma final da Libertadores. É bicampeão, em 2019 e 2022, e também duas vezes artilheiro, em 2019 e 2021. Falei que meu top 3 particular dos ídolos da Nação é primeiro Zico claro, depois a camisa 2 Leandro e em terceiro nosso Didico. Mas acho que o Gabigol pode ser agora o segundo maior ídolo do Flamengo. No Flamengo, só dois jogadores marcaram gols em finais de Libertadores, o Rei Arthur e o Gabigol. Para Gabigol, foram 4 gols em 3 jogos, achando as redes em todos os jogos. Gabigol é a cara dessa geração do Flamengo, que ganhou tudo, menos o Mundial, que vai ganhar. Falta ainda alguns meses para esse jogo chegar, com uma ansiedade que não vai parar de crescer. Isso, só o Flamengo.








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