Na geral #12: A desilusão

Na última crônica sobre o jogo contra Al Hilal em 2019, falei que final do Mundial é jogo para ganhar e semifinal é jogo para não perder. E Flamengo perdeu o jogo que não podia perder, se juntou ao Internacional 2010, Atlético Mineiro 2013 e Palmeiras 2020. Roteiros diferentes, mas mesmo final, sem final. E para Flamengo, a hora do Real Madrid nem vai chegar. Uma desilusão enorme, porque acho que o Real Madrid de 2023 era mais fácil de vencer do que o Liverpool de 2019, ainda mais com as ausências de Courtois e Benzema.

Para começar, uma palavra sobre o juiz, porque normalmente não gosto de falar sobre as atuações dos juízes. Mas acho que o juiz errou ontem. O primeiro pênalti, com apenas dois minutos de jogo, é duvidoso, discutível, alguns juízes apitaram pênalti, outros não, mas acho que foi mais falha da defesa do Flamengo do que do juiz. Agora o segundo pênalti foi falha do juiz. Gosto do VAR, acho que com o VAR o futebol é menos injusto, mas tem um defeito. Com o VAR, com câmera lenta, imagens repetidas e rerepetidas, o empurrãozinho vira empurrão, o pisinho vira pisão. Quais eram as chances do Al Hilal de fazer o gol, ou até de chutar, no lance final do primeiro tempo? Zero. Ou se considera que o impossível é possível, 0,1%, não mais. E o juiz ainda expulsou Gerson, quase acabando com as chances do Flamengo. Gerson errou no primeiro cartão amarelo sim, qual é a necessidade de cravar um pênalti quando tem VAR? Não tem, mas o juiz falhou no segundo amarelo.

O técnico Vítor Pereira também errou no intervalo, substituindo Arrascaeta por Erick Pulgar. Não estou convencido pela explicação que precisava mais do Éverton Ribeiro para fazer a ligação entre o meio de campo e o ataque. Obvio que o Al Hilal, com um gol a mais e um jogador a mais, ia ficar na retranca e o Flamengo precisava ao menos três jogadores no ataque, Pedro, Gabigol e Arrascaeta. E Vítor Pereira também errou com a escolha de Erick Pulgar. Arturo Vidal fez algumas besteiras esses últimos dias e entrou muito mal contra Palmeiras, também entrou mal ontem, mas acho que ainda era uma melhor opção do Erick Pulgar, que nem conheço o rosto dele de tão pouco ele jogou no Flamengo. E na última cronica, também falei que Jorge Jesus errou contra Liverpool ao tirar ambos Arrascaeta e Everton Ribeiro. E O VP fez o mesmo erro ontem.

O time estava sem ritmo e foi erro da diretoria, com falta de planejamento. Não estou um grande fã de Dorival Júnior, mas ganhou títulos e a diretoria errou também ao buscar um outro técnico. Ainda mais para trazer Vítor Pereira, que já no Corinthians não me convencia. A diretoria também errou no mercado, prometendo 3 jogadores e uma referência mundial. Gerson, ainda sem ritmo, substituiu João Gomes e Rodinei nem foi substituído. E ontem Flamengo pagou caro o preço disso, com uma atuação ruim de Matheuzinho. Dos outros jogadores, só Pedro se salvou, com mais um grande jogo e um doblete.

A torcida no estádio também fez mais um jogo fraco numa decisão no exterior. Se dá para ser ouvido no comecinho do jogo, dá para ser ouvido o jogo todo. A torcida não empurrou o time, que também não inflamou o jogo. O segundo tempo foi de desespero, de tortura, porque já com um gol atrás só, eu não acreditava no título. O terceiro gol de Al Hilal, com falha de Erick Pulhar, matou o jogo. E nem o segundo gol de Pedro deu uma esperança total. Flamengo estava muito longe de ganhar esse jogo, de ganhar esse Mundial. Estou triste, ainda mais para os amigos que estavam ou iam no Marrocos, Cidel, o presida da Fla Paris, Ramon, da Fla Miami e que me acolheu tão bem aqui no RJ e Piriquito, o irmão do futsal, das cervejas, do Flamengo. Um sonho que acabou muito cedo, sem a hora do Real Madrid chegar.

Eu assisti ao jogo com a Roça Fla no Caipira Top Bar, na famosa Curva do S da Rocinha. Esperava uma final para assistir ao jogo na quadra da Roupa Suja, onde já tinha assistido a final da Libertadores, um dos meus melhores momentos vividos aqui no Rio. Mas não vai acontecer. A frustração é ainda mais forte que era a última chance de ganhar o Mundial de novo. O próximo Mundial será com 32 times, a metade vindo da Europa. É possível de passar a primeira fase, de fazer um ou dois milagres na fase final, mas ganhar o Mundial é tipo uma seleção africana ganhar a Copa do Mundo hoje. 0,1% de chance. A temporada do Flamengo de 2023 quase não começou e parece que já acabou. Mas ainda tem títulos na frente, o campeonato carioca para começar, que Vítor Pereira deve ganhar se quer ficar, e depois um tetra da Libertadores, um penta da Copa do Brasil, dois títulos ganhados em 2022, e um Brasileirão que não vem desde 2020. Vai ter que aguentar as piadas dos rivais que nem chegaram no Mundial, mas apesar da desilusão enorme, ainda tem muitos jogos na frente e sempre, sempre, tem o Flamengo no coração e na alma. Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.

2 respostas para “Na geral #12: A desilusão”.

  1. Avatar de Na geral #14: Fla virou e a Fla Paris comemorou – Francesguista

    […] E o início de 2023 em relação ao Flamengo foi um pesadelo. Perdi a Supercopa do Brasil, e tive a maior desilusão de meu maior sonho, a derrota no Mundial dos clubes, antes da hora do Real Madrid chegar. Um […]

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  2. Avatar de Na geral #17: E Fla foi vice de novo – Francesguista

    […] a mais perdida. Já no início do ano, teve a derrota na Supercopa, uma outra na Recopa, a desilusão no Mundial, onde nem foi vice, a vergonha do carioca. Quatro competições perdidas e Flamengo conseguiu fazer […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”