Para aquecer o jogo de hoje, uma lembrança de um jogo de 1998, onde Flamengo foi bastante irregular durante o campeonato. Foi até péssimo com apenas 3 vitórias nos 15 primeiros jogos e derrotas em casa contra Bragantino, Juventude e a Portuguesa. Já no fim da primeira fase, conseguiu vencer em seguida o Atlético Mineiro e Sport antes do jogo contra o Corinthians, o terceiro consecutivo no Maracanã.
No 10 de outubro de 1998, o técnico e ídolo Evaristo de Macedo escalou Flamengo assim: Clemer; Fábio Baiano, Ricardo Rocha, Fabão, Leonardo Inácio; Marcos Assunção, Jorginho, Cleisson, Iranildo; Beto, Romário. No time do Corinthians, alguns craques, alguns jogadores internacionais, até alguns campeões do mundo no penta do Brasil: Cris, Carlos Gamarra, Sylvinho, Freddy Rincón, Vampeta, Marcelinho Carioca, Ricardinho e Edílson. Um timaço, que seria campeão brasileiro no final do ano. Mas Flamengo é Flamengo, é capaz de tudo.
Já no início do jogo, Cleisson conseguiu uma falta, quase na entrada na área do Corinthians, um pouco no lado esquerdo. Marcos Assunção, 22 anos na época e emprestado pelo Santos, chutou com a parte interna do pé, chutou forte, chutou colocado, chutou na gaveta. Adorava Marcos Assunção na época do Betis na Espanha e foi para mim, e não só para mim, um dos maiores batedores de faltas da história do futebol brasileiro, e não só do futebol brasileiro, mas também do futebol mundial.
Flamengo abriu o placar com essa falta de Marcos Assunção e ampliou no minuto seguinte. O lateral-esquerdo Leonardo, nada a ver com o grande Leonardo Nascimento de Araújo que jogou no Flamengo entre 1987 e 1990, mas Leonardo Inácio, cruzou e Beto dominou de uma forma incrível, quase de letra, na direção do gol. Quando alguém consegue um domínio tão bonito, é difícil ter a lucidez e a tranquilidade para fazer o gol. Mas Beto abriu bem o pé e venceu o goleiro, Flamengo 2×0, Flamengo fazendo a alegria e a festa dos 54.309 torcedores no Maracanã.
No Maraca, algumas faixas para pedir ao Vanderlei Luxemburgo, técnico do Corinthians e da Seleção brasileira, convocar Romário, que tinha sido descartado da lista para o amistoso contra o Equador, marcado alguns dias depois. Romário, que no dia do jogo contra o Corinthians falou para a Folha de S. Paulo que nunca foi atleta, não teve oportunidade de mostrar nesse dia todo seu talento ao Luxemburgo, e foi substituído antes do intervalo por causa de uma lesão muscular.
Já no final do jogo, um golaço do Flamengo, com no início da jogada dois jogadores que tinham saído do banco. Uma bola alta na grande área de Eduardo, e a visão do craque de Caio, que chegou no Flamengo junto com Marcos Assunção na troca que deixou Athirson no Santos. Caio fez um passe de peito para a chegada de Jorginho, nada a ver com o grande Jorginho que jogou no Flamengo entre 1984 e 1989, mas Jorge Marcelo de Araújo. Jorginho bateu forte e brocou, mas a beleza do gol foi no domínio-passe de peito de Caio Ribeiro.
Alegria no Maraca e quase no minuto seguinte ao terceiro gol, mais um gol do Flamengo, mais uma assistência do Caio, ajudado pela incompreensão entre os zagueiros corintianos Batata e Gamarra. Bola para o craque Iranildo, bola para atropelar o Corinthians. O Maracanã pegou fogo, literalmente, e Marcelinho Carioca deixou a conta um pouco mais leve para o Corinthians com um gol no final do jogo. Mesmo assim, uma goleada 4×1 para o Flamengo, que voltava ao 13o lugar, a 3 pontos do Vasco, oitavo na tabela e último classificado para as quartas de final. Flamengo ainda aplicou um outro 4×1 no jogo seguinte, com três de Romário, mas perdeu contra América e Paraná e foi eliminado do Brasileirão antes da fase final. Flamengo, capaz de tudo.








Deixe um comentário