Jogos eternos #97: Flamengo 3×0 Bahia 1985

Ainda na ressaca da derrota na final da Copa do Brasil, com os craques atuais que decepcionaram, tem que voltar ao maior craque, Zico, que voltou em 1985 no Flamengo depois de 2 anos na Itália, que voltou para fazer a alegria da torcida flamenguista, que voltou para brilhar no Maracanã, primeiramente contra Bahia.

A história começou em 1983 quando o presidente do Flamengo, Antônio Augusto Dunshee de Abranches, fez a maior loucura da vida, o maior crime contra a Nação, vendeu Zico para Udinese. Zico virou ídolo do estádio Friuli, da cidade de Údine e da Itália inteira. Fez muitos gols, quase foi artilheiro da Série A, fez golaços de falta, brilhou num campeonato cheio de craques. Mas estava longe do Flamengo, do Maior do Mundo. Depois do crime contra a Nação, Antônio Augusto Dunshee de Abranches não teve outra opção que de renunciar, e George Helal foi o novo presidente do Flamengo.

George Helal sempre acreditou no Zico, já na época quando era ainda um garoto franzino. Em 1967, na época vice-presidente do Flamengo, foi George Helal que pagou da própria bolsa um programa para ajudar Zico, que tinha 14 anos, a se desenvolver fisicamente. Nunca se arrependeu da decisão e 18 anos depois, tomou outra decisão que mudou mais uma vez a história do Flamengo. Montou o “Projeto Zico”, com a ajuda do publicitário Rogério Steinberg, da TV Manchete e do cartunista Henfil, e realizou o sonho de toda uma Nação, repatriou Zico depois de 2 anos de exílio. Zico voltou ao Rio no 7 de julho de 1985, exatamente 7 anos antes de meu nascimento, e claro, voltou com festa da torcida do Flamengo, já no aeroporto.

Zico voltou a vestir o Manto Sagrado no 12 de julho para um amistoso entre Flamengo e uma seleção chamada de Amigos de Zico, um time de craques, com Falcão, Júnior, Roberto Dinamite, Maradona e até Jacozinho, este não era tão amigo de Zico. No banco, mais craques, Zagallo para Flamengo e Telê Santana para os Amigos de Zico. O palco, claro, o Maracanã. O canal, claro, a TV Manchete. E claro, Flamengo venceu, Zico brilhou, no início com assistência, depois com gol. Claro, um gol de falta. Um golaço, sem ângulo, mas bola no ângulo de Gilmar. Um gol talvez no top 10 de Zico de gols de falta, só vi Zico fazer um gol nesse lugar do campo, gol era impossível, menos para Zico. No final, 3×1 para Flamengo, com uma torcida feliz e ansiosa para ver Zico de novo em campo com a camisa do Flamengo, agora num jogo oficial.

E a volta oficial de Zico chegou dois dias depois, no 14 de julho, de novo no Maraca, com 58.201 sortudos nas arquibancadas e na geral. Para o jogo contra Bahia, Zagallo escalou Flamengo assim: Fillol; Aílton, Leandro, Guto, Adalberto; Andrade, Adílio, Zico; Tita, Chiquinho, Marquinho. Qualquer escalação do Flamengo fica melhor quando tem a presença de Zico. Contra Bahia, quem brilhou em primeiro foi Tita, com chute forte e preciso, para fazer 1×0, placar no fim do primeiro tempo.

No início do segundo tempo, falta perto da grande área. Um roteiro visto muitas vezes durante anos pela geral, mas que foi privada disso durante dois anos longos, longe do maior ídolo do Flamengo. Agora tem que retranscrever o comentário de um então jovem Galvão Bueno: “A posição é melhor para Marquinho, mas o Zico sabe mais”. Sim, Zico sabia muito, “caprichou, bateu” e fez o gol. Saiu para comemorar com a torcida, um salto no ar, um punho no céu, a torcida nos sonhos. O que era bom de ter de volta essa imagem, Zico fazendo gol de falta para Flamengo. Como fez falta o Zico no Flamengo, era nesse momento que ele estava de volta, que dava para perceber plenamente quantas saudades ele deixou ao sair do Flamengo.

Terceiro e último gol do jogo vale para lembrar que meio de campo do Flamengo não era só Zico, tinha 3 craques, Zico, Andrade e Adílio. Quem fez o terceiro gol foi Chiquinho, mas foi Adílio que brilhou, com um toque leve de trivela para deixar Chiquinho livre para fazer o gol. Uma vitória convincente, mas o que valia era a volta de Zico, a volta da alegria da torcida. Um torcedor não resistiu e invadiu o gramado para abraçar o ídolo. Parecia sonho mas era realidade, Zico estava de volta ao Flamengo.

Uma resposta para “Jogos eternos #97: Flamengo 3×0 Bahia 1985”.

  1. Avatar de Jogos eternos #100: Flamengo 1×1 Vasco 1983 – Francesguista

    […] No segundo tempo, Adílio quase fez um gol depois de um chute de Zico. Vasco, precisando de um gol para se classificar, passou a dominar o jogo, que ficou indeciso até “44 minutos e 20” quando Galvão Bueno narrou uma jogada que começou com falta de Mozer até o calcanhar de Elder para Adílio, que acelerou com um toque, entrou na grande área com dois toques. Adilio só tinha Mazarópi na frente e Zico no lado, Adílio deixou a bola no momento ideal para Zico, que só tinha a empurrar a bola nas redes, para fazer a alegria da geral, para fazer o gol da classificação do Mengo. Com mais um show de Zico, mais uma classificação sobre Vasco, Flamengo estava na semifinal e posteriormente Flamengo era o campeão, para o último ano de Zico com o Manto Sagrado, antes da volta consagrada. […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”