Jogos eternos #102: Flamengo 0x0 Santos 2013

Um jogo entre Flamengo e Santos no Mané Garrincha traz imediatamente a lembrança do jogo de 2013, o último de Neymar no Brasil. Sempre gostei de acompanhar as promessas já no Brasil e Neymar foi um dos maiores jogadores que eu vi no Brasil. Já quando ele começou, em 2009 com apenas 17 anos, era um jogador diferente, um craque.

Depois, o menino cresceu, adorei acompanhar o Santos de 2010, um dos melhores times que eu vi no Brasil. O ano de 2011 foi o ano da confirmação e da revelação para o mundo, com a conquista da Copa Libertadores. Já era um dos maiores nomes da Seleção, já era pronto para a Europa, mas ficou no Brasil, quebrou alguns recordes em 2012 e fez show a quase cada jogo. Na Europa em geral e na França em particular, o nome de Neymar já era recurrente e o menino tinha muitos haters. Pessoas achavam que ele era arrogante, era polêmico, pode ser, mas achavam que driblar no Brasil era fácil, queriam ver na Europa contra bons defensores, como se não tinha no Brasil, achavam que ele ia ser flop, que não jogava nada. Mais de 10 anos depois, ainda fico chateado com tantas criticas, às vezes sem nenhum sentido.

Gostei de ver tanto tempo Neymar no Brasil, 5 temporadas quando agora o craque ou o meio craque sai depois de uma, ou duas no máximo. Melhor ainda, o último jogo de Neymar era contra meu Flamengo. No 26 de maio de 2013, para a estreia do Brasileirão, Jorginho escalou Flamengo assim: Felipe; Léo Moura, Renato Santos, Marcos González, Ramon; Luiz Antônio, Elias, Renato Abreu; Gabriel, Rafinha, Hernane. Apesar da presença de ídolos da época, como Léo Moura, Elias e Renato Abreu, é impressionante de ver como Flamengo mudou em dez anos.

No estádio Mané Garrincha, primeiro momento de emoção foi na execução do hino nacional, quando Neymar não segurou as lágrimas. No primeiro tempo, Flamengo dominou, mas nem Gabriel camisa 10, olha como o Flamengo mudou, nem Luiz Antônio conseguiram fazer o gol. Elias, Léo Moura e Marcos González conseguiram marcar bem Neymar, que pouco fez para seu último jogo com o Peixe.

E o último jogo de Neymar virou o primeiro jogo de um dos meus outros ídolos no futebol, Gabigol, que entrou no meio do segundo tempo para seu primeiro jogo profissional, com apenas 16 anos. Gabigol tinha quebrado alguns recordes de Neymar na base do Santos e era a próxima joia do futebol brasileiro, talvez mundial. Dos jogadores que eu vi estrear profissionalmente, Neymar e Gabigol estão no meu top 3, com primeiro lugar para Vinícius Jr.

No jogo, Felipe defendeu uma cobrança de falta de Neymar e Durval salvou uma bola em cima da linha depois de um chute de cobertura de Gabriel. Flamengo continuou a dominar, mas parou nas mãos do goleiro Rafael. O jogo ficou no 0x0 e está então marcado por ser o último de Neymar e o primeiro de Gabigol, dois ídolos. Sempre torci pelo sucesso dele e as decepções foram inumerosas. As Copas do Mundo para Neymar, as lesões, as polêmicas. Neymar fez uma grande carreira, mas abaixa do seu potencial. Dez anos depois, me decepcionou com a escolha de ir na Arábia Saudita, como se precisava dinheiro. Acho que era possível ir num outro clube europeu, ou até voltar no Brasil. Ele já falou que queria um dia jogar no Flamengo e, apesar das decepções, espero que essa dia vai acontecer.

Gabigol já não precisa esperar para ele um dia jogar no Flamengo. Depois de duas decepções na Europa e uma volta convincente no Santos em 2018, assinou com o Flamengo em 2019 e deu inumerosas alegrias, com gols, títulos e polêmicas contra rivais. Se inscreveu na galeria dos ídolos do Flamengo e na minha galeria particular, junto com o Neymar, junto com muitos outros. Dez anos depois do jogo em Brasília, Gabigol também decepcionou com uma temporada muito abaixa das esperanças. Até hoje, fez apenas 5 gols no Brasileirão de 2023. Mas ainda torço para uma recuperação do Gabigol, como torço para a do Neymar que conheceu a lesão mais grave da carreira, ainda defendo a renovação do contrato do Gabigol, ainda acho que ele pode trazer muitas alegrias a Nação. Afinal, Neymar e Gabigol, um dia santistas, um dia flamenguistas, são meus ídolos.

Deixe um comentário

O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”