Jogos eternos #112: Paraná 0x1 Flamengo 2005

A temporada 2023 de Flamengo acabou e foi a pior dos anos recentes: 7 competições e nenhum título. Mas Flamengo conheceu anos até piores, longe de brigar pelos títulos, até brigando pela permanência na Série A. E o ano de 2023 foi ainda mais difícil para outros times, como Santos, que caiu pela primeira vez de sua história na Série B. Assim, além do Cuiabá, fica só dois times que nunca conheceram a vergonha de ser rebaixado, São Paulo e nosso Flamengo. Para Flamengo, a vergonha quase aconteceu algumas vezes, talvez passamos do mais perto em 2005.

O ano de 2005 já foi um time histórico no Francêsguista, vamos então diretamente para a 40a e antepenúltima rodada do Brasileirão. Com a chegada de Joel Santana como técnico, Flamengo respirava melhor e saiu da zona de rebaixamento. Mas ainda não estava livre do risco na hora de chegar em Curitiba, onde não tinha vencido desde 1998, seja contra o Athletico Paranaense, seja contra o Coritiba, um dos concorrentes para a permanência, seja contra o Paraná Clube, o adversário do dia. Nos últimos 15 jogos do Flamengo em Curitiba, foram um empate, 14 derrotas e nenhuma vitória! E Flamengo precisava desesperadamente de uma vitória.

No 20 de novembro de 2005, o Papai Joel escalou Flamengo assim: Diego; Léo Moura, Renato Silva, Fernando, André Santos; Jônatas, Renato Abreu, Fellype Gabriel, Diego Souza; Ramírez, Júnior. No Pinheirão, Flamengo começou botando pressão, Renato cruzou para Diego Souza, que bateu no travessão. Três minutos depois, novo cruzamento de Renato, para Fellype Gabriel, que fez um gol com a mão mais obvio do que Maradona em 1986. O juiz corretamente anulou o gol, amarelou Fellype Gabriel. Ainda pressão em cima do Flamengo, ainda mais quando Borges, que jogou muito depois em São Paulo, Santos e Cruzeiro, quase fez um gol para Paraná, mas Diego fez grande defesa.

Flamengo voltou a ter controle do jogo, Renato cruzou diretamente no travessão, e num outro cruzamento alto, agora de Léo Moura, o próprio Renato cabeceou, fora do gol. Flamengo tinha seus ídolos em 2005, mas estava sob risco de rebaixamento. No intervalo, ainda 0x0, Fla ainda perto do Z-4. No segundo tempo, o paraguaio Ramírez, que tinha feito dois gols no jogo anterior, também importantíssimo, contra Fortaleza, chutou, sem achar as redes. E Renato Abreu, ainda ele, chutou com força uma falta, a barreira desviou a bola, que pegou o caminho do gol, o goleiro Flávio desviou a bola, que chegou na trave. Ainda 0x0, ainda pressão no Pinheirão.

Na hora do jogo, Fellype Gabriel deu drible de vaca na grande área, chutou com força, a bola flirtou com a trave, mas do lado errado. Ainda 0x0, o gol parecia fugir do Flamengo. E Flamengo precisava fugir do rebaixamento. E o ainda não ídolo Obina entrou no jogo, no lugar de Ramírez. Obina tinha feito apenas um gol nos últimos 15 jogos e desperdiçou uma boa oportunidade num lance de Léo Moura. O gol também parecia fugir dos pés de Obina, alvo dos protestos da torcida.

Mas no minuto 47 do segundo tempo, Obina recebeu a bola na esquerda, um lance visto tantas vezes pelos rubro-negros. Obina fez um drible curto para abrir o espaço, chutou cruzado, balançou as redes, virou ídolo para a eternidade. Flamengo estava quase livre do rebaixamento, precisando agora de um ponto nos dois últimos jogos para tornar a permanência na Série A oficial. Eu comecei a acompanhar o futebol brasileiro em 2005, mas ainda sem saber do risco que ameaçava a grande história do Flamengo. Mas eu sei hoje que cada flamenguista que assistiu a esse jogo relembra onde estava, relembra da angustia e da agonia durante o jogo, e relembra do livramento e do grito de alegria no fim. Em toda sua história, Flamengo nos deu muitas alegrias e tristezas, esperanças e decepções, títulos e vexames, só não deu a maior vergonha para um gigante, ser rebaixado. Flamengo, você sempre foi gigante e sempre te apoiei até o final. Amor maior, não tem igual.

Uma resposta para “Jogos eternos #112: Paraná 0x1 Flamengo 2005”.

  1. Avatar de Jogos eternos #215: Flamengo 2×0 Vasco 2006 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] pouco acesso às informações sobre o clube e por exemplo não tenho lembrança do jogo contra Paraná em 2005, um jogo agora eternizado no blog. Assim, tenho uma certeza quase absoluta que foi com esse jogo que virei fã absoluto do Obina, […]

    Curtir

Deixe um comentário

O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”