Jogos eternos #113: Flamengo 7×0 Real Sociedad 1990

Para a última crônica do ano, vamos de uma goleada contra um adversário europeu, a Real Sociedad, num país onde Flamengo fez história, o Japão. Em 1990, Flamengo era órfão de Zico e começou o ano com uma decepção, ficando fora da fase final do campeonato carioca, disputada entre Fluminense, Vasco e Botafogo. Depois, jogou a Copa do Brasil, a maior glória do ano, e alguns amistosos em vários estados do Brasil e no Chile. No mês do agosto, atravessou o mundo e voltou para o Japão, onde escreveu a página mais gloriosa da história do clube.

Nove anos depois do 3×0 contra Liverpool, o adversário era também europeu, a Real Sociedad, que terminou a Liga 1989/1990 num excelente quinto lugar. A competição era amistosa, a Copa Sharp, com um prêmio de 60 mil dólares. O estádio era o Tóquio Dome e o campo era sintético, coisas de japoneses. O técnico rubro-negro era Jair Batista, que, no 6 de agosto de 1990, escalou Flamengo assim: Zé Carlos; Zanata, Vitor Hugo, Rogério, Nelsinho; Aílton, Júnior, Zinho, Bobô; Renato Gaúcho, Gaúcho.

E no Japão, na frente de 56 mil espectadores, Flamengo de novo fez história. De novo, jogou bonito. Com 19 minutos, uma triangulação no meio de campo, e Bobô, um autentico craque, pena que não vingou no Flamengo, abriu na direita para Renato Gaúcho, também craque. O cruzamento foi rasteiro e preciso, e o saudoso Gaúcho concluiu a jogada coletiva com tranquilidade. No final do primeiro tempo, mais um golaço coletivo, com Zinho para Renato Gaúcho, que completou a tabelinha com um toque de calcanhar que só os gênios conseguem fazer. Zinho esperou a saída do goleira para achar de novo Renato Gaúcho, que chutou com força no gol vazio. No intervalo, dois gols a mais para o Flamengo, que ia continuar a brilhar no segundo tempo.

Com apenas dois minutos no segundo tempo, Gaúcho aproveitou da apatia da defesa espanhola para fazer o segundo dele do dia. Dez minutos depois, mais uma vez Gaúcho mais rápido do que a zaga da Sociedad, e mais uma vez Renato Gaúcho recebeu a bola sem goleiro para o gol fácil. Em seguida, Bobô, camisa 10 de Zico nas costas, driblou o goleiro e fez o quinto gol do dia. Mesmo sem Zico, Flamengo ainda era um timaço, capaz de golear até os europeus. Também porque, no papel e no campo, Flamengo era muito mais time do que a Real Sociedad.

Na metade do segundo tempo, mais um erro da zaga espanhola, e mais uma vez Gaúcho não perdoou, com um chute preciso para completar o hat-trick. Gaúcho podia ceder seu lugar para Bujica, que fez o último gol do dia, um golaço com um chute poderoso diretamente na gaveta. No final, uma goleada 7×0, um show do Flamengo que maravilhou mais uma vez os torcedores do Japão, e até o juiz, que pediu autógrafos para os jogadores rubro-negros no fim do jogo. Nove anos depois de botar os ingleses na roda já em Tóquio, Flamengo talvez não era mais o melhor time do mundo, mas ainda era capaz de humilhar quaisquer europeus.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”