Na geral #19: Ganhar Fla-Flu é especial

A torcida do Fluminense gosta de dizer que “ganhar Fla-Flu é normal”. Acho um absurdo. Primo, porque Fluminense está atrás do Flamengo no retrospecto geral do Fla-Flu. Está atrás até do empate. No Fla-Flu, a vitória do Fluminense é a coisa menos evidente. Segundo, porque ganhar Fla-Flu nunca é normal, ganhar Fla-Flu sempre é especial.

Foi mais uma vez o caso ontem. O Flamengo não sabe o que é tomar um gol faz oito jogos, passou um mês inteiro sem tomar gol. Rossi está à 695 minutos sem ter o gol vazado, ultrapassando a performance de Diego Alves em 2018, mas ainda à boa distância do recordista absoluto do Flamengo, Cantarele, que ficou 959 minutos sem sofrer gols entre 1978 e 1979. Flamengo tomou apenas um gol no campeonato carioca, no empate 1×1 contra Nova Iguaçu quando jogou com os garotos. Vira agora até pena de ter jogado nos Estados Unidos com o time principal ao mesmo tempo e não privilegiar o início do campeonato carioca.

O Tite sempre começa a armação de seus times com a defesa. E a defesa rubro-negra, que deixou a desejar em 2023, está mais do que eficaz em 2024. Ainda sinto a falta de um lateral-direito, mas a defesa raramente está em dificuldade. E o Flamengo de Tite já é muito mais que uma defesa imbatível. O meio de campo com Erick Pulgar, De La Cruz e Arrascaeta tem tudo para ficar na história. Com apenas 3 jogadores, tem todas as qualidades que o meio de campo exige, sem esquecer Gerson, no momento lesionado. Tem futebol para jogar bonito e também para ganhar quando o jogo está feio.

O Everton Cebolinha é um outro jogador quando está nas mãos de Tite e fez mais um grande jogo ontem. Luiz Araújo apareceu um pouco menos, mas tem futebol também. E o Pedro manteve a fama de artilheiro e a fome de gols. As vaias do Maracanã no último jogo foram um absurdo quase tão enorme que dizer que ganhar Fla-Flu é normal. E Pedro respondeu no campo, abrindo o placar contra Fluminense. Bem posicionado na segunda trave, colocou a bola nas redes e depois na barriga, para comemorar o anúncio da paternidade. Merecia um segundo gol, já que Pedro vai ser pai de gêmeos.

Pedro não fez o segundo gol, mantendo uma media de um gol por jogo, com agora 9 gols em 9 jogos. Mas participou do segundo gol, alias um golaço, que vale a pena repetir desde a cobrança de falta de Fabrício Bruno para De La Cruz, que com dribles e passe, quebrou o meio de campo tricolor e a esperança dos torcedores. De La Cruz para Arrascaeta, de letra para Pedro, também de letra para Everton, que chutou forte. A jogadaça merecia ser finalizada no ângulo, mas o que vale é o gol. Fábio desviou, apenas desviou, e a torcida rubro-negra comemorou.

Flamengo vencia o Fla-Flu, ficava invicto, sem tomar gol, e é (quase) campeão da Taça Guanabara. Para ser campeão, Fluminense precisa, além da derrota do Flamengo, ganhar seu jogo e reverter um saldo de 11 gols. Isso é a diferença agora entre Flamengo e os demais. Flamengo já está de olho para as semifinais e ainda pode conquistar mais um título invicto.

Fecho essa crônica, por coincidência a 200a do blog, com meu querido consulado Fla Paris. Espero um grande ano 2024 para meu blog, a Fla Paris e o Flamengo. Depois de perder o último jogo por causa de viagem, foi para mim o primeiro jogo do ano com o consulado. Ontem, a casa de (quase) sempre, o Fleurus, abriu só para nos receber. Tinha umas 30 pessoas, a galera de sempre, Cidel, Danilo, Thiago, Bruno, Sammy, Naldo, teve até a volta de Kevin e Sheyla, que eu não tinha visto desde o Brasil, teve a presença de Michel e Rafael, com quem eu só tinha jogado uma pelada antes. Tinha Marcio, um guia no RJ, que espero ver quando voltarei lá. A saudade de Rio é grande, mas um pouco menos forte com o consulado. Tinha também uma tricolor gentilmente zoada, uma santista com quem gostei de conversar, um francês que começa a se apaixonar pelo Flamengo. Teve cervejas, risadas, shots e cereja do bolo, vitória do Flamengo. O Fla-Flu sempre é especial.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”