Jogos eternos #135: Flamengo 4×1 Santos 1984

A estreia de Flamengo na Copa Libertadores se aproxima e vamos então para o jogo eterno de hoje de uma estreia na Libertadores. Tinha várias opções, contra a Universidad Católica em 2010, contra San Lorenzo em 2017 ou até jogos mais recentes, mas finalmente decidi de voltar 40 anos atrás, com um jogo contra Santos, até porque ainda não tinha escrito sobre um jogo de 1984.

Em 1984, Flamengo fazia sua quarta Copa Libertadores consecutiva e já era um gigante do continente. Na época, a fase inicial da Libertadores tinha grupos de 4 times, com 2 times de 2 países diferentes. Assim, os dois finalistas do Brasileirão sempre se reencontravam na Copa Libertadores alguns meses depois. Foi o caso em 1984 com um novo Flamengo x Santos, depois do 3×0 na final do Brasileirão, um jogo ainda não eternizado no Francêsguista.

Na época, Flamengo aprendia a viver sem Zico, vendido pelo presidente Antônio Augusto Dunshee de Abranches, que renunciou logo depois. No 11 de fevereiro de 1984, o técnico Cláudio Garcia escalou Flamengo assim: Fillol; Leandro, Figueiredo, Mozer, Júnior; Andrade, Adílio, Tita; Lúcio, João Paulo, Nunes. Detalhe, os dois únicos jogadores estrangeiros em campo eram os goleiros, o argentino Fillol para Flamengo e, do lado de Santos, o também lendário uruguaio Rodolfo Rodríguez. Santos tinha outros craques ou jogadores consagrados: Pita, Paulo Isidoro e Serginho Chulapa. Um jogaço antes do apito inicial.

Nos anos 1980, a Copa Libertadores tinha prestígio, mas nada comparável ao de hoje e num sábado de fevereiro de 1984, o Maracanã tinha um público de 37.682 pagantes, com geral em bom número, sem ser lotada como podia ser na época. Em comparação, o Flamengo x Santos da final do Brasileirão alguns meses antes conquistou 155.253 pagantes, um recorde para um jogo do Brasileirão.

Na Libertadores de 1984, Flamengo estreou bem, com um gol aos 33 minutos. A falta de Tita foi desviada pela barreira – afinal Flamengo estava sem Zico, mas a bola seguiu viva depois de duas cabeçadas, de um flamenguista, de um santista, bem alto no ar, Mozer pegou de primeira, de voleio, e abriu o placar. Já no segundo tempo, o zagueirão Mozer conseguiu o doblete, sem a ajuda de ninguém. Recuperou a bola no campo de Santos, acelerou na esquerda, fixou um defensor e abriu o espaço com uma finta e um drible seco. Em seguida, literalmente fuzilou o pobre Rodríguez para fazer o gol. O chute não foi tão bem colocado, mas foi tão potente, tão poderoso, que deixou o goleiro uruguaio sem chance de defender.

Mozer já tinha feito o trabalho dele e com uma hora de jogo, Cláudio Garcia o trocou para a entrada em campo de Marinho. Outra mudança, João Paulo cedeu seu lugar ao Lico. Com 27 minutos no segundo tempo, Santos descontou com uma cabeçada do quase homônimo, Lino, num escanteio. Mas Lico era mais craque que Lino e no minuto seguinte do gol santista, Flamengo já voltou com 2 gols de vantagem. Júnior procurou na esquerda Tita, que cruzou muito alto. O domínio de Lico foi de craque, a finta, a categoria com drible de calcanhar para passar entre três defensores foi de craque, a finalização também, Lico era craque, Flamengo 3×1 Santos.

Dez minutos depois, de novo a tripla Júnior – Tita – Lico, agora em outra ordem. Passe na esquerda de Júnior para Lico, que fez um drible e para evitar a saída da bola, cruzou diretamente, cruzou alto, cruzou na cabeça de Tita, que fez o gol do 4×1. A camisa 10 do Flamengo estava órfã de Zico, mas Tita, outro ídolo no Francêsguista, foi um dos maiores sucessores possíveis, capaz de fazer uma tarefa impossível de fazer, honrar a camisa 10 do Flamengo. Com goleada na estreia da Liberta e geral feliz, Flamengo podia sonhar da conquista de uma outra Copa Libertadores.

Uma resposta para “Jogos eternos #135: Flamengo 4×1 Santos 1984”.

  1. Avatar de Jogos eternos #156: Flamengo 4×1 América de Cali 1984 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] começou muito bem a Copa Libertadores de 1984 com um jogo já eternizado aqui, uma vitória 4×1 contra Santos na estreia, depois um empate contra o mesmo América de Cali na Colomba, e duas outras vitórias, […]

    Curtir

Deixe um comentário

O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”