Hoje Flamengo joga no Chile, na Copa Libertadores, contra Palestino. Escrevi no jogo de ida sobre o jogo de Copa Sudamericana em 2017, com goleada na Ilha do Urubu. O jogo no Chile contra o mesmo Palestino era uma possibilidade, com outra goleada e golaços, mas finalmente vou de um jogo mais antigo, numa competição continental que foi extinta um ano depois, a Copa Mercosul de 2000, um ano histórico para o Flamengo. Uma competição dificilíssima, com apenas 20 times, alguns grandes, muitos gigantes, com formato simples e também dificilíssimo, onde nem o segundo lugar do grupo garantia a classificação no mata-mata.
Um ano antes, na campanha que viu Flamengo ser campeão, o Mengão foi sortudo contra times chilenos, vitória 4×0 contra Colo-Colo em Santiago, goleada 7×0 contra Universidad de Chile no Maracanã, dois jogos eternos no Francêsguista. E no final, Flamengo campeão, depois de outro jogo eterno, no blog e na história do Mengo. Um ano depois, o Universidad de Chile tinha a possibilidade de uma vingança em casa, no estádio Nacional. Flamengo, derrotado em casa no primeiro jogo contra River Plate, outro gigante, precisava de uma reação, não podia perder, era quase obrigado a vencer.
E Flamengo já andava sem Romário, que fechou em 2000 a volta no arquirrival Vasco. Mas Flamengo, ambicioso com a ISL, contratou caro para o segundo semestre de 2000, com Gamarra, um ídolo no Francêsguista e Denílson, que eu já adorava desde 1998 quando o vi jogar na Copa do Mundo. E Flamengo chegou ao terceiro reforço, que eu não conhecia, mas que era muito conhecido dos brasileiros, um craque, não tanto que Romário claro mas um craque, irreverente, não tanto que Romário talvez mas irreverente, polêmico, às vezes genial, às vezes só complicado, Edílson. A estreia, a derrota já mencionada contra River, com gol de Pet, nenhum gol de Edílson. Depois, dois jogos na Espanha, contra o Atlético de Madrid e o Betis, ambos com gols de Edílson. E na estreia no Brasileirão, uma vitória contra o Atlético Mineiro, com gols de Petkovic e Edílson, uma dupla de craques, com muitos pontos fortes e alguns fracos.
E no quinto jogo de Edílson com o Manto Sagrado, o jogo contra o Universidad de Chile, lá no Nacional de Chile. No 6 de setembro de 2000, o técnico Carlinhos, outro ídolo aqui – um dia deveria contar quantos jogos dirigidos pelo Violino já eternizei no blog, escalou Flamengo assim: Júlio César; Maurinho, Fabão, Fernando, Leonardo Inácio; Leandro Ávila, Rocha, Petkovic; Denílson, Edílson, Adriano. O potencial ofensivo do time era realmente absurdo, com craques em todos os cantos.
Com apenas 6 minutos de jogo, já um perigo no gol chileno, com falta de Petkovic, defesa do goleiro Vargas, escanteio, cobrado pelo Petkovic claro. Edílson cortou na primeira trave e como o craque que ele era, tocou de calcanhar, diretamente no gol para abrir o placar, e foi em direção do Pet para o abraço. Uma dupla que, bem, não tinha tudo para der certo, mas podia fazer sonhar os flamenguistas. Ainda nos 10 minutos iniciais, outro escanteio, agora do lado direito, agora cobrado pelo Denílson, agora com joelhada de Fabão. O destino foi o mesmo, bola na rede chilena e alegria contida do Violino Carlinhos. Um time para sonhar, um futebol para se maravilhar.
O Universidad de Chile reagiu, passou a dominar o jogo. Mas se Flamengo tinha muitos craques no setor ofensivo, tinha também um como goleiro, ainda em formação Júlio César. O craque da casa fez 4 defesas importantes, algumas milagrosas, e Flamengo chegou ao intervalo com vantagem de 2 gols.
Como foi o caso no primeiro tempo, Flamengo começou muito bem o segundo tempo, com bola longa de Maurinho, entre Petkovic e Edílson. O novato fez domínio de craque, três fintas de chute, a dança de Edílson só não foi mais bonita que a do goleiro Vargas, sem apoio no chão, lutando para não cair. Petkovic que já esperava o passe antes da dancinha do Capetinha, ainda esperava, agora quase parado, a bola para fazer o gol, mas Edílson, com a fama e a fome do artilheiro, fez o gol sozinho. No abraço para a comemoração, vieram Adriano e Denilson, mas nada de Petkovic, como um anúncio da futura briga de egos entre os dois craques.
Logo depois, Edilson quase completou o hat-trick com uma falta. Bem antes do Ronaldinho, Edílson fez bruxaria, chutando em baixo da barreira, mas a bola foi morrer na trave. O quarto gol quase saiu do pés de Adriano. No meio de campo, o craque de 18 anos recebeu de Denílson, dominou de calcanhar, acelerou, cortou no meio, chutou, mas a bola foi bem no centro do gol, sem perigo para o pobre goleiro Vargas, que enfim conseguia uma defesa. Sem tempo para aproveitar, no meio do segundo tempo, Leonardo Inácio chegou na esquerda e cruzou. Edílson mostrava que era um craque diferenciado, capaz de fazer a diferença com apenas um toque, às vezes até menos de um toque. Outra dancinha do Capetinha, uma corta-luz sensacional, Edílson, sem tocar na bola, deixou passar para Denílson, que de primeira mandou a bola nas redes pela quarta vez da noite.
Flamengo tinha um potencial absurdo no ataque, e um outro craque no gol. Júlio César defendeu um pênalti de Cristián Mora, preservou a meta flamenguista, a alegria total da torcida. No final, uma vitória fácil no Chile, mas o fim da temporada foi infeliz, com eliminação nas quartas contra River Plate, título do arquirrival Vasco com show de Romário, briga de egos entre Pet e Edílson e no final, falência da ISL e alegria frustrada da Nação, que viveria anos muitos difíceis.








Deixe um comentário