Jogos eternos #158: Flamengo 1×0 Bayer Leverkusen 1988

O Bayer Leverkusen foi indiscutivelmente um dos grandes destaques da temporada europeia este ano. Ainda sem jogo do Mengo hoje, vamos então para um duelo entre Flamengo e o Bayer Leverkusen, na chamada Copa Kirin. A competição nasceu em 1978 e é chamada assim porque é patrocinada pela Kirin, empresa de cerveja japonesa. Desde 1992, apenas seleções nacionais podem participar, mas antes os clubes podiam jogar e vários clubes brasileiros já foram campeões, Palmeiras em 1978, Internacional em 1984, Santos em 1985, Fluminense em 1987.

Flamengo participou pela primeira, e única, vez em 1988, e estreou contra a seleção japonesa, que ao contrário, sempre é um dos 3 ou 4 participantes do torneio. Flamengo voltava ao estádio onde fez tanta história em 1981, o Estadio nacional de Tóquio, onde botou os ingleses na roda, conquistando o Mundial com um 3×0 contra Liverpool. Para a Copa Kirin, Flamengo jogava ao mesmo tempo o campeonato carioca e escalou no Japão os reservas além de Cantarele, Leandro, Edinho e Zico, provavelmente por contrato. E Flamengo estreou bem, vencendo 3×1 o Japão, com participação de Zico em todos os gols. Depois, empatou contra o Bayer Leverkusen e a seleção da China, classificando-se para a final.

O Bayer Leverkusen foi chamado de “Neverkusen” por nunca ganhar títulos. Um mês antes do jogo contra Flamengo, conquistou seu primeiro título, nacional ou internacional, com a Copa UEFA, a antiga Europa League. No time, tinha um ídolo do Flamengo, Tita, que acabou não jogando a final da Copa Kirin. O Bayer tinha a vantagem do empate, mas Flamengo tinha a vantagem do Zico. No 7 de junho de 1988, o técnico João Carlos escalou Flamengo assim: Cantarele; Valmir, Leandro, Gonçalves, Paulo César; Delacir, Gerson Zico; Marcio, Gilmar Popoca, Paloma. Zico participou de apenas 25 dos 79 jogos do Flamengo em 1988 e ainda sofria com o joelho. Foi de novo o caso contra o Bayer, quando ficou minutos no chão depois de driblar dois jogadores e levar pancada.

Com hora de jogo, ainda no 0x0, Gilmar Popoca driblou na esquerda e voltou no centro com passe para Gerson, que deixou para Zico. Com o olhar e a habilidade do craque e gênio, Zico deixou de um toque só, da parte exterior do pé, para Gilmar Popoca em condição ideal de fazer o gol. Gilmar chutou, o goleiro alemão desviou na trave, a bola ainda viva, Marcio cruzou, a defesa saiu mal, a bola ainda viva, e Zico, num reflexo, pulou, cabeceou, fez o gol. “Uma jogada de Zico: o descortino com que a concebia e a reflexão com que a executava! Por isso, pode-se dizer que seu futebol era, simultaneamente, um futebol de reflexos e de reflexão” escreveu uma vez Fernando Calazans. Esse gol contra o Bayer ilustra maravilhosamente o pensamento de Calazans.

Zico fez o único gol do jogo, fez o gol do título e levantou a taça num estádio que já tinha o eternizado 7 anos antes. Depois, continuou sua história no Japão, ajudando a desenvolver o futebol no país, o que faz até hoje. E até hoje, Zico é nosso maior ídolo, com a lembrança de gols e títulos, muitos conhecidos ou um pouco menos.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”