Flamengo joga hoje contra o Juventude no Alfredo Jaconi, onde tem um retrospecto ruim. Dos 15 jogos, ganhou apenas em 1995, um jogo já eterno no Francêsguista, e em 1997, um jogo meio ruim, vencido 1×0 com gol contra. A última crônica foi também de 1997, com vitória no Fla-Flu e depois da vitória de domingo no Fla-Flu com gol de Pedro, fico com o Fla-Flu, fico com Flamengo na liderança, fico com Fluminense na lanterna.
Já falei na última crônica que espero ver Fluminense cair na segunda divisão, como foi o caso em 1997. Futebol é assim, ver Fluminense numa situação ruim traz uma certeza de felicidade no meu coração. Em 1998, Fluminense ficou ainda pior, caindo na Série C. Essa situação nunca aconteceu antes, e não sei se vai acontecer de novo, parece surreal, como seria surreal de ser rebaixado no ano seguinte de levar a Copa Libertadores pela primeira vez de sua história. Enfim, Fluminense é assim, se recuperou um pouco, vencendo o Brasileirão de Série C em 1999, um troféu que deveria ser escondido na sala do clube. Mas não se livrou de mais uma vergonha em 2000.
Em 2000, Flamengo e Fluminense começaram a temporada com o Troféu São Sebastião do Rio de Janeiro. A primeira edição aconteceu em 1999, a última em 2000. Um torneio de apenas um jogo, mas que jogo, o Fla-Flu. Dia de jogo, 20 de janeiro, como o dia de São Sebastião, padroeiro da cidade mais maravilhosa do mundo. Um jogo ótimo para começar a temporada, e a primeira edição foi um sucesso, com mais de cem mil pessoas no Maracanã e uma vitória 5×3 do Flamengo, ainda não um jogo eternizado aqui. Era ainda o tempo da geral no Maraca, que tinha acabado de viver um ótimo torneio, o Mundial dos clubes da FIFA, com derrota do Vasco na final. O Maracanã já viu muitas coisas no início do ano de 2000.
No 20 de janeiro de 2000, o técnico Paulo César Carpegiani escalou Flamengo assim: Clemer; Pimentel, Fabão, Juan, Paulo Roberto; Leandro Ávila, Maurinho, Lê, Iranildo; Rodrigo Mendes, Reinaldo. Jogo aconteceu numa quinta-feira, com público relativamente modesto para a época, 30.998 pagantes, mais ou menos 40 mil presentes. Antes do jogo, aconteceu o inacreditável, teve uma troca de faixas entre os dois campeões. Acho linda essa tradição do futebol brasileiro, mas olha as conquistas: Flamengo campeão continental, conquistando a Copa Mercosul depois de dois jogos eternos contra Palmeiras, e Fluminense campeão nacional, conquistando a… Série C, contra os poderosos São Raimundo, Serra e Náutico. Até hoje, não entendo como Fluminense aceitou passar uma vergonha assim, exibir tal conquista, esquecendo de se esconder. E minha hilaridade se vê no rosto de Leandro Machado, morrendo de rir ao oferecer a faixa do verdadeiro campeão, receber a faixa do campeão vergonhoso. O Fla-Flu estava ganho já antes do apito inicial.
E no jogo, a superioridade do Flamengo se confirmou. Jogando com uma camisa toda preta que virou polêmica, Flamengo dominou, sem conseguir fazer o gol no primeiro tempo. No intervalo, muitas substituições, inclusive a entrada de Lúcio no lugar de Paulo Roberto. E no início do segundo, um tapa de qualidade de Iranildo, na profundidade para Reinaldo, com tempo para ajustar o passe na grande área, para Lúcio, com bola no fundo das redes. Clemer ainda defendeu um pênalti, preservou a vitória, conquistou a taça, recebeu a faixa. O Jogo das Faixas está eternizado na história do Fla-Flu, não pelo jogo em si, mas pelo pré-jogo, quando Fluminense passou por mais uma vergonha. Assim, que Lúcio me perdoa, mas prefiro deixar aqui o vídeo não do jogo, mas das trocas, mais uma vez com um largo sorriso no rosto.








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