A seleção brasileira joga hoje contra o Paraguai, eu vou então escolher um jogo do Flamengo contra um time paraguaio. Pouco tempo atrás, escrevi sobre um jogo contra Cerro Porteño na Libertadores 1981 para homenagear Silvio Luiz. Eu vou então hoje para o jogo de volta, no histórico estádio do Paraguai, o Defensores del Chaco. O ano de 1981 do Flamengo muitas vezes rima com Zico, e foi mais uma vez o caso nesse jogo.
Durante a temporada, o técnico Dino Sani foi substituído pelo Paulo César Carpegiani, que no 11 de agosto de 1981, escalou Flamengo assim: Raul; Leandro, Rondinelli, Mozer, Júnior; Vítor, Adílio, Zico; Tita, Baroninho, Nunes. Com apenas 7 minutos de jogo, Júnior achou no meio de campo Zico, que dominou a bola em direção da parte esquerda do campo, junto com um adversário. Um olho na bola e um olho no campo, vendo a movimentação dos companheiros, em particular o ponta-esquerda Baroninho, que com seu lugar ocupado pelo Zico, pediu a bola na profundidade. Um drible curto, seco, e já um passe perfeito de Zico, no tempo, na precisão, na potência. Baroninho também combinou força e precisão, sem chance para o goleiro, Flamengo já estava na frente.
O gol do Baroninho foi o único gol do primeiro tempo, mas já no início do segundo tempo, de novo Júnior na construção da jogada, de novo Baroninho na finalização precisa e rasteira, mas o juiz anulou o gol por um impedimento tão mal anulado que dá para colocar em dúvida a sinceridade e boa fé do bandeirinha. Mas tem um Deus do futebol no Céu, e um na Terra: Zico. Cinco minutos depois, com cruzamento de Tita vindo da direita, Nunes deixou em um toque para quem sabia ainda mais de finalização, Zico. O Galinho, com toda a sabedoria do craque, foi esperto. No meio de três defensores, fez a pequena finta, quase uma dança para abrir o espaço, fez o toque leve, de cobertura para deixar a bola fora do alcance do goleiro, para deixar a bola dentro do gol. Golaço.
E 7 minutos depois, um escanteio curto de Baroninho para Tita. Uma finta para voltar no pé direito e mais um cruzamento de Tita, ídolo do Flamengo, ídolo no Francêsguista. Zico chegou, voleiou, golaçou. O goleiro paraguaio, Roberto Fernández, pai de Gatito Fernández e que também brilhou no Brasil com a camisa do Internacional, foi até substituído. O Cerro Porteño conseguiu fazer um gol, mas era dia de Zico, mais uma vez Zico, sempre Zico.
Zico não era só maestria no passe, sangue frio na finalização, também era suor na raça. Era o craque-maestro com a humildade do operário. No meio do campo, Zico chegou limpo nos pés do adversário, ganhou a posse de bola. Claro, admiro a genialidade de Zico com a bola nos pés, qualidade comum aos grandes craques, mas também me convence muito a combatividade dele, qualidade do jogador comum, muitas vezes esquecida pelo craque. Zico não, Zico ganhou a bola, que chegou nos pés de Adílio, e Zico, com a objetividade dele, outra característica que me impressiona, já partiu em direção ao gol. O passe de Adílio para Zico foi perfeito, foi de quem se conhece de anos, de coração e de cérebro. E Zico, como sempre, perfeito na finalização, ganhava de outro goleiro, agora Higinio Gamarra, que também jogou no Brasil, também vencido pelo Zico.
Flamengo derrotava 4×2 o time paraguaio, com uma assistência e 3 gols de Zico, que completava seu 26o hat-trick com o Manto Sagrado, que fazia mais uma vez a alegria da Nação. Numa época onde só o primeiro do grupo passava na fase seguinte, Flamengo seguia vivo, ainda sonhava de conquistar a América para sua primeira participação na Copa Libertadores. Tudo isso muito graças ao maior dos maiores, o Deus do futebol, Nosso Rei Zico.








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