Flamengo volta hoje na mais linda de todas, a Copa Libertadores, nas oitavas de ida, no Maracanã. Joga de novo contra Bolívar, que deu trabalho ao Flamengo na primeira fase, principalmente na Bolívia. Vamos para o jogo eterno do dia de um jogo da Liberta no Maraca contra outro time boliviano, Blooming.
Flamengo começou a primeira fase da Copa Libertadores 1982 com 3 empates, contra Grêmio e o próprio Blooming, e uma derrota, por coincidência contra Bolívar. Precisava de uma reação e a vitória contra Blooming era obrigação. No Maracanã, foram apenas 13.658 presentes, a Libertadores atraía bem menos pessoas, principalmente nos jogos contra times mais fracos. As competições principais ainda eram o campeonato carioca e o Brasileirão, que conheceu seu desfecho um mês depois, com vitória contra Santos, recorde de público, show de Adílio e despedida de Zico, um jogo eternizado no Francêsguista na última semana.
No 22 de abril de 1983, Carlos Alberto Torres escalou Flamengo assim: Raul; Cocada, Mozer, Marinho, Júnior; Vítor, Adílio, Zico; Édson, Robertinho, Baltazar. Do lado do Blooming, um brasileiro, Fernando Revelles, que jogou no Botafogo e Olaria antes de ir na Bolívia em 1983. E jogo começou muito mal para o Flamengo. Com apenas 20 segundos de jogo, Taborga cruzou e Raul percebeu que a bola saiu do campo. Todo o time do Flamengo parou de jogar, o do Blooming não e Juan Sánchez abriu o placar. O juiz hesitou, mas validou o gol. Flamengo já estava atrás no placar e tinha que reagir.
E a reação foi rápida, violenta, goleadística. Aos 5 minutos, Júnior cobrou um escanteio do pé direito, Robertinho cabeceou e empatou. Aos 21 minutos, Mozer achou Adílio, de costas para o gol, mas já no domínio da bola, foi em direção do gol. Adílio passou entre 3 adversários e Mozer ultrapassou a função de zagueiro, chamando e recebendo a bola na esquerda para fazer um bom cruzamento. Na segunda trave, Robertinho cabeceou, Baltazar tentou roubar o gol, que finalmente foi atribuído ao Robertinho. Flamengo estava na frente no Maracanã.
No segundo tempo, de novo Mozer, para a bola alta em direção ao Zico, que perdeu a disputa no ar, mas ganhou a bola no chão. Como craque de técnica e visão em campo, Zico esperou o momento certo para fazer o passe na direita ao Robertinho, que cruzou, para Elder, que cabeceou. Era o terceiro gol do Mengo, o terceiro de cabeça. E cinco minutos depois, a obra-prima do dia, com o maior de todos, Zico, ainda discreto no jogo. A jogada começou nos pés de Zico, para Adílio, que abriu na direita para Robertinho. O ponta-direita acelerou e fez um bom cruzamento. Não era mais gol de cabeça, era gol de improvisação, de instinto, de gênio. As pernas, o corpo inteiro, obedecem ao raciocínio tão rápido do craque. Zico fez uma bicicleta imparável, fez um de seus gols mais bonitos em carreira.
Zico estava liberado e fez um passe perfeito, no timing, na potência, na precisão para Baltazar, que fez um toque para se aproximar do gol, outro para fazer o gol. Flamengo ganhava 5×1, mas era um time que não parava de atacar, mesmo com jogo já ganho, mesmo com pouca torcida no estádio, sempre queria fazer mais um gol, fazer a alegria do geraldino. De novo Robertinho, agora na esquerda, com um drible e um cruzamento no chão. Zico chegou, antecipou a saída do goleiro e o tirou da jogada com um simples toque. Só tinha a empurrar a bola na rede vazia para fazer mais um gol, o sexto do Flamengo, o segundo de Zico.
No final do jogo, Baltazar foi lançado na profundidade e quase repetiu seu gol, mas foi atrapalhado pela defesa boliviana. O juiz marcou o pênalti justo e Zico soltou a bomba, em baixo do travessão, com o som tão doce e violento da meta batida. Flamengo goleava Blooming 7×1 com 2 gols e 2 assistências de Robertinho, com 3 gols de Zico, incluindo uma bicicleta eterna.








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