Jogos eternos #187: Flamengo 4×0 São Bento 1979

Flamengo joga hoje contra o Red Bull Bragantino. Na história do Brasileirão, foram apenas 4 vitórias em casa contra Bragantino e dois jogos já eternizados aqui, uma vitória na estreia do Brasileirão 1995, gols de Edmundo e Romário, e uma goleada 4×1 em 2022, jogo que assisti ao Maracanã. Para o jogo eterno de dia, eu vou trocar de adversário, mas fico com um time do interior paulista, o São Bento de Sorocaba.

O ano é 1979, um ano histórico no Francêsguista. Um ano histórico para Zico, mais artilheiro que nunca antes. Apenas em 1979, foram dois jogos com 6 gols para Zico, contra Goytacaz e Niterói. Foram dois jogos eternos aqui também, um 4×0 contra o America no campeonato carioca, com 2 gols de falta de Deus em 2 minutos, e um 5×1 contra o Atlético Mineiro, quando Nosso Rei cedeu a eterna camisa 10 para outro Rei, Pelé.

O Brasileirão de 1979 se jogou com muitos times, até um recorde, com participação de 94 times! Mas o campeonato foi curto para o Flamengo, que estreou na segunda fase, já no mês de novembro. Flamengo liderou seu grupo, sendo invicto, e se classificou para a terceira fase, contra três times paulistas, Palmeiras, Comercial e São Bento. Tinha um porém antes do início da terceira fase: Zico tinha feito apenas 1 gol em 5 jogos do Brasileirão. Não fez gol nos últimos 4 jogos antes da terceira fase, uma anomalia para quem tinha feito 77 gols em 67 jogos até aqui durante a temporada!

Assim, no 2 de dezembro de 1979, o saudoso Cláudio Coutinho escalou Flamengo assim: Cantarele; Toninho Baiano, Manguito, Dequinha, Júnior; Andrade, Adílio, Zico; Reinaldo, Cláudio Adão, Carlos Henrique. Tinha apenas 3 jogos a fazer no turno e apenas o primeiro do grupo se classificava para as semifinais. Assim, não tinha margem para erro, a vitória era obrigatória.

No Maracanã, com 31.024 pagantes, Flamengo fez rapidamente o gol, um gol que tinha a cara e a alma do Flamengo 1978-1983. No círculo central, o lateral-direito Toninho Baiano abriu para o lateral-esquerdo Júnior, que matou de peito e fez o passe atrás para Adílio, em um toque para Zico na grande área. Nosso Rei, já nessa altura artilheiro máximo da história do clube, ainda não tinha reencontrado a forma do artilheiro e não chutou bem, chutou de três dedos no meio do gol. Porém, o goleiro apenas defendeu de forma parcial, Cláudio Adão chegou e abriu o placar.

Para reencontrar a confiança, nada melhor que uma falta. Bem no centro, com 25 metros de distância. Fazia tempo que Zico não tinha feito um gol de falta. Mas a geral voltou a conhecer sua maior alegria, Zico chutou perfeitamente, bola passou em cima da barreira, caiu no canto do gol, o goleiro apenas olhou. Zico fez o gol de falta, comemorou a la Pelé, pequeno salto e punho no ar. Gol de Flamengo, gol de Zico.

Zico voltava a forma de artilheiro e não perdia a fama de camisa 10, do maestro que faz jogar o time inteiro. No final do jogo, uma tabelinha entre Reinaldo e Zico perfeitamente executada, Reinaldo chegou na grande área, driblou o goleiro, fez o terceiro gol. E no finalzinho, Zico voltou com fome de gols. Uma falta para Flamengo perto da área, conhece o fim, mas não o início, surpreendentemente não foi Zico que bateu, mas Reinaldo. E Zico, na bola parada ou na bola rolando, não desistia da jogada, do gol. Reinaldo chutou, o goleiro falhou, Zico chegou, cabeceou, fez o gol 79 do ano 1979.

Flamengo goleava São Bento com participação de Zico nos 4 gols. Zico ainda fez gol nos dois jogos seguintes, os últimos, já que Flamengo foi eliminado contra Palmeiras com derrota dura no Maraca. Mas Zico tinha reencontrado o caminho do gol, e Flamengo podia sonhar mais para a década de 1980.

Deixe um comentário

O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”