Ontem, o Adriano Imperador, Imperatore para os italianos, anunciou seu jogo de despedida no Maracanã entre os dois clubes com quem brilhou mais, nosso Flamengo e a Inter de Milão. Antes de homenagear mais nosso Didico, vamos voltar ao primeiro Flamengo x Inter de Milão da história, no San Siro, em 1983.
A competição de 1983 que reuniu Flamengo e a Inter de Milão foi amistosa, mas muito importante, e tinha como participantes só gigantes, (quase) só campeões mundiais: Flamengo, Peñarol, Milan, Internazionale e Juventus. A Copa Intercontinental, que na época valia Mundial, sem dúvida e nem pergunta, mudou de formato em 1980, com um jogo único no Japão. Não convenceu muito os italianos e o canal de televisão Canale 5 criou a Coppa Supermondiale Clubs, também chamada de Mundialito. Não se trata de um Mundial de clubes, que só existiu entre 1960 e 2004 como Copa Intercontinental e permanece desde 2005, com primeiro experimento em 2000, como Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Porém, foi um torneio muito prestigioso, como existia nos anos 1950 e 1960, no final da temporada da Europa, com grandes times, seja da Europa, seja da América do Sul. A Inter de Milão levou a primeira edição, em 1981.
Em 1983, o Mundialito voltou na Itália, com a participação dos três gigantes da Itália, a Internazionale, campeã mundial em 1964 e 1965, o Milan, campeão em 1969 e a Juventus, que ainda não tinha vencido o Mundial de clubes, mas era o campeão italiano 1982, ainda reforçada na temporada com dois gênios, o francês Michel Platini e o polonês Zbigniew Boniek. Do lado da América do Sul, tinha os dois últimos vencedores da Copa Libertadores, Peñarol em 1982 e nosso Flamengo em 1981.
No 29 de maio de 1983, Flamengo derrotou Santos e conquistou seu terceiro Brasileirão em 4 anos, um jogo eterno no Francêsguista. Mas a torcida não sabia, os jogadores também não, Flamengo perdia ali seu maior craque, sua referência, a alma de seu time, Zico, vendido pelo presidente Dunshee de Abranches. A notícia chegou dias depois do título contra Santos, a torcida ficou sem acreditar, demorou a entender e ainda mais a aceitar, mas Zico não era mais do Flamengo. Com o empréstimo de Tita no Grêmio, a camisa 10 órfã ficou nas costas de quem jogou muito contra Santos, o saudoso Adílio, ainda custa muito para mim de escrever “saudoso”.
Menos de um mês depois da saída traumática de Zico, Flamengo foi na Europa para o Mundialito e sua estreia marcou o início do torneio, contra a Inter de Milão. O time italiano tinha um grande time, o nome mais conhecido sendo o lateral Giuseppe Bergomi, que disputou toda sua carreira na Internazionale. Outro jogador do time que apenas defendeu a camisa nerazzurra durante toda a carreira é Giuseppe Baresi, sim, o irmão do lendário zagueiro Franco Baresi, que apenas jogou no grande rival, o Milan. No ataque, a Internazionale tinha o brasileiro Juary e ainda contava para o torneio com o reforço do holandês van der Gijp. Última prova do prestígio do torneio, 39.957 espectadores foram ver o primeiro jogo do torneio, o primeiro Internazionale x Flamengo da história.
Mesmo sem Zico, Flamengo tinha um timaço. Assim, no 24 de junho de 1983, o também saudoso Carlos Alberto Torres escalou Flamengo assim: Raul; Leandro, Marinho, Figueiredo, Júnior; Andrade, Vítor, Adílio; Robertinho, Júlio César Barbosa, Baltazar. No prestigioso San Siro, Flamengo começou mal e levou o primeiro gol aos 9 minutos de jogo. O camisa 10 da Inter de Milão, Beccalossi, abriu na profundidade para o capitão Bini, que chutou do pé direito. Raul defendeu parcialmente e o brasileiro Juary, cria do Santos, chegou para abrir o placar em favor do time italiano.
No meio do primeiro tempo, Júnior bateu o escanteio da esquerda, até a segunda trave, para a cabeçada de Leandro, que devolveu no meio e deixou vivo a jogada. Robertinho também cabeceou, oferecendo ao Flamengo o gol do empate. Já no segundo tempo, Andrade deu um bolão nas costas da defesa italiana, Baltazar chegou antes do goleiro e fez o gol da virada, o gol da vitória. Flamengo estreava no torneio de pé direito e recebeu os elogios da imprensa italiana, o Corriere dello Sport avaliando com um 7,5 o goleiro Raul e o lateral Júnior, quando o técnico Eugenio Bersellini elegia a dupla de laterais Leandro – Júnior com a maior do mundo. Com essa vitória no campo adversário contra um gigante europeu, Flamengo mostrava que, mesmo sem Zico, ainda era um time poderoso, capaz de vencer qualquer um.








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