Jogos eternos #199: Grêmio 2×4 Flamengo 2021

Eu já escrevi aqui que quando se trata do Flamengo, eu sou de um otimismo feroz. Porém hoje tenho a esperança de um desesperado. O time está atrás no Brasileirão e caiu até no 4o lugar. Na Copa Libertadores, perdeu no jogo de ida contra Peñarol, dentro do próprio Maracanã. E o Tite, logicamente muito contestado pela torcida, vai poupar 12 jogadores contra Grêmio. E mais, Gabigol, já não relacionado contra Peñarol, também não jogaria. A renovação do contrato de Gabigol é “pouco provável” para citar o Marcos Braz, o que eu entendo, e talvez Gabigol até já disputou sua última partida com Flamengo, o que acho um absurdo, ainda mais com tantos desfalques no setor ofensivo. Gabigol segue como ídolo para mim, de tanto que fez pelo Flamengo, de tantos jogos que decidiu.

O ano agora é 2021, mas o Brasileirão é de 2020, adiado por causa da pandemia do Covid. Já na época, Flamengo não convencia plenamente, corria atrás do líder, o Internacional. Já na época, Gabigol vivia uma relação conturbada com o técnico, Rogério Ceni, que regularmente substituía seu camisa 9. No jogo anterior ao do Grêmio, contra o Athletico Paranaense, Rogério Ceni substituiu Gabigol no meio do segundo tempo e deixou em campo Vitinho, quando o placar era 1×1. Rogério Ceni irritou a torcida, Flamengo finalmente perdeu o jogo e caiu na 3a posição, sete pontos atrás (e uma rodada a menos) do líder, uma situação bem parecida a de hoje.

No 28 de janeiro de 2021, Rogério Ceni escalou Flamengo assim: Hugo Souza; Isla, Gustavo Henrique, Willian Arão, Filipe Luís; Gerson, Diego, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol. No início do jogo, Hugo Souza defendeu um chute de Alisson, Flamengo reagiu, mas Bruno Henrique chutou para fora. Bem lançado pelo Arrascaeta, Gabigol chutou cruzado, mas faltou força e precisão, Vanderlei defendeu. Ainda não era a vez de Gabigol. Era a vez da lei do ex, Diego Souza foi na finalização de um cruzamento de Alisson e abriu o placar para Grêmio no final do primeiro tempo.

No início do segundo tempo, de novo Arrascaeta lançou bem Gabigol, que abriu o olho, abriu o pé para cruzar até a segunda trave, Éverton Ribeiro esticou a perna e empatou. Três minutos depois, de novo era a vez de Gabigol, com tabelinha para Gerson, Gabigol recebeu de volta e abriu mais uma vez o pé, agora com um chute diretamente nas redes de Vanderlei. Um golaço de Gabigol, garçom e matador, para virar o jogo. O Flamengo tinha uma quarteto mágico, Bruno Henrique acelerou e tocou atrás para Éverton Ribeiro, que chutou para fora.

Flamengo tinha um ritmo infernal e o trio também infernal de 2019 voltou a brilhar. Bruno Henrique esperou a ultrapassagem de Gabigol na grande área para o servir, Gabigol esperou o momento certo para o toque simples e certo, para o gol fácil de Arrascaeta. Claro, Gabigol não estava sozinho nesse time, mas decidiu quase sozinho o jogo contra Grêmio, com um gol e 2 assistências em menos de 10 minutos. Gabigol decidiu muitos jogos pelo Flamengo, fez muito pelo Flamengo.

No final do jogo, Diego Souza fez um golaço de falta e deu um pouco de esperança aos torcedores gremistas, todos na televisão porque a Arena do Grêmio estava de portões fechados, ainda por causa do Covid. Gabigol foi substituído, mas essa vez só no final do jogo. No finalzinho, Vitinho fez ótimo passe para Isla, que fez o quarto gol rubro-negro do dia. Com grande atuação de Gabigol, Flamengo voltava ao segundo lugar da tabela e os torcedores voltavam a acreditar ao título, que aconteceu semanas depois. Aos desesperados, ainda podemos acreditar.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”