Flamengo joga hoje contra o Internacional no Beira-Rio, onde sempre é difícil de jogar. Teve vários tabus, entre 1971 e 1982, quando Fla venceu no Brasileirão, um jogo eterno no Francêsguista. Outro tabu entre 1982 e 1999, Fla ganhou de novo no Beira-Rio em 2002, mas entrou em mais um tabu logo depois, ficando 13 anos sem ganhar.
É hoje é a hora de homenagear um jogador pouco mencionado até aqui, Paolo Guerrero, ainda em atividade e que voltou no clube da juventude, o Alianza Lima, aos 40 anos. Eu já escrevi a crônica do ano histórico de 2015, um ano com muitas decepções, nenhum título. Mas um ano de esperança também. Depois de anos com restrições financeiras, Flamengo enfim era recompensado dos esforços de sua austeridade, com uma contratação de peso, não só para agradar a torcida mas um jogador que o clube podia pagar, Paolo Guerrero, herói do título mundial do Corinthians, artilheiro da Copa América que tinha acabado dias antes.
E a estreia do Guerrero com o Manto Sagrado foi justamente no jogo contra o Internacional no Beira-Rio. No Brasileirão de 2015, Flamengo já decepcionava, conquistando apenas um ponto nas 5 primeiras rodadas! Depois se recuperou um pouco, com 3 vitórias e 3 derrotas, mas ainda estava numa péssima 15a colocação antes do jogo contra o Internacional. Assim, para a estreia de Paolo Guerrero, no 8 de julho de 2015, o técnico Cristóvão Borges escalou Flamengo assim: César; Ayrton, Wallace, Marcelo, Jorge: Cáceres, Jonas, Canteros; Everton, Emerson Sheik, Paolo Guerrero. Um time péssimo, muito longe do time de 2019, mas assim estava o caminho.
No Beira-Rio, primeiro lance de perigo foi do Flamengo, mas no cruzamento de Emerson Sheik, nem Canteros nem Guerrero conseguiram tocar na bola. O Inter reagiu com um chute de longe de William, mas César defendeu. Do outro lado, Flamengo atacou, Jorge cruzou, bola foi desviada no ar do Beira-Rio e deixada viva pelo Canteros, que tocou de cabeça na pequena área. Paolo Guerrero chegou, tocou, brocou. De forma acrobática, “meio de sola, meio de bico”, Paolo Guerrero precisou de apenas 11 minutos para fazer um gol com o Manto Sagrado. Podia chamar os companheiros para comemorar, Cristóvão Borges podia levantar o dedo, Flamengo estava na frente, a torcida tinha uma nova esperança de títulos.
Em casa, o Internacional tomou controle do jogo, mas não conseguiu empatar. Flamengo voltou a ser perigoso, Canteros dominou bem mas chutou mal, Emerson Sheik foi bem lançado pelo Guerrero, mas goleiro Muriel saiu bem. E finalmente, a jogada do craque, a explicação do investimento, a marca do gênio. Num passe de Emerson, Paolo Guerrero dominou de costas, virou e com um passe sensacional em dois toques, abriu para Everton, que achou a gaveta de Muriel. Um golaço com selo peruano de um craque diferente.
Nos acréscimos, Everaldo aproveitou da falha da zaga rubro-negra para fazer gol, sem impedir a festa do Flamengo. Para sua estreia, Paolo Guerrero foi perfeito, vitória com um gol e uma assistência sensacional. Nos dois jogos seguintes, o peruano voltou a fazer gol, mas depois decepcionou com apenas um gol nos últimos 15 jogos, conquistando muitos mais cartões amarelos que lances decisivos. Paolo Guerrero não foi no Flamengo tudo que o craque que era e que a estreia que fez tinham prometidos, mas o Flamengo estava num novo caminho, o dos craques, das vitórias e dos lances geniais.








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