Acabam hoje minhas férias no Brasil, onde fiquei um mês, no Rio só, ou quase. E a evidência está confirmada, no Rio, Flamengo é o maior. Falei na última crônica que escolhi minhas datas de viagem com o Flamengo. Tinha o Fla-Flu, meu clássico favorito, um jogo contra Juventude, mais acessível, e a esperança de uma semifinal de Libertadores, de uma final de Copa do Brasil.
Comecei assim, com o Fla-Flu no Maraca, na minha Norte. Se Flamengo tem sua alma no Rio, o coração do Maracanã é na Norte. Fui antes do jogo no Bode cheiroso onde reencontrei meus amigos Gabriel e André. Meu maior Fla-Flu no Maracanã foi o inesquecível 3×3 na Copa Sudamericana de 2017, o pior a derrota 4×1 na final do campeonato carioca de 2023. Esse de 2024 foi menos pior, mas longe de ser bem. Uma derrota 2×0, apesar de um pênalti defendido pelo Rossi, maior emoção no jogo. Restava apenas a ir na entrada do Pavão-Pavãozinho para beber as últimas cervejas do dia.
E logo depois veio outro jogo no Maracanã, outra vez na Norte, outra vez com pré-jogo no Bode cheiroso, pós-jogo no PPG. Só que o jogo foi bem melhor, uma vitória 4×2, perdi até conta de tantos gols, tantas cervejas também. Destaque para meu ídolo Gabigol, que voltou a fazer um gol, de pênalti sim, mas um primeiro gol desde o mês de julho. Mas a volta de Gabigol aconteceu mesmo no dia da final da Copa do Brasil contra o Atlético Mineiro. Foi um jogo tão inesquecível que escrevi no dia seguinte uma crônica. Vamos então repetir aqui que o canto “O Gabigol voltou” é um de meus momentos mais incríveis e emocionantes que vivi no Maracanã.
Mas Flamengo não é só no Maracanã, é no Rio inteiro. Comprei camisas do Flamengo na loja de Copacabana, na sede da Gávea, na loja da Rocinha, nos mercados também. Assisti aos jogos fora da casa em bares, muitas vezes no bar do Play na Rocinha. Teve várias conversas sobre o Flamengo, com vários amigos e até com desconhecidos. O Flamengo aproxima as pessoas. Por isso, é o maior do Rio.
Também fui na festa das embaixadas e dos consulados onde reencontrei meu amigo Dyego, uma tarde linda apesar da chuva. E voltei na sede na Gávea para oferecer meu livro Francêsguista ao escritório dos consulados onde tinha Dudu e Pedro. Várias vezes me ajudaram e sempre responderam às minhas solicitações. Fiquei feliz de fazer isso e meu livro está agora no museu do Flamengo, vou ter que pegar outra visita ao museu numa próxima viagem. E mais, Guilherme Almeida, antigo diretor do patrimônio histórico do Flamengo, entrou em contato comigo, querendo comprar o livro para sua coleção pessoal. Foi uma honra e um orgulho. Na mala, tinha levado 5 exemplares, sobrava 3, e 2, vendi outro para um amigo de Ramon, da Fla Miami e que também é meu amigo.
E chegava o final das férias, faltava um jogo, o mais importante, o jogo de volta da final da Copa do Brasil. Durante minha temporada no RJ entre 2022 e 2023, tinha assistido a vários jogos com a Fla Atrevida, grupo de torcedores na Rocinha e fiz amizade com a presidente, Paula. Em 2024, não teve encontros da Fla Atrevida para assistir a um jogo com eles. Até o jogo de volta contra o Atlético. O local era lindo, a quadra de samba da Rocinha. Reencontrei Paula e já foi uma vitória antes do apito inicial. O jogo foi duro, estressante, emocionante e tudo que pode ser quando se trata de uma final com o Flamengo. Rossi pegou tudo, Filipe Luís, que estrela tem nosso treinador e ídolo, mexeu bem, Plata fez golaço. A Arena MRV pegou fogo, jogou água, tinha um primeiro campeão, o Flamengo. Batemos fotos com a Fla Atrevida, e teve tempo de voltar no meu apartamento na parte baixa da Rocinha para oferecer meu livro a Paula. Teve sorrisos e lágrimas, mais fotos, e recebi de presente a camisa da Fla Atrevida, que acho particularmente foda. Já era a hora da despedida, mas sei que voltaria, sei que voltaria a vibrar com o Flamengo, a ser feliz com o Flamengo, o maior do Rio.
Depois do jogo, a Rocinha era de duas cores só: o vermelho e o preto. Adoro a Rocinha e amo ainda mais quando Flamengo joga, quando Flamengo ganha, melhor, quando Flamengo ganha título. É só camisas rubro-negras no morro e tem uma energia incrível, a força de uma Nação. Me despedi dos amigos e de meus bares favoritos, o bar do Play, a pizzaria do Boiadeiro, o bar na estrada da Vila Verde. Mais cervejas, mais sorrisos e rostos felizes, mais uma vez Flamengo campeão.
No dia seguinte, o último antes da volta na França, me despedi da Gávea e entreguei para um amigo de Guilherme o último exemplar que tinha do livro Francêsguista. Só não vou voltar com mala mais leve porque comprei muitas, muitas camisas do Flamengo. E tinha falado para mim mesmo que se Flamengo ganhasse a Copa do Brasil, compraria o Manto Sagrado com personalização do herói do título. Era quase decidido desde o jogo de ida, queria mais uma vez Gabigol, depois dos Mantos que tenho dele, 2019 e 2022, dois anos históricos. Era o último Manto possível de meu ídolo Gabigol, que anunciou sua saída do Flamengo. Acho que fez bem, tanto pela escolha de sair que do momento de anunciar. Sai como campeão, como herói, como ídolo. É isso, os ídolos passam, os elencos passam, tudo passa. Menos o Manto Sagrado, menos a paixão da Nação, menos o orgulho de ser rubro-negro. Porque no Rio, o Flamengo é o maior.








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