Hoje é o aniversário de nosso maior amor, o Clube de Regatas do Flamengo, fundado como Grupo de Regatas do Flamengo no 17 de novembro de 1895, com data de aniversário no 15 de novembro para coincidir com a Proclamação da República. Flamengo jogou várias vezes no dia de seu aniversário, a primeira em 1914, já um Fla-Flu, ainda não nomeado assim, vitória 2×1 e um título, gols dos primeiros ídolos Borgerth e Riemer. Teve goleadas contra Bangu e São Cristóvão nos anos 1930-1940, com show de Jarbas, Leônidas ou ainda Zizinho, teve arrancada em 2009 e vitória contra Náutico, com gols dos ídolos Petkovic e Adriano.
Mas teve derrotas também, a mais dura em 1972, um humilhante 0x6 contra Botafogo. Flamengo se vingou 9 anos depois, outro 6×0 contra Botafogo, jogo que ainda devo eternizar aqui, no 8 de novembro de 1981. Uma semana depois, Flamengo estava de novo em campo. Era dia de aniversário, era dia de clássico, era dia de Fla-Flu. Entre os dois jogos, mais dois jogos do Flamengo, o calendário era surreal. Flamengo goleou o America e começou a conquistar a América, com jogo de ida da final da Copa Libertadores, um início perfeito no Maraca, vitória 2×1, 2 gols de Zico. E chegou finalmente o Fla-Flu. Nelson Rodrigues, que morreu um ano antes, escrevia sobre o Fla-Flu: “Eu diria, quando me perguntam, como você agora: mas quando, quando começou o Fla-Flu? Eu diria: – O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E aí então as multidões despertaram. E Mário Filho, já então, antes do Paraíso, escrevia sobre o Fla-Flu e dizia que o Fla-Flu ia ser o assombro do futebol, o milagre do futebol”.
O Fla-Flu sempre vale, talvez ainda mais no campeonato carioca 1981. Flamengo levou o primeiro turno, Vasco o segundo. Quem ia conquistar o terceiro turno levava uma vantagem considerável: precisava apenas de um empate nos dois primeiros jogos da final para ser campeão. Se perdia os dois, ainda tinha um terceiro jogo para fazer a diferença. Uma grande vantagem e a história mostrou depois que era necessário. Por isso, o Maraca era cheio para o Fla-Flu. Ou porque era Fla-Flu, com dois timaços. Ou porque era aniversário do Fla, era dia de festa. No 15 de novembro de 1981, o Paulo César Carpegiani escalou Flamengo assim: Raul; Leandro, Figueiredo, Mozer, Júnior; Andrade, Adílio, Zico; Tita, Lico, Nunes. Apesar da sequência de jogos e dos encontros decisivos a vir, Carpegiani escalou força máxima e o time deu espetáculo máximo.
O Maracanã era cheio, com 109.514 espectadores, a maioria flamenguista, a maioria em festa. Aos 20 minutos de jogo, Adílio, com seu estilo cheio de ginga e fintas, aproveitou da ultrapassagem de Leandro e cruzou para Nunes, sozinho na grande área. Nunes foi preciso, cirúrgico, letal. Cabeceou perfeitamente para abrir o placar. Golaço.
Já no início do segundo tempo, mais um golaço, tanto na construção do que na finalização. Uma jogada típica do Flamengo da Era Zico, que já tinha conquistado Rio e o Brasil, ainda faltava a América e o mundo. Tita para Zico, na frente para Lico. Em um toque, Lico para Adílio, que completou a tabela de um toque só também. A defesa tricolor perdida, só tinha o goleiro Paulo Vítor para impedir o gol, o golaço. E tinha o talento de Lico, um toque leve, uma inspiração de cobertura, um doce de bola, um beijo na rede. Golaço.
Fluminense reagiu, conseguiu o pênalti, mas Raul desviou a tentativa de Zezé na trave. Flu finalmente fez o gol, Edevaldo cobrou escanteio na segunda trave, Edinho cabeceou bem e fez o gol da esperança para Fluminense. Uma esperança de menos de 10 minutos, Andrade abriu na direita para Zico, que prolongou a bola até Nei Dias, que tinha entrado no lugar de Lico. Nei Dias cruzou, Tita chegou, cabeceou, golaçou. Flamengo 3×1 Fluminense, o Fla-Flu era rubro-negro, o dia era de festa. Feliz aniversário meu Flamengo, meu amor para você não tem começo, não tem fim, começou antes do nada, vai até o Paraíso, porque Flamengo é o próprio paraíso. Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.








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