Jogos eternos #228: Corinthians 0x2 Flamengo 2022

A camisa 10 do Flamengo tem um novo dono, nosso gringo Arrascaeta. Adoro a história que ele escreveu com a camisa 14, Arrasca era camisa 14 nas costas e camisa 10 com bola nos pés. Eu já era fã do jogador quando jogava no Cruzeiro e gostei muito da contratação dele em 2019. Ficou na reserva com Abel Braga e explodiu com Jorge Jesus, brilhou com todos os técnicos depois. Em quase 300 jogos com o Manto Sagrado, fez magia e assistências, fez vários golaços. A bicicleta contra Ceará claro, um golaço de cobertura num atuação de sonho contra Goiás com 3 gols e 2 assistências para o camisa 14-10, outro golaço para um título na Supercopa contra Palmeiras.

Em 2024, Arrascaeta elegeu para a Fla TV seu top 10 de gols com o Manto Sagrado e tinha várias possibilidades para escolher um jogo eterno: golaços na Liberta, contra San José em 2019 e Talleres em 2022, não esqueço o gol contra Vélez em 2021, golaços contra os rivais cariocas, Fluminense e Vasco em 2023, não esqueço o gol contra Botafogo em 2022, golaço na Copa do Brasil, contra o Atlético Mineiro em 2022, não esqueço o gol contra São Paulo na semifinal. Tinha muitas opções e vou para o gol que o próprio Arrasca colocou no 7o lugar, mas acho que está no meu top 3 pessoal, pela beleza plástica e importância do gol.

O ano é 2022 e a competição é a mais bela de todas, a Copa Libertadores. Flamengo vem de uma campanha quase perfeita, 5 vitórias e um empate (com um golaço de Arrasca já) na fase de grupos, uma vitória na Colômbia nas oitavas e uma goleada 7×1 na volta, outro jogo eterno no Francêsguista. O adversário nas quartas era mais forte, o Corinthians, com um jogo de ida na Arena Corinthians, onde sempre é difícil de jogar. O destino se jogava aqui.

No 2 de agosto de 2022, Dorival Júnior escalou Flamengo assim: Santos; Rodinei, David Luiz, Léo Pereira, Filipe Luís; Thiago Maia, João Gomes, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Gabigol, Pedro. Com Bruno Henrique fora da temporada, Dorival Júnior conseguiu fazer jogar juntos dois artilheiros, Pedro e Gabigol, com o apoio de dois craques camisas 10 no cérebro e nos pés, o camisa 7 Éverton Ribeiro e o camisa 14 Arrascaeta.

Na Arena Corinthians, onde o Timão não perdia desde fevereiro, sendo 21 jogos invicto, o Corinthians foi o primeiro a levar perigo com apenas 3 minutos de jogo, mas Santos defendeu bem. A maior oportunidade do Flamengo chegou aos 33 minutos, Arrascaeta ganhou uma bola nos pés de Du Queiroz, acelerou, abriu o pé e chutou de fora da área, mas Cássio defendeu bem. Ainda era um jogo de goleirões.

Dois minutos depois, Arrascaeta provocou a falta e o cartão amarelo para Cantillo com um drible no círculo central. Arrascaeta é craque em cada lugar do campo. E três minutos depois, Léo Pereira abriu longe para Arrascaeta. Craque em cada parte do corpo, Arrascaeta fez o passe de peito para João Gomes. Lance prosseguiu até Pedro, bem defendido pela zaga corintiana. Bate-bola na grande área, Arrascaeta fez a pressão, outro bate-bola, agora com Pedro. O time do Corinthians reclamou de uma mão, mas bola seguia viva, escolheu seu destino. Arrascaeta, craque no cérebro e nas pernas, nem pensou, nem raciocinou, abriu o pé e chutou. A curva é perfeita, Arrascaeta ainda colocou força, colocou bola na gaveta, sem qualquer chance para Cássio. Golaço do camisa 14 em campo, do camisa 10 em nossos corações rubro-negros.

No início do segundo tempo, a torcida do Flamengo tomou conta da Arena Corinthians e o time do Flamengo tomou conta do jogo. Na direita, Rodinei combinou com Éverton Ribeiro e ganhou o duelo contra Fausto Vera. Rodinei cruzou, Balbuena escorregou, Gabigol recebeu. Gabigol vivia um jejum de 6 jogos sem fazer gol, uma coisa inabitual para ele. Esperava o grande momento, o jogo eterno. O domínio é perfeito, Gabigol abriu o pé e chutou com efeito, colocou a bola no fundo da rede, com a ajuda da trave. Gol de nosso camisa 9, que no final da temporada receberá a camisa 10, infelizmente sem sucesso. Apesar de todas as qualidades, Gabigol não é camisa 10, na forma de jogar, na visão de jogo, na qualidade técnica. Nosso camisa 10, desde sua chegada, sempre foi Arrascaeta.

No final do jogo, Arrasca quase fez linda assistência numa cabeçada de David Luiz, mas Cássio se esticou bem. O goleiro corintiano defendeu outro chute de David Luiz e impediu uma derrota maior do Corinthians. Flamengo era o dono na Arena Corinthians, se aproximava da semifinal com gols de Arrascaeta e Gabigol. No final não importa o número nas costas, eles são nossos ídolos imortais.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”