O ano de 2025 começa, com uma nova temporada do Flamengo, cheia de esperança e sonhos. Um dos grandes desafios do ano será o Mundial de clubes da FIFA, o primeiro da história com 32 clubes. Eu gosto da nova fórmula do torneio, mais atrativa que o antigo Mundial e que pode oferecer alguns confrontos contra os gigantes da Europa.
A antiga Copa Intercontinental também mudou de formato em 1980, passou de uma ida e volta na América do Sul e na Europa a um confronto único no Japão. Os italianos não gostaram e criaram o Mundialito, com alguns campeões mundiais. Na primeira edição em 1981, a Inter de Milão ficou com o título na frente de Santos. Dois anos depois, a segunda edição do Mundialito teve a participação dos dois últimos campeões mundiais, Flamengo e Peñarol, além dos 3 gigantes da Itália: a Inter, o Milan e a Juventus.
Na estreia do torneio, Flamengo venceu de virada a Inter, já um jogo eterno no Francêsguista. Em seguida, Flamengo fez 1×1 contra o Milan de Franco Baresi, um placar feliz para o rubro-negro brasileiro, considerando a fisionomia do jogo. Dois dias depois, Flamengo estava de novo no San Siro para o único jogo do torneio entre sul-americanos. O adversário era Peñarol, que meses antes, eliminou Flamengo da Copa Libertadores 1982 em pleno Maracanã.
No 30 de junho de 1983, o técnico Carlos Alberto Torres fez algumas modificações em relação ao jogo anterior e escalou Flamengo assim: Raul; Leandro, Marinho, Mozer, Ademar; Andrade, Júnior, Adílio; Robertinho, Peu, Vinícius. Flamengo andava sem seu maior craque e ídolo, Zico, vendido um mês antes, justamente para o futebol italiano, para o desespero e a ira dos torcedores rubro-negros. Do lado do Peñarol, tinha os mesmos jogadores que eliminaram o Flamengo da Copa Libertadores de 1982, com exceção do brasileiro Jair, que tinha feito o gol da classificação uruguaia.
Peñarol precisava de uma vitória para ser campeão de forma antecipada, e não abriu do jogo violento, já visto na Copa Libertadores. Aos 15 minutos, o defensor uruguaio Walter Olivera agrediu Peu, deixando-o no chão com uma entrada criminosa. Os tifosi italianos gritaram “fuori, fuori”, mas o juiz deu apenas cartão amarelo. Vinícius também foi alvo da violência uruguaia e saiu machucado, substituído pelo Baltazar. Aos 20 minutos, o meia Saralegui fez uma mão e ofereceu uma falta perigosa para o Flamengo. O Mengão não tinha mais Zico, mas ainda tinha jogadores habilidosos. Na bola, Júnior claro, e o novo camisa 10 do Mengo, Adílio. Na cobrança, Júnior, que achou maravilhosamente a gaveta do goleiro Gustavo Fernández que, mesmo do lado certo da cobrança, não pude nem tocar na bola. Uma falta perfeita, e Flamengo na liderança.
No segundo tempo, Andrade chutou longe na frente, para Peu, para Baltazar, que fuzilou o goleiro uruguaio para o segundo gol do dia. Flamengo reinava no jogo, ganhou o respeito e a admiração do público italiano, que gritou até “Olé” a cada passe do Flamengo. Não valia uma revanche completa da Libertadores, mas já era uma grande satisfação derrotar assim o Peñarol.
Infelizmente, também não valia título. Flamengo fez o último jogo do Mundialito 2 dias depois, precisando do empate para ser campeão. O adversário era a Juventus, dos craques estrangeiros Platini e Boniek, também dos italianos que derrotaram o futebol-arte da Seleção um ano antes, como Scirea, Gentile e Cabrini na defesa, ou Tardelli e Paolo Rossi mais na frente. E se a derrota brasileira em Sarriá foi até justa, a vitória da Juventus no Mundialito foi um roubo. No primeiro gol, de falta de Platini, o juiz italiano Enzo Barbaresco marcou uma falta inexistente de Marinho sobre Paolo Rossi. Flamengo empatou com golaço de Adílio, mas sofreu outro gol no segundo tempo, com Boniek, em posição muito irregular não marcada pelo bandeirinha também italiano. No final do jogo, Furino segurou Júnior pelo braço, o pênalti era claro, mas surpreendentemente, ou agora não mais, Barbaresco não marcou pênalti.
Flamengo perdia ali a chance de conquistar o Mundialito, mas mesmo assim, brilhou na frente dos europeus, mostrou que era um dos melhores times do mundo, honrando a fama do futebol brasileiro.








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