Flamengo joga hoje contra Madureira, um adversário que foi várias vezes goleado ao longo dos anos. Eu vou para o jogo eterno do dia de uma goleada de 1997, que também foi o último ano em que Flamengo jogou na Gávea.
E o jogo contra Madureira aconteceu justamente na Gávea, o antepenúltimo do Flamengo no estádio. O Maestro Júnior tinha reestreado como técnico do time no início do ano e Flamengo começou bem o campeonato carioca com 4 vitórias, inclusive 3 goleadas 5×1, 4×1 e 5×0, e um empate. No caminho, colecionou mais uma goleada, 6×2 contra Nacional na Copa do Brasil, um jogo eterno no Frâncesguista. Para o jogo contra Madureira, no 6 de março de 1997, o técnico Júnior escalou Flamengo assim: Zé Carlos; Fábio Baiano, Júnior Baiano, Juan, Athirson; Bruno Quadros, Moacir, Lúcio, Iranildo; Sávio, Romário. Antes do jogo, destaque como sempre para Romário, que buscava o centésimo gol com o Manto Sagrado, para o dedicar para a filha, aniversariante do dia. Com 98 gols antes do início do jogo, parecia que já era para o Baixinho.
Na Gávea, foi uma tarde de sol e de uma chuva de gols em campo. Com apenas 2 minutos de jogo, Iranildo fez o passe certinho para Fábio Baiano cruzar na direita, e Romário já estava na segunda trave para fazer o gol de cabeça. O Baixinho, dúvida antes do jogo por causa de uma lesão na panturrilha, chegava ao gol 99, se aproximava do presente para a filha e para a velha arquibancada da Gávea, meia cheia com 3 mil presentes.
O resto do primeiro tempo pertence a um jogador, não Romário, mas outro craque, outro ídolo do Flamengo, o Anjo Loiro Sávio. Na cobrança de escanteio, fez a assistência para Moacir marcar de cabeça o segundo gol do dia. Com a canhota mágica, Sávio fez um golaço de falta e antes do intervalo, mais uma jogadaça, um lindo drible curto, um chute cruzado, certeiro e certinho, mais um gol de Sávio. No intervalo, Flamengo já ganhava de 4×0.
E no início do segundo tempo, mais um gol do Flamengo. Marçal se atrapalhou no campo de Madureira e entregou a bola para Romário, que não precisava mais do que isso. O Baixinho dominou de direita em direção ao gol e chutou cruzado de esquerda, no fundo das redes. Era o gol 100 do Romário, que mandava beijos na arquibancada para a filha Moniquinha, que finalmente tinha seu presente de aniversário. Logo depois, Romário quase completou o hat-trick, mas chutou na trave. E o Baixinho virou garçom, completando uma tabelinha com Júnior Baiano, que ultrapassou a função e confirmou a fama de zagueiro-artilheiro com um chute cruzado para fazer o sexto gol do Flamengo.
Era um dia lindo de gols, Lúcio completou a goleada com um golaço de cobertura. Mas além da goleada, além de ser um dos últimos jogos na Gávea, jogo ficou marcado por uma briga entre Romário e Cafezinho. No sétimo gol, o time do Madureira reclamou de um impedimento não marcado, coisa ficou feia, muitos palavrões, confusão, a polícia até invadiu o campo, o que não impediu uma briga generalizada. Romário e Cafezinho trocaram pontapés, Romário mostrando até nisso boa técnica, Cafezinho caindo no chão, Júnior entrando em campo para acertar um soco no Cafezinho. Jogo ficou interrompido 10 minutos e incrivelmente ninguém foi expulso. Uma semana depois, Romário e Júnior fizeram as pazes com Cafezinho, que assinou ainda em 1997 com o Vasco, sendo campeão brasileiro no final do ano. Muita história para um jogo eterno entre Flamengo e Madureira, uma goleada na Gávea, com a marca de sempre, agora centenária, de Romário.








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