Jogos eternos #239: Flamengo 1×0 Nova Iguaçu 2024

Flamengo joga hoje contra Nova Iguaçu e não vou muito longe para escolher o jogo eterno do dia, pego o último jogo entre os dois times, na final do campeonato carioca de 2024. Flamengo foi campeão carioca em 2019, 2020 e 2021, Fluminense em 2022 e 2023, as quatro últimas decisões sendo o Fla-Flu. Torcia por mais um Fla-Flu na final, mas aconteceu na semifinal, com vitória do Flamengo. Torcia então para enfrentar Vasco na final, o que também não aconteceu.

O adversário na final foi Nova Iguaçu, um clube fundado em 1990 com participação de um ídolo no Francêguista, Zinho. Já no jogo de ida, Flamengo quase podia festejar o título, com vitória 3×0 e atuação de gala de Pedro no Maracanã. Jogo de volta aconteceu também no Maracanã, e mesmo sem suspense, tinha a possibilidade de levantar a taça, de gritar “é campeão” e o Maracanã ficou cheio, com 60.490 pagantes, 65.757 presentes. No 7 de abril de 2024, Tite escalou Flamengo assim: Rossi; Varela, Léo Pereira, Fabrício Bruno, Ayrton Lucas; Erick Pulgar, De la Cruz, Arrascaeta; Luiz Araújo, Éverton Cebolinha, Pedro.

Nova Iguaçu começou melhor o jogo, com dois lances perigosos, sem fazer o gol. Flamengo reagiu, Arrascaeta, com braçadeira de capitão, chutou, mas o zagueiro Sérgio Raphael desviou a bola. Éverton Cebolinha chutou no travessão e em seguida fez bom passe para Arrascaeta, que perdeu o gol cara-a-cara com o goleiro. De longe, Xandinho tentou surpreender Rossi, mas a bola apenas flirtou com a trave, assim acabou o primeiro tempo.

E no início do segundo tempo, de novo Éverton Cebolinha, na esquerda, abriu bem o pé, aplicou efeito na bola, mas chutou mais uma vez na trave. Pedro apareceu pouco no jogo, mas fez passe de gênio de calcanhar para Arrascaeta, sozinho na grande área. O capitão do Mengo chutou com a perna esquerda e não conseguiu achar o caminho do gol. Nova Iguaçu reagiu, de novo com Xandinho, de novo com bola perto do gol, não no gol. Éverton parou mais uma vez nas mãos do goleiro, em seguida deixou para de la Cruz, mas foi a vez do lateral-esquerdo Maicon de salvar em cima da linha. Ainda 0x0 no Maraca, mesmo com a certeza do título, o torcedor quer gritar “é gol” antes de gritar “é campeão”. Ainda mais, tinha a possibilidade de conquistar o título invicto que não acontecia desde 2017. Flamengo não podia perder, Tite tinha que mexer. Saíram Arrascaeta e Éverton, entraram Bruno Henrique e Allan. Claro, a braçadeira de capitão foi para Bruno Henrique.

Bruno Henrique é um dos maiores ídolos recentes do Flamengo, eternizado apenas com a temporada de 2019. E fez muito mais, até se machucar gravemente no joelho em 2022, ficando quase um ano fora dos gramados. Voltou para o Brasileirão de 2023 e foi um dos raros a se salvar numa temporada bem frustrante do Flamengo. Em 2024, antes da final, tinha feito apenas um gol e estava numa sequência de 11 jogos consecutivos sem fazer um gol.

E na final, o Rei dos clássicos, decisivo tantas vezes antes disso, só precisou de 3 minutos em campo para aparecer. Léo Pereira abriu na esquerda para Ayrton Lucas, que se esforçou para salvar a bola em cima da linha e cruzou. Bola foi em direção de Bruno Henrique, que nem pensou, ou pensou bem, sei lá, chutou de primeira, de pé esquerdo, na gaveta, golaço. Raramente vi um gol tão merecido, por tudo que passou Bruno Henrique, também por tudo que fez com o Flamengo. E mais, foi um dos gols mais bonitos da história das finais do campeonato carioca.

O Maracanã podia explodir, podia gritar “é campeão”, podia festejar o 38o título estadual do Mengo. Foi uma campanha de sonho, 8 vitórias, 3 empates e apenas um gol concedido ao longo do torneio! Flamengo era campeão invicto pela 7a vez, ultrapassando Vasco, rebaixando ao segundo lugar. Mesmo sem um clássico na final, mesmo sem a mesma importância do título de que antes, ganhar o campeonato carioca é sempre bom, ainda mais com um golaço de um ídolo.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”