Flamengo está perto de conquistar a 25a Taça Guanabara de sua história, precisando de uma vitória contra Maricá, adversário contra quem ainda nunca jogou na história. Vamos então para o jogo eterno do dia de uma outra Taça Guanabara conquistada em cima de um time com um nome um pouco parecido, Madureira, em 2007.
Eu escrevi há pouco sobre o jogo do título do campeonato carioca, um 2×2 contra Botafogo, depois de outro 2×2 na ida, com Bruno decisivo na disputa de penalidades. O campeonato carioca de 2007, na época dividido entre Taça Guanabara e Taça Rio, foi o primeiro que Flamengo conquistou sem vencer nenhum clássico. Na Taça Guanabara, empatou 3×3 contra Botafogo e fez outro empate na semifinal, 1×1 contra Vasco, Bruno já decisivo na disputa de penalidades, Flamengo classificado na final contra um adversário que nunca tinha chegado lá, Madureira.
O técnico do Madureira era Alfredo Sampaio, treinador mítico dos times menores de Rio de Janeiro e que treinou Ronaldo no São Cristóvão no início da carreira do Fenômeno. Na fase de grupos, Madureira aplicou uma surpreendente e constrangedora goleada 4×1 ao Flamengo, com 4 gols de Marcelo Macedo. E na ida da final, deu mais uma vez zebra, deu Madureira, que venceu o jogo 1×0. Flamengo precisava de uma reação, de uma virada. Para o jogo de volta, no 7 de março de 2007, Ney Franco escalou Flamengo assim: Bruno; Léo Moura, Irineu, Ronaldo Angelim, Juan; Paulinho Jaú, Claiton, Renato Abreu, Renato Augusto; Roni, Souza.
A data, 7 de março de 2007, está gravada na minha memória. Neste dia, me registrei no fórum francês Soccers, um tipo de Orkut ou fórum UOL. Passei horas, dias e anos no fórum, falando sobre futebol e outras coisas da vida com amigos virtuais e até alguns reais, Editei muitas imagens com PhotoFiltre, escrevi várias histórias de ficção, joguei, fiz piadas, me diverti, até briguei. Agora tem uma onde de nostalgia, de horas no computador, voltando do ensino médio, aproveitando das férias. E meu primeiro nome de usuário no fórum não tinha muita originalidade, porém me definia bem: flamengo10.
Por isso me lembro da data do jogo eterno do dia, por isso amplifica a nostalgia. Além de milhares de discussões, tinha no fórum Soccers links streaming para assistir aos jogos. Lembre que sou francês e assistir aos jogos do Flamengo na televisão nem era uma opção. Eu já assistia aos melhores momentos de cada jogo, porém com a grande final, não era suficiente, eu precisava assistir ao jogo. Por isso as minhas lembranças achavam que o jogo foi um sábado. Fui verificar e foi uma quarta-feira, meio da semana, meio da noite na França. Desconfiei de minhas memórias, double checking, e estava de férias nesta semana, no meu último ano do ensino fundamental. Assim, tentei assistir ao jogo, assim descobri o fórum Soccers, uma das diversões de minha adolescência, para assistir ao jogo do Flamengo, a grande paixão de minha vida.
Confesso que não lembro se consegui assistir ao jogo. Revendo os melhores momentos, a impressão é que sim. E a nostalgia bate maior ainda. Maracanã raiz, torcida raiz, e eu assistindo ao jogo, meu rubro-negrismo de sempre se concretizando. Fui sortudo de nascer flamenguista, de assistir ao jogo, ao menos na minha alma e no meu coração. Com apenas 2 minutos de jogo, Renato Abreu cobrou uma falta na direita, Souza tocou levemente de cabeça, bola ficou no ar, Souza voltou, cabeceou, abriu o placar. Porém, dois minutos depois, outra falta na direita, agora do Madureira, outra indecisão na grande área e Léo Fortunato empatou.
Mas era um Flamengo avassalador em campo. Aos 8 minutos de jogo, outra bola parada, agora de escanteio, de Renato Augusto. Souza fez a linda cabeçada, achando a rede no contrapé, Souza fez o doblete, a alegria do Maraca. E aos 13 minutos, o artilheiro virou garçom, o garçom virou artilheiro, Souza para Renato Augusto, que passou entre quatro adversários, invadiu a grande área, antecipou a saída do goleiro e fez o golaço. Não me pergunte porquê, mas impressão minha é que assisti a esse gol, mais que os outros, ao vivo, talvez por causa da beleza do gol, da emoção na arquibancada. Com apenas 13 minutos do jogo, título já parecia do Mengo. Ainda no primeiro tempo, Souza quase fez de voleio o hat-trick, mas no intervalo foi assim, 3×1 para Flamengo, eu feliz na França.
No segundo tempo, Juan parou no goleiro do Madureira, Renato Augusto também. No final do jogo, Claiton, adorava o jogo dele, a raça dele, conseguiu o pênalti. Na cobrança, Renato Abreu, outro jogador que me fascinava, exaltava meu rubro-negrismo. Renato Abreu partiu na velocidade, chutou forte no canto, o goleiro partiu do outro lado. Era o gol do placar final, 4×1, era o gol do título, Flamengo campeão da Taça Guanabara. A história não fala como e a qual hora fui dormir, certeza é que no dia seguinte, com novos amigos virtuais para falar sobre minha paixão, eu acordei ainda mais flamenguista.








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