Começa hoje uma nova edição do Brasileirão, que Flamengo não conquista desde 2020, ou mais precisamente, desde o início de 2021. Pela força dos elencos recentes e do tamanho histórico do Flamengo, considero esse período já um jejum. Porém, o primeiro adversário do Flamengo no campeonato, o Internacional, conhece um jejum muito mais longo, não vencendo o Brasileirão desde 1979.
Muitas vezes, o Internacional passou perto, com 6 vice-campeonatos desde 1988. No Brasileirão de 2020, o Internacional ganhou 9 jogos consecutivos, um recorde, e abriu 4 pontos de vantagem sobre Flamengo após a 33a rodada. Flamengo oscilava mas aproveitou de um empate e uma derrota do Internacional para inflamar o final do Brasileirão. Antes da penúltima rodada, o Internacional tinha um ponto a mais do que o Flamengo e jogava justamente contra o Mengo no Maracanã, precisando então de uma vitória para ser oficialmente campeão. O jogo era quase uma final do Brasileirão.
No 21 de fevereiro de 2021, o técnico Rogério Ceni escalou Flamengo assim: Hugo Souza; Isla, Gustavo Henrique, Rodrigo Caio, Filipe Luís: Gerson, Diego, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol. Do lado do Internacional, a agitação do pré-jogo foi a presença de Rodinei, emprestado pelo Flamengo ao time colorado. O Rodinei estava em grande forma e um torcedor do Internacional, um empresário conhecido como o “Rei da soja”, ofereceu um milhão de reais para o colorado pagar a multa ao Flamengo e escalar Rodinei.
No Maracanã, vazio por causa da pandemia, Bruno Henrique fez o primeiro chute do jogo, mas Marcelo Lombo, um ninho do Urubu agora veterano, fez a defesa. Logo depois, Gustavo Henrique segurou Yuri Alberto na pequena área e o juiz Raphael Claus apitou o pênalti. Edenílson chutou e abriu o placar, o Internacional era o virtual campeão.
Aos 29 minutos do jogo, o Flamengo lutava para impor seu jogo num time colorado fechado na defesa. Praxedes fez um cabeceio fraco e Filipe Luís chegou bem. Com a classe habitual, nosso agora técnico abriu na esquerda para Bruno Henrique, que chegou antes de Rodinei e o driblou, cruzou no chão atrás para Arrascaeta, que com tranquilidade e precisão, colocou a bola na rede. No placar, tinha empate, porém, na tabela, o Inter ainda estava na frente. Flamengo precisava fazer mais, precisava virar.
No final do primeiro tempo, Rodinei chutou forte e quase fez um gol pelo Inter, a bola finalmente morrendo na trave de Hugo Souza. E o personagem do pré-jogo virou o personagem do jogo. No início do segundo tempo, no campo colorado, Rodinei errou no drible e acertou no tornozelo de Filipe Luís. Um lance sem maldade, porém uma falta clara, e depois de consulta ao VAR, o juiz expulsou Rodinei. Flamengo tinha um jogador a mais, precisava fazer um gol a mais.
E com hora de jogo, chegou o predestinado, o anjo Gabigol. Bruno Henrique ultrapassou a linha mediana e abriu na esquerda para Arrascaeta, que driblou um e fez um passe lindo entre dois outros adversários. Com um toque só, com um pouco de chance, com muita fé, Gabigol chutou cruzado, brocou e virou, um lance que lembrava o gol de Bebeto em 1987, outro vice do Internacional contra Flamengo. Gabigol confirmava mais uma vez que era o homem das decisões, dos momentos decisivos.
Como foi o caso em 2009, mais um vice do Inter, o Flamengo assumia a liderança pela primeira vez do campeonato depois da penúltima rodada, depois de contar em um momento menos de 5% de chance de ser campeão. E na rodada final, com a ajuda do Corinthians, a ajuda do destino, por alguns centímetros, o Flamengo foi campeão, bicampeão pela primeira vez desde 37 anos. O Internacional, depois de “41 anos”, precisava esperar mais, ainda espera. Eu que não quer mais esperar, quero voltar a ser campeão brasileiro.








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