Jogos eternos #266: Vélez Sarsfield 0x4 Flamengo 2022

Pedro deve voltar aos gramados hoje depois de 7 meses fora por causa da grave lesão no joelho. Deve fazer uma tremenda diferença para o Flamengo, já que falamos do melhor centroavante do futebol brasileiro. E como Flamengo joga hoje na Copa Libertadores contra o time argentino de Central Córdoba, vamos de um outro jogo contra um time argentino na Copa Libertadores, com show de Pedro.

Em 2022, Flamengo fez uma das mais perfeitas campanhas na Copa Libertadores e chegou na semifinal com 9 vitórias e apenas um empate contra Talleres, justamente o arquirrival de Central Córdoba. Na semifinal contra Vélez Sarsfield, minha chegada ao Brasil para morar na cidade mais linda do mundo se contava em dias agora e eu sonhava alto, com Rio, com Flamengo, com a vida. No 31 de agosto de 2022, o técnico Dorival Júnior escalou Flamengo assim: Santos; Rodinei, Léo Pereira, David Luiz, Filipe Luís; Thiago Maia, João Gomes, Arrascaeta; Éverton Ribeiro, Gabigol, Pedro.

Como um bom jogo entre brasileiros e argentinos, o jogo começou quente e disputado, mais Gabigol não conseguiu obter o pênalti. Arrascaeta chutou para fora e Pedro nas mãos do goleiro. Vélez reagiu, Janson chutou, Santos defendeu. Com 32 minutos, Rodinei abriu na direita para Léo Pereira, colocado numa posição inusitada na ala. Com ótimo cruzamento, Léo Pereira colocou a bola na grande área, a defesa argentina vacilou, Pedro chegou, esticou a perna, abriu o placar.

Dois minutos depois, Vélez quase chegou ao empate, mas a cobrança de falta de Orellano morreu na trave de Santos. A sorte era do Mengo. O Pedro, talvez é a diferença com outros centroavantes fortes fisicamente, não é só força, também é técnica, é inteligência, é habilidade. No final do primeiro tempo, Pedro recebeu de Arrascaeta, fintou, girou, cruzou, infelizmente Éverton Ribeiro chutou fraco e não conseguiu o gol.

Nos acréscimos, o golaço do dia. Ainda Pedro no início da joagada, recebendo na esquerda, fixando dois zagueiros. Com inteligência e calma, esperou e voltou no meio para Éverton Ribeiro, que (quase) dominou mal e só teve tempo de deixar de bico para Arrascaeta. Depois, é só um toque na bola, Arrasca, no ar, na direita para Gabigol, com sutileza, um toque na grande área para Éverton Ribeiro, que (quase) chutou mal, bola enganou o goleiro, tocou na trave, morreu na rede. O talento era do Mengo. Um golaço coletivo que fazia sonhar cada torcedor rubro-negro, mesmo aquele que dormia nessa hora numa ainda distante França, mas que se aproximava do amor de sua vida.

E o torcedor argentino já chorava na arquibancada, já sabia que pior ainda podia acontecer no segundo tempo. Com uma hora de jogo, o agora técnico Filipe Luís abriu na direita para Gabigol, que esperou um pouco para servir Pedro na profundidade. E Pedro, loiro e matador, não perdoou, antecipou a saída do goleiro e com um toque leve, fez o golaço de cobertura. Adorava a dupla Pedro – Gabigol em 2022, com a chegada de Dorival Júnior no banco, Pedro finalmente assumia a titularidade que tanto merecia, depois de dois anos no banco, sem nunca reclamar. Assumiu e não decepcionou.

Gabigol perdeu 3 gols consecutivos, cada jogada ficava mais fácil do que a precedente, a última até sem goleiro, mas a bola fugia do gol, o gol fugia do Gabigol. O predestinado ainda teve duas outras oportunidades, ainda sem fazer o gol. O artilheiro do dia, o nosso artilheiro até agora, era o Pedro. O passe de Vidal era para Gabigol, mas bola foi desviada por um zagueiro até os pés de Pedro, que abriu o pé, brocou e completou o hat-trick. Com 11 gols, Pedro ainda igualava Zico e Gabigol como os maiores artilheiros do Flamengo em uma edição da Copa Libertadores. Uma Santa Trinidade de artilheiros e o Flamengo, com vitória 4×0 na Argentina, estava quase na final da Copa Libertadores. E no dia seguinte, vendo o placar e os gols, eu acordava na França com brilho nos olhos, com sonhos ainda mais altos.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”