Jogos eternos #270: Cienciano 0x3 Flamengo 2008

Flamengo joga hoje contra a LDU Quito, na temida altitude do Ecuador. A lembrança do dia era evidente com a vitória 3×2 contra a mesma LDU em 2021, Gabigol decidindo o jogo nos minutos finais. Talvez era evidente demais e escolho um outro jogo. A altitude é pouca favorável ao Mengo, que em competições continentais venceu apenas 4 dos 17 jogos com mais de 2500 metros de altitude. Já eternizei a primeira vitória, um sucesso 2×1 contra o boliviano Jorge Wilstermann na sagrada Libertadores de 1981, eu vou então do segundo sucesso, agora no Peru.

O Flamengo de 2025 se complicou a vida na Liberta com a derrota no Maraca contra Central Córdoba. Em 2008, tinha também (alta) pressão no grupo 4, liderado pelo Nacional com 9 pontos. Atrás, Cienciano e Flamengo empatados com 7 pontos. Uma vitória assegurava ao Flamengo a classificação nas oitavas, mas uma derrota obrigava cálculos perigosos e temidos. No 9 de abril de 2008, o técnico Joel Santana escalou Flamengo assim: Bruno; Léo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim, Juan: Cristian, Kléberson, Toró, Ibson, Renato Augusto; Souza.

Como muitas vezes na altitude, jogo ficou morno, difícil de jogar. Toró fez o primeiro chute do jogo, sem realmente ameaçar a meta peruana. Cienciano reagiu e Bruno fez grande defesa num chute de Bazalar, que tomava a direção da gaveta. Bruno fez outra defesaça numa cabeçada de Romaña. No intervalo, ainda 0x0, Cienciano dominava, mas Renato Augusto acreditava no Mengo: “A partida está muito complicada. A bola está correndo demais. Mas acertando uma boa tabela, o gol vai sair. Podemos vencer o Cienciano”.

E no início do segundo tempo, o próprio Renato Augusto recebeu a bola em boas condições depois de bom trabalho de Souza na esquerda. O craque de 20 anos teve tempo de dominar e ajustar o goleiro para abrir o placar em Cusco, cidade onde joga Cienciano. Logo depois, jogo ficou mais fácil para o Flamengo com a expulsão severa do capitão peruano Juan Bazalar.

Renato Augusto quase fez o doblete com um chute de longe, mas o goleiro Juan Flores fez linda defesa. O segundo gol rubro-negro finalmente chegou nos 15 minutos finais, Ibson roubou a bola, acelerou e abriu na direita para Toró, que teve tempo para chutar e fazer o gol. Nos acréscimos, o golaço do dia, Marcinho, com seu estilo particular cheio de ginga e dribles, achou uma falta perto da grande área. A cobrança de falta do Juan foi perfeita, teleguiada na gaveta do goleiro peruano. O juiz apitou o final do jogo, Flamengo vencia 3×0 e se classificava para as oitavas de final. Na minha França, eu sonhava mais alto do que os 3700 metros de altitude de Cusco, a queda seria ainda mais brutal e dolorosa.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”