Flamengo está numa péssima situação na Copa Libertadores, com apenas 5 pontos em 4 jogos. Será eliminado em caso de derrota, o empate significa também quase uma eliminação e até uma vitória magra não é suficiente. Para trazer sorte, eu podia lembrar o ano passado, quando Flamengo também estava em dificuldade e venceu os dois últimos jogos no Maracanã, contra Bolívar e Millonarios, para se classificar. Quase escrevi sobre a goleada 4×0 contra Bolívar, por coincidência há exatamente um ano, também dia da morte do Apolinho Rodrigues.
E finalmente vou de um jogo de 1993, narrado por outro grande jornalista, que morreu um dia depois do Apolinho, o eterno Silvio Luiz. Em 1993, Flamengo também começou mal seu grupo de Copa Libertadores, com uma vitória, um empate e duas derrotas em 4 jogos. Flamengo tinha ainda dois jogos no Maracanã e não podia perder mais. Eram tempos conturbados, o também eterno técnico Carlinhos saiu e Jair Pereira, campeão da Copa do Brasil de 1990 voltou no Flamengo, estreando contra o Internacional. No 10 de março de 1993, o técnico Jair Pereira escalou Flamengo assim: Gilmar; Charles Guerreiro, Júnior Baiano, Wilson Gottardo, Piá; Uidemar, Júnior, Marquinhos, Nélio; Paulo Nunes, Nílson. Outro estreante era o próprio Manto Sagrado, com o lançamento da nova camisa do Flamengo, uma camisa brilhante, para mim uma das mais fodas da história do Mengo.
Com resultados ruins, o Maracanã tinha a arquibancada quase vazia, mas, diferentemente de hoje, era o Maraca raiz, antigo, ainda com a geral, que vibrava Flamengo. Com apenas 3 minutos de jogo, Júnior Baiano abriu longe para Nélio, que dominou de peito e deixou para Júnior. Na última temporada de sua brilhante carreira, Júnior revivia momentaneamente seus tempos de lateral esquerdo e cruzou de primeira, para a chegada de Marquinhos, que abriu o placar e partiu para uma comemoração ao menos bizarra ao lado de dois outros garotos da base, Júnior Baiano e Paulo Nunes. “Foi fundamental marcarmos aquele gol cedo. O propósito deles era jogar bem fechados. Mas, depois disto, eles tiveram que se lançar à frente e nós pudemos criar novas chances para definirmos a vitória” explicou em 2019 Marquinhos para Lance!.
Flamengo continuou a dominar e o goleiro colorado, o paraguaio Gato Fernández, pai do também goleiro Gatito Fernández, fez duas defesas em cima de Marquinhos e Nílson. Aos 20 minutos, Nílson dominou de peito e deixou para o camisa 20, Paulo Nunes, 21 anos, que chutou sem chance para Fernández e partiu para outra comemoração memorável, agora uma pequena dança. No segundo tempo, o goleiro colorado impediu outro gol de Marquinhos e fez defesaça num chute potente de Nélio. O Internacional finalmente reagiu, sem fazer gol.
Para sua volta ao Flamengo, o técnico Jair Pereira brilhou nas substituições, colocando em jogo Gaúcho e Marcelinho. Aos 32 minutos do segundo tempo, Júnior esticou a perna para ganhar a bola, Gaúcho lançou na profundidade Marcelinho no limite do impedimento. O camisa 23 de 21 anos venceu no cara a cara o Gato Fernández. O Flamengo vencia 3×0, o goleiro rubro-negro Gilmar falhou na saída da bola, o Inter quase fez o gol, mas Piá salvou em cima da linha. Numa outra falha de Gilmar, o Internacional finalmente marcou, com um chute de Jairo Lenzi.
Flamengo venceu 3×1, ainda venceu no Maraca na última rodada contra o Atlético Nacional e três times empataram no primeiro lugar com 7 pontos. Mas como 3 times de cada dos 5 grupos se classificavam nas oitavas de final, não teve conversa, o Flamengo passava na próxima fase da Copa Libertadores.








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