Três dias atrás, escrevi sobre um Flamengo x Vasco de 1975, exatamente 50 anos após o jogo. Ainda sem jogo do Flamengo, eu vou de outro aniversario do Clássico dos Milhões, agora de 25 anos.
E não foi qualquer Clássico dos Milhões, era a final do campeonato carioca. E não era qualquer Vasco, era o Vasco de Romário e Edmundo, um time que conquistou o Brasileirão e a Copa Mercosul no final do ano. No início do ano, Vasco venceu a Taça Guanabara, aplicando um 5×1 sobre Flamengo com 3 gols de Romário. Flamengo perdeu (liberou) o próprio Romário no final de 1999 e vivia novos sonhos com a empresa ISL. Ainda sem as contratações de peso (algumas que não pesaram tanto) do segundo semestre como Alex, Edílson, Denílson e Gamarra, Flamengo se recuperou no campeonato carioca e conquistou a Taça Rio. A final era Flamengo x Vasco, era Clássico dos Milhões.
A vontade para Vasco era de vingança, já que perdeu a final do campeonato carioca um ano antes contra Flamengo. Mesmo sem Juninho, Vasco tinha um timaço, Mauro Galvão na zaga, Amaral e Pedrinho no meio, e claro, a dupla Romário – Edmundo na frente. Vasco era o favorito, mas Flamengo tinha no banco um ídolo, Carlinhos Violino, de volta após uma cirurgia cardíaca, para sua sexta e última passagem como técnico do Mengo. No 11 de junho de 2000, o ídolo Carlinhos escalou Flamengo assim: Clemer; Maurinho, Juan, Fabão, Athirson; Leandro Ávila, Mozart, Fábio Baiano, Iranildo; Tuta, Reinaldo.
Flamengo dominou o início do jogo, com Iranildo como maestro do time. Helton fez boa defesa num chute de longe de Fábio Baiano, Mozart também chutou de longe e Helton fez outra grande defesa. Vasco só conseguiu ameaçar a meta rubro-negra na segunda parte do primeiro tempo e foi a vez de Clemer brilhar num chute potente de Paulo Miranda. Em resposta, Tuta quase fez o golaço de letra, mas Helton defendeu mais uma vez. O Flamengo dominava absolutamente o primeiro tempo, porém no placar a igualidade persistia. Romário, de volta de lesão, foi perfeitamente anulado pela zaga rubro-negra e o juiz apitou o intervalo sem gol marcado.
O segundo tempo começou igual o primeiro tempo, Flamengo dominando, sem conseguir fazer o gol libertador. Tuta quase fez outro golaço, agora de bicicleta, e mais uma vez Helton defendeu. O jogo estava bloqueado e se abriu com a expulsão de Nasa por um segundo amarelo. Athirson, mais uma vez reinando na sua ala esquerda, voltou no meio e chutou de longe, Helton fez outra defesa. O goleiro era o único a impedir o naufrágio do Vasco.
Na parte do campo de Vasco, Edmundo conseguiu um drible em cima de Athirson mas errou no passe fácil a 30 metros do gol vascaíno. Tuta tocou atrás de bico para Fábio Baiano, já acionando Athirson. No domínio da bola, Athirson girou de sola em direção ao gol e chutou cruzado, sem tanta força, mas um chute preciso e rasteiro, para finalmente vencer Helton, para abrir o placar, esquentar o Maraca. E quase já matar um Vasco que mostrou quase nada durante o jogo. Um gol merecido, o décimo no torneio de Athirson, o craque do campeonato.
Faltava 15 minutos para o final do jogo e Flamengo continuou a dominar, Athirson continuou a atacar. O lateral-esquerdo acelerou, pedalou, gingou na frente de um Amaral mais uma vez perdido na frente de um rubro-negro. Athirson cravou a falta no lado esquerdo, ideal para um cruzamento. Helton posicionou a barreira, tentou acalmar o time. Uma cena que se repetira, de outro lugar do campo, no mesmo Maraca, com outro jogador para bater a falta e se eternizar no Clássico dos Milhões. Em 2000, a cobrança foi para Fábio Baiano que, esperto, tentou, e achou, diretamente a gaveta. Um golaço, um dança de Fábio Baiano e aplausos do sempre calmo Carlinhos.
No tempo adicional, quando ao mesmo tempo Gustavo Kuerten se aproximava de conquistar o Roland Garros e meu coração já dividido entre Brasil e França, Maurinho cruzou na direita para Lúcio, que cabeceou mal. O cabaceio errado se transformou em assistência linda para outro jogador que saiu do banco durante o jogo, Beto. Era o terceiro gol do Flamengo, o Maracanã se transformou em festa e canto de baile funk com referência a um Velho Lobo, que se eternizará num outro Clássico dos Milhões um ano depois: “Tá dominado, tá tudo dominado / Tá dominado, tá tudo dominado / ih, ih, ih, vai ter que me engolir”. Flamengo vencia a primeira, faltava 90 minutos de pura emoção para conquistar um título menos marcante que o de 2001, mas que nunca podemos esquecer.








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