Jogos eternos #299: Flamengo 3×2 São Paulo 1992

Flamengo acabou sua participação no Mundial dos clubes de uma forma decepcionante mas também honrosa e com motivos para confiar no resto da temporada. E além do otimismo de sempre, tenho uma intuição que Flamengo vai conquistar o Brasileirão, que não vem desde 2020 falando de edição, ou de 2021 falando de calendário. Ou seja, uma eternidade. Antes do jogo contra São Paulo no Maracanã, vou lembrar um outro jogo contra o Tricolor de um ano especial, ano de meu nascimento, ano do pentacampeonato, em 1992.

Flamengo retorna hoje ao Brasileirão como líder e em 1992, também tinha começado bem o campeonato com duas vitórias sobre Guarani e Palmeiras e dois empates contra Bahia e Botafogo. Antes do jogo contra São Paulo, teve uma troca de faixas entre os últimos campeões estaduais, São Paulo no campeonato paulista 1991 e Flamengo no campeonato carioca 1991. Dois times que iam conquistar coisas ainda melhores em 1992, a Libertadores e o Mundial para São Paulo, o Brasileirão para Flamengo. Tinha craques em campo como Raí e Júnior, antigos craques no banco e técnicos eternos como Telê Santana e Carlinhos.

No 19 de fevereiro de 1992, o eterno técnico Carlinhos escalou Flamengo assim: Gilmar; Charles Guerreiro, Wilson Gottardo, Rogério, Piá; Uidemar, Júnior, Zinho, Nélio; Paulo Nunes, Gaúcho. Um timaço que avassalou São Paulo no primeiro tempo. Gaúcho fez um gol bem anulado com a mão e Flamengo colocava pressão na grande área tricolor com escanteios sempre muito bem cobrados pelo Júnior. Depois, foi a vez do goleiro Zetti fazer uma mão, fora da área, e sequer recebeu um cartão amarelo. Flamengo continuava a dominar o jogo, com Gaúcho organizando o time, ele era longe de ser apenas um centroavante matador e artilheiro. Porém, seja de cabeceio ou de voleio, Júnior não conseguiu abrir o placar.

Com 30 minutos, na direita, Paulo Nunes driblou, gingou, cruzou. Como centroavante matador e artilheiro, Gaúcho dominou de peito, abriu o espaço para o voleio do pé esquerdo e fuzilou Zetti. Golaço. No final do primeiro tempo, Gaúcho fez outro gol, agora mal anulado pelo juiz, que viu um impedimento que não existia. No segundo tempo, São Paulo finalmente reagiu. O Tricolor também tinha seus craques, Cafu cruzou na direita e Palhinha, que tinha acabado de entrar, empatou com uma cabeçada.

Oito minutos depois, Júnior cobrou perfeitamente uma falta na direita, Zetti saiu mal, Rogério cabeceou na segunda trave e recolocou Flamengo na frente no placar. O jogo tinha vários craques técnicos em campo, mas o jogo se decidiu nos ares. No final da partida, Júnior fez um drible desconcertante sobre Suélio e cruzou alto, Gaúcho subiu ainda mais alto, e como o gênio do jogo aéreo que era, cabeceou no outro lado do gol, sem chance para Zetti. Mais um golaço do Flamengo, mais uma alegria na antiga geral do Maraca. No finalzinho do jogo, mais um gol de cabeça do Flamengo, agora contra, num cruzamento de Raí, Wilson Gottardo se atrapalhou com Gilmar e fez o gol contra. Sem consequência no final, Flamengo atropelava o São Paulo, futuro campeão sul-americano e mundial. Mas quem será campeão brasileiro no final do ano, era o próprio Flamengo.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”