Jogos eternos #306: Flamengo 3×1 Atlético Mineiro 2024

Flamengo retomou a liderança do Brasileirão com vitória sobre o Atlético Mineiro, e já reencontra o Galo hoje, para o quinto capítulo entre os dois times na história da Copa do Brasil. Deu Flamengo em 2006, 2022 e 2024, deu Atlético Mineiro em 2014. Eu já eternizei aqui o primeiro jogo, com goleada 4×1 em 2006, eu vou de hoje para o último capítulo no Maracanã, na final da Copa do Brasil de 2024.

Na verdade, já escrevi sobre esse jogo, na categoria da geral, porque tive a sorte de assistir ao jogo no Maracanã. Eu já tinha vivido uma decisão da Copa do Brasil no Maraca, na hora de conquistar o tetra em 2022, e agora de férias no Rio de Janeiro, ia para meu último jogo da temporada, no jogo de ida da final, sonhando com o penta. Por ser uma decisão, por ser o último jogo, a emoção era decuplada. Cheguei muito cedo ao Maraca, por uma vez no setor este. Como sempre, cantei muito alto, com meu Manto Sagrado e mosaico na mão, com lágrimas no meu rosto. Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte.

No 3 de novembro de 2024, o ainda novo técnico Filipe Luís escalou Flamengo assim: Rossi; Wesley, Léo Ortiz, Léo Pereira, Alex Sandro; Evertton Araújo, Gerson, Arrascaeta; Plata, Michael, Gabigol. Já ídolo como jogador, o jogo podia eternizar Filipe Luís como técnico. Também era um novo capítulo para Gabigol, provavelmente um dos últimos no Flamengo. O atacante vivia um ano conturbado, com suspensão preventiva por doping, foto privada com camisa do Corinthians, perda da camisa 10 e muito tempo no banco, às vezes sem entrar em campo. Com a lesão de Pedro e a chegada de Filipe Luís no banco, Gabigol passou a jogar mais, e quebrou um jejum de 12 jogos sem fazer gol no jogo precedente, de pênalti contra o Juventude, já comigo no Maraca, já com alegria e alívio no meu coração.

Na decisão da Copa, o Atlético Mineiro teve a primeira oportunidade com Hulk, mas Léo Pereira defendeu perfeitamente. Na sequência, Gustavo Scarpa chutou de longe, Rossi defendeu. De contra-ataque, Michael driblou, preferiu o chute ao passe para o bem posicionado Plata, e a bola apenas flirtou com a trave. Jogo era animado, aos 11 minutos, Wesley puxou mais um ataque rápido e abriu na esquerda para Michael. Essa vez Michael fez o passe na ultrapassagem de Gabigol que chutou de primeira, Éverson defendeu parcialmente, Arrascaeta chegou, voleiou, golaçou.

Flamengo abria o placar e passou a dominar o jogo, Gonzalo Plata chutou, mas abriu demais o pé e não achou a rede. Léo Pereira chutou de muito longe, bola pegou a direção da gaveta, mas Éverson fez grande defesa. E chegou o momento dos ídolos. No banco, o técnico Filipe Luís cobrou severamente Gabigol por seu posicionamento em campo. Na sequência, a bola longa de Léo Ortiz foi desviada pela cabeça de Plata até Gabigol, no limite do impedimento. Gabigol chegou no cara a cara com Éverson, abriu o pé e claro, fez gol. Era a hora do predestinado. Comemorei duas vezes esse gol, uma vez como cada gol do Flamengo, outra vez por ser Gabigol o autor do gol, um de meus maiores ídolos no futebol. Comemorei, mas achei que Gabigol estava impedido e o gol ia ser anulado. Depois de consulta ao VAR, o gol foi confirmado e comemorei uma segunda vez, com gritos enlouquecidos, com os irmãos não conhecidos na Este. Não sei quantas vezes comemorei esse gol, comemoro mais uma vez agora, assistindo de novo ao gol eterno.

O segundo tempo foi menos animado, apesar de o Atlético Mineiro ameaçar a meta rubro-negra uma ou duas vezes. Faltando 15 minutos para o final do jogo, o Galo perdeu uma bola no meio de campo, e Flamengo partiu para mais um ataque rápido, agora com Alcaraz, que abriu na esquerda para Gabigol, que dominou de pé esquerdo. O desfecho era conhecido, quase antevisto, pressentido pela arquibancada. Gabigol abriu o espaço com a perna esquerda, chutou com a perna esquerda, sem força, mas com muita precisão. Éverson se estendeu no chão, sem tocar na bola, sem impedir a bola chegar na rede, no seu destino. Era a hora do predestinado, era a hora do doblete do camisa 99, era a hora de gritar de loucura, de amor no Maraca para a Nação, de chorar de alegria para mim. Gabigol fazia dois, Flamengo fazia três, e mesmo com o gol de Alan Kardec para o Atlético, Flamengo estava perto do penta, perto da taça, com mais uma vez essa certeza: o Gabigol, mesmo contestado, é imortal no Flamengo.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”