Hoje líder, Flamengo joga no Ceará contra um adversário que não vence em Fortaleza desde 2019, já um jogo eterno no Francêsguista com um golaço inesquecível de Arrascaeta. Vamos então para o jogo um ano antes, que valia liderança bem no início do campeonato.
Flamengo começou bem o Brasileirão de 2018 com um empate e uma vitória, mas o clima era tenso. Flamengo foi eliminado na semifinal do campeonato carioca e tinha a ameaça de cair ainda na fase de grupos da Copa Libertadores. Também ainda tinha o peso de perder duas finais no final de 2017. O time não jogava bem e pior, jogava sem raça. No embarque para Fortaleza no Galeão, o time foi hostilizado por membros de torcidas organizadas, que jogaram pipocas neles, e Diego quase foi agredido. As imagens eram impressionantes e quase era um motivo para pedir saída do clube, ou ao menos cogitar uma saída. Achei a ação dos torcedores um exagero, apesar de ficar frustrado com as atuações decepcionantes de Diego.
No 29 de abril de 2018, sob muita pressão, o técnico Maurício Barbieri escalou Flamengo assim: Diego Alves; Rodinei, Réver, Juan, Renê; Cuéllar, Lucas Paquetá, Diego; Éverton Ribeiro, Vinícius Júnior, Henrique Dourado. No início do jogo, a partida foi equilibrada, Arnaldo chutou de longe e quase abriu o placar para Ceará. Lutando com o zagueiro, Henrique Dourado conseguiu chutar desequilibrado, mas não achou o caminho do gol. Diego puxou um ataque e chutou, também fora do gol. Lucas Paquetá, um dos poucos poupados pela torcida, chutou de voleio, Éverson se esticou bem e salvou o 0x0. Numa falta, Lucas Paquetá, ainda ele, chutou preciso, mas faltou força para vencer o goleiro.
E finalmente, no final do primeiro tempo, Cuéllar fez bom passe na profundidade para Vinícius Júnior, que antecipou a saída de Éverson com um lindo toque de cobertura para abrir o placar. No início do segundo tempo, uma jogada ensaiada, ou ao menos parecia, Rodinei tabelou com Lucas Paquetá e achou na segunda trave Vinícius Júnior, sozinho, para o gol fácil, para o segundo gol dele. Um gol quase igual que aquele gol que Vini faria na final da Liga dos campeões de 2022 contra Liverpool, que menino estrelado e consagrado.
Vinícius Júnior, o garoto de ainda não 18 anos, era demais, com dois gols e muito mais dribles, mas o protagonista do jogo acabou ser um jogador bem mais experiente. Num escanteio na metade do segundo tempo, Lucas Paquetá desviou de cabeça, até a segunda trave, até a cabeçada sagrada de Diego Ribas, que fez o terceiro gol do Flamengo. E teve uma reação foda, muito foda, percorreu os 100 metros do campo em direção ao numeroso setor visitante, apontando o escudo do Flamengo, se jogando nos braços da torcida do Flamengo. Só a camisa do Flamengo é capaz disso, só a Nação rubro-negra, só um jogador de classe como Diego, encerrando assim mesmo, ainda no campo, um episódio difícil para todo mundo.
Na entrevista pós-jogo. Diego ainda mostrou classe, falou que não era uma “quase agressão” mas uma agressão sim, mas que não podia generalizar ou esquecer tudo que os torcedores lhe proporcionaram, que a torcida do Flamengo era maravilhosa, que em momento nenhum cogitou uma saída do clube, que realizava um sonho jogando aqui. Ainda falou, merece aspas, “se tiver que andar escoltado, eu e meus familiares, para vestir essa camisa, vou me sentir cômodo”. Uma frase marcante para uma reação de um líder, de um capitão, de um ídolo do Flamengo.








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