Sem jogo até domingo, eu vou de um jogo aniversário para o jogo eterno do dia. Flamengo conquistou a Copa Intercontinental sub20 de forma épica e o time profissional venceu Vitória 8×0, maior goleada da história do Brasileirão na era dos pontos corridos. Assim, eu cito uma carta de Eliezer Rosa, torcedor do America: “O Flamengo é uma alucinação. Deveria ser feita uma Lei Federal que obrigasse o Flamengo a jogar em todo o Brasil, toda semana, e ganhar sempre. Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz”. Sem jogo no momento, eu vou de um Fla-Flu, meu clássico favorito no futebol.
No segundo turno do campeonato carioca de 1977, Flamengo ainda estava invicto, mas com Vasco já vencedor do primeiro turno e ainda invicto na segunda fase, a derrota no Fla-Flu era proibida. Alias, como em qualquer Fla-Flu, como em todo Fla-Flu. Mesmo sem ser uma decisão, era um Fla-Flu, com Maracanã cheio, 114.277 presentes. No 28 de agosto de 1977, o técnico Cláudio Coutinho escalou Flamengo assim: Cantarele; Sergio Ramírez, Rondinelli, Dequinha, Junior; Merica, Paulo César Carpegiani, Zico; Toninho Baiano, Adílio, Cláudio Adão.
Flamengo tinha um novo centroavante, o Cláudio Adão. O jogador começou a carreira com Santos em 1973, ainda menor de idade. No primeiro ano já conquistou o campeonato paulista ao lado de Pelé, o que lhe valeu o apelido de novo Pelé, e todas as atenções e expectativas com isso. Em 1975, fez uma grande temporada, mas no ano seguinte quebrou a tíbia e a fíbula, o que na época muitas vezes era sinônimo de fim de carreira. Cláudio Adão voltou mais de um ano depois, já com o Manto Sagrado, num outro Fla-Flu. Fez seus primeiros gols num amistoso contra Ribeiro Junqueira e o primeiro gol oficial saiu contra a Portuguesa. Em 10 jogos, Cláudio Adão fez 3 gols e mostrava que o futebol voltava pouco a pouco.
E no Fla-Flu, jogo de tantos heróis imortais e jogadores mortais, reapareceu definitivamente o Cláudio Adão. No primeiro tempo, Merica lançou Toninho Baiano, o goleiro Wendell defendeu, bola sobrou para Adílio, que não teve tempo nem espaço para concluir. Bola sobrou de novo, agora para Cláudio Adão. Ainda sem espaço, Cláudio Adão girou e chutou ao mesmo tempo para abrir o placar.
No segundo tempo, um escanteio curto de Cláudio Adão para Luís Paulo, que devolveu a bola para o novo Pelé. Com espaço e tempo, muito longe do gol, Cláudio Adão preparou o chute, com força e efeito. A combinação foi letal para o goleiro, a curva terminou na gaveta, golaço de Cláudio Adão. O Fla-Flu tinha um time, Flamengo, tinha um personagem, Cláudio Adão, que brilhou durantes anos no Flamengo, e depois em outros clubes cariocas e do Brasil. Não foi Pelé, mais foi Cláudio Adão, o herói imortal do Fla-Flu.








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