Flamengo finalmente volta em campo hoje contra o Juventude, num estádio difícil de jogar. Flamengo não vence no Alfredo Jaconi desde 1997. Uma eternidade. Mas já falei que o Flamengo de 2025 soa diferente e estou confiante para o jogo. Aliás, o jejum no Alfredo Jaconi que se estendia aos outros clubes cariocas desde 2005 foi quebrado pelo Botafogo há pouco tempo. Porém, mesmo com confiança, fica difícil achar uma vitória no passado para o jogo eterno do dia.
Assim, eu vou de uma derrota, mas com final feliz. Na Copa do Brasil de 2001, Flamengo eliminou dois times do Nordeste, River de Piauí e ABC, e jogou contra o Juventude nas oitavas de final. Na ida, Flamengo venceu de virada com um golaço de falta de Petkovic e um gol de Reinaldo no final do jogo. Assim, podia empatar para se classificar ou perder de um gol de diferença para ir nos pênaltis. Mas já era o Alfredo Jaconi, onde o Juventude tinha um aproveitamento de 100% até aqui na temporada, onde Flamengo já tinha perdido em 1997 e 1999.
Além da Copa do Brasil, Flamengo jogava ao mesmo tempo o campeonato carioca e se classificou para a final vencendo a Taça Guanabara. Faltava um jogo para o final da Taça Rio, já com Vasco campeão. A final já era definida e o último jogo da Taça Rio valia nada. Assim, Flamengo podia jogar com as forças máximas para a Copa do Brasil. Em 9 de maio de 2001, o técnico Zagallo escalou Flamengo assim: Júlio César; Alessandro, Juan, Gamarra, Cássio; Leandro Ávila, Rocha, Beto, Petkovic; Reinaldo, Edílson.
Flamengo começou bem a partida e logo aos 3 minutos de jogo, Edílson perdeu no cara-a-cara com o goleiro. Num cruzamento do Juventude, o jovem goleiro Júlio César quase falhou, mas se recuperou antes de tomar o gol. Dois minutos depois, Júlio César não pude fazer nada no cabeceio de Dauri, que achou a rede. O jogo já complicado, se complicava ainda mais.
Edílson teve outra oportunidade de gol, mas chutou no goleiro, e Petkovic, sozinho do outro lado, reclamou bastante. Petkovic armava as jogadas, achou Gamarra, que cabeceou para fora. Em seguida, Pet achou na profundidade Beto, que bateu cruzado e empatou. Flamengo respirava no Jaconi. No final do primeiro tempo, Júlio César fez uma boa defesa para garantir o empate parcial, a classificação hipotética.
Bem no início do segundo tempo, Cássio chegou atrasado e levou o segundo amarelo, a expulsão justa. O jogo complicado se complicava ainda mais. Com hora de jogo, num contra-ataque, Beto chegou sozinho na grande área, apenas o goleiro na sua frente, e ao seu lado Edílson, ainda mais sozinho, sem goleiro na frente. Essa vez, foi Beto que esqueceu criminalmente Edílson, preferiu o chute, até preferiu a trivela do pé direito em vez do pé esquerdo adequado. Chutou errado, chutou para fora, matou o gol de Edílson. O Juventude ainda estava vivo. Dois minutos depois, como uma consequência obvia, o canhoto João Marcelo chutou com o pé direito e virou o jogo para o Juventude. O jogo era mais que complicado.
Pior ainda, cinco minutos depois, Petkovic, em franca posição de impedimento, prosseguiu o lance apesar do apito e chutou de longe. O bem conhecido juiz Edílson Pereira de Carvalho não gostou e aplicou o segundo amarelo, agora a expulsão injusta. Engraçado é que depois do escândalo da Máfia do Apito, o próprio Edílson Pereira de Carvalho acusou o presidente da comissão de arbitragem, o também bem conhecido e polêmico Armando Marques, de lhe pressionar para favorecer o Flamengo neste jogo… Enfim, o Flamengo estava na igualidade no placar, mas com dois jogadores a menos. Agora a classificação era um meio milagre. Juventude partiu com tudo no ataque, Luciano Fonseca chutou de longe e Júlio César fez a defesaça. Nos acréscimos, mais um chute do Papo, mais uma defesa de Júlio César. O jogo ia se decidir na disputada de penalidades, quase um milagre para o Flamengo heroico, com 9 jogadores contra 11, até 12 com a torcida, quem diria 13 com o juiz.
Dauri, que abriu o placar durante o jogo, também abriu a disputada para o Juventude. Chutou para fora, esfriando o já frio Alfredo Jaconi. Edílson bateu firme e deixou Flamengo na frente. Pontes pegou Júlio César no contrapé e fez o gol para o Juventude. O jovem Juan também chutou bem e manteve Flamengo na frente. Luciano Fonseca chutou forte e Júlio César, de 21 anos apenas, ainda não idolatrado, fez um primeiro milagre, desviando a bola para fora. Beto chutou forte e fez o terceiro gol do Flamengo na disputa. O Alfredo Jaconi tremia, a classificação era quase do Mengo.
Já com eliminação decretada em caso de erro, Márcio não tremeu e deixou a esperança viva para o Juventude. Alessandro precisava fazer o gol para classificar o time rubro-negro, chutou no contrapé do goleiro, mas chutou na trave. O milagre agora era do Juventude, ainda vivo. Júlio César foi confortar Alessandro, já chamando a responsabilidade para si. E o roteiro seguia igual, se o Juventude perdia o gol, o Flamengo se classificava. João Marcelo chutou e Júlio César fez o último milagre do jogo, fazendo a defesa, a alegria da Nação em casa, zoando a torcida do Juventude no estádio. Júlio César começava a escrever seu nome na história dos grandes goleiros do Flamengo, sendo o grande personagem de uma derrota no Jaconi sim, mas de uma classificação heroica.








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