Jogos eternos #320: Flamengo 1×1 Estudiantes 1991

Flamengo teve 4 confrontos contra Estudiantes, sempre de mata-mata. Por coincidência, sempre na extinta Supercopa Libertadores. Outra coincidência, sempre com Carlinhos como treinador, em 1988, 1991, 1992 e 1994. Tinha então algumas opções possíveis para o jogo eterno do dia, e com elas, a indecisão de escolher.

Quase fui do primeiro jogo, em 1988, com golaço de falta de Bebeto. Mas o jogo aconteceu na Argentina e Flamengo abre hoje as quartas de final da Copa Libertadores no Maracanã. Eu vou então para o jogo de 1991, Flamengo abrindo a decisão no Brasil, no Mané Garrincha. Em 2 de outubro de 1991, para a estreia na Supercopa, o técnico Carlinhos escalou Flamengo assim: Gilmar; Charles Guerreiro, Rogério, Wilson Gottardo, Piá; Júnior, Uidemar, Marquinhos, Zinho; Nélio, Gaúcho.

Talvez ainda mais que hoje, Flamengo estava o franco favorito do jogo, já que Estudiantes ocupava a 16a colocação do campeonato argentino. O time rubro-negro dominou o início do jogo e abriu o placar com 14 minutos de jogo. Na direita, Charles cruzou na segunda trave, Gaúcho cabeceou no meio, na entrada da área. Júnior chegou firme e de primeira, de direita, fez o voleio inspirado, o golaço absurdo, “um gol de placa” segundo o Jornal dos Sports. Na verdade, foi esse o critério para definir o jogo eterno do dia entre 1988 e 1991. Dois jogos contra Estudiantes, dois golaços, um de Bebeto, um de Júnior, o segundo muito mais ídolo do Flamengo.

Por que o resto do jogo foi decepção. No final do primeiro tempo, Nélio, duas vezes, e Gaúcho, bem servido pelo Charles, perderam a oportunidade de fazer o segundo gol, abrindo o caminho do sucesso. Pior ainda no início do segundo tempo, quando Peinado chutou na entrada da grande área. Gilmar desviou na trave e a bola foi tocar na outra trave, enganando a volta de Gilmar. Aredes aproveitou e chutou na rede vazia para empatar o jogo.

“Daí para frente, o futebol, que já não era muito, desapareceu” até escreveu o Jornal do Brasil no dia seguinte. Mesmo com dois jogadores a mais – Patrola e Malugano foram expulsos no lado do Estudiantes, Flamengo não conseguiu a vitória, até escapou de uma derrota com algumas oportunidades do time argentino. O Flamengo, com crise de futebol e de funcionários, se preparava para a Taça Rio sem a confiança da torcida. Fluminense tinha vencido a Taça Guanabara e Flamengo tinha a obrigação de vencer a Taça Rio para jogar a final do campeonato carioca.

O jogo contra Estudiantes foi frustrante, mas tinha um destaque, mais uma vez, quase sempre, Júnior. Escreveu o Jornal dos Sports: “Além do talento, o jogador continua tendo a maior aplicação em campo, onde é eficiente no combate, desarmando as jogadas adversárias com categoria, e tem maior criatividade nas opções ofensivas da equipe rubro-negra”. Com toda sua experiência, Júnior pediu calma e ficou confiante para a volta na Argentina: “Certamente teremos muitas dificuldades em Buenos Aires. Mas acredito que os erros cometidos hoje não vão se repetir. Vamos nos empenhar ao máximo para conquistar a vitória”. E foi o caso, Flamengo venceu na Argentina e se classificou, como venceu Fluminense na final e conquistou o campeonato carioca, com mais uma vez, quase sempre, uma atuação de gala do Júnior.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”