Jogos eternos #335: Flamengo 3×0 Sport 2009

Antes do jogo de hoje, volto para um jogo contra Sport, no ano dourado de 2009. Há semelhanças com a situação atual. Palmeiras era líder do Brasileirão, Sport estava no Z-4. Já a situação do Flamengo era bem diferente. O Mengão estava apenas na 11.a colocação, mas com uma tabela apertadíssima, ainda podia sonhar com uma classificação na Copa Libertadores. Ousar mais parecia loucura.

Depois da eliminação contra Fluminense na Copa Sul-Americana, Andrade mudou o time, com a estreia de Álvaro e Maldonado, além da efetivação de Petkovic no time titular. Flamengo venceu 3×0 Santo André e conseguiu um 0x0 no sempre difícil campo do Athletico Paranaense. Precisava ainda mais para sonhar mais. Para o jogo contra Sport, em 12 de setembro de 2009, o técnico Andrade escalou Flamengo assim: Bruno; Léo Moura, Ronaldo Angelim, Álvaro, Éverton; Airton, Maldonado, Petkovic; Zé Roberto, Dênis Marques, Adriano.

A Nação parecia ainda duvidar do time. No Maraca, tinha apenas um pouco de 29 mil para assistir ao jogo. E precisava chegar ao estádio na hora. Com apenas dois minutos de jogo, Petkovic, no meio do campo, fez um belo passe para acionar Adriano. Com a vantagem da habilidade e do físico, Adriano dominou de pé esquerdo, fintou, abriu espaço com o corpo. Chutou com força e precisão, com curva e talento. Bola na gaveta, golaço. Depois de faltar três jogos do Flamengo por causa de suspensão e jogo na seleção brasileira, o Imperador estava de volta e já impunha seu reino.

Quinze minutos depois, Adriano quase fez outro golaço. Éverton cruzou, o Imperador dominou de peito. Com a bola no ar, de costas ao gol, Adriano girou e voleiou de pé direito, sem chance para o goleiro. Porém Magrão tinha sorte, e a bola apenas flirtou com a trave. Logo depois, o artilheiro quase virou garçom. Adriano fez passe sensacional na profundidade para deixar Dênis Marques no cara-a-cara, mas Magrão saiu bem nos pés do atacante rubro-negro.

Assim, o garçom ficou o garçom mesmo. Num escanteio de Sport, bola voltou nos pés mágicos de Petkovic, que percorreu 50 metros com a bola no pé, olho no campo. O garçom, que comemorou seus 37 anos dois dias antes, abriu na direita para o chute cruzado de Zé Roberto, no fundo da rede. Ainda no primeiro tempo, Durval fez falta em posição de último defensor e foi logicamente expulso. O Maracanã partiu para a festa.

No segundo tempo, Flamengo dominou, Álvaro cabeceou duas vezes, mas Magrão defendeu. Adriano quase fez outro golaço de bicicleta, Magrão fez outra defesa. Flamengo reinava no jogo, com outra cabeçada de Álvaro e sim, outra bicicleta de Adriano. Apenas Magrão impedia um naufrágio do Sport. Flamengo finalizou 18 vezes durante o jogo e concedeu muito pouco. Aos 34 minutos do segundo tempo, Magrão fez outra defesaça numa falta de Petkovic. Logo depois, o sérvio de 37 anos, de raça e técnica, saiu aplaudido pela torcida. Depois de começar o ano com poucas oportunidades, com apenas um gol e 0 assistência em 11 jogos, Petkovic parecia começar realmente sua temporada, já na reta final do campeonato. E com ele, o Flamengo era outro.

Flamengo merecia a goleada, ao menos o terceiro gol. Álvaro abriu na direita para Léo Moura, que no seu estilo particular, driblou um, fintou e cravou a falta perto do escanteio. Léo Moura cobrou mesmo e o Imperador chegou mais uma vez. Adriano cabeceou e essa vez, Magrão ficou de pé, apenas olhando para a bola no fundo do gol, se curvando à sua majestade. Depois de três jogos sem fazer gol no Flamengo, Adriano fazia dois, liderava o rubro-negro na vitória, na primeira parte da tabela. E quem ousava, podia sonhar mais, muito mais.

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”