Já de olho na próxima temporada, Flamengo vai estrear contra Bangu no campeonato carioca. Há quase 80 anos, Flamengo fechou a temporada contra Bangu. Durante o ano de 1947, Flamengo jogou em vários lugares do Brasil, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco, mas decepcionou no campeonato carioca. Pior, Vasco conquistou o campeonato invicto com 17 vitórias e 3 empates. Antes do último jogo, o quinto lugar já era definido para Flamengo, atrás até do America.
Assim, nos jornais, não tinha muitas coisas sobre o pré-jogo. Mesmo o tão precioso Jornal dos Sports apenas anunciava: “Bangu x Flamengo, em General Severiano, e Bonsucesso x Canto do Rio, em Teixeira de Castro, são os outros encontros complementares. No primeiro dos referidos encontros, o Flamengo terá nos suburbanos adversários dos mais difíceis. O Bangu ainda domingo venceu o Canto do Rio, em Caio Martins, e surge, portanto, bem credenciado”. O jogo valia nada, ou quase.
O jogo ficou marcado na história por ser o último com o Manto Sagrado do centroavante Pirillo. O craque gaúcho chegou ao Mengo seis anos antes para suceder ao maior ídolo do clube na época, Leônidas da Silva. Pirillo lembrou anos depois: “Dizia-se que nem Jesus Cristo, se voltasse à terra, podia substituir Leônidas da Silva. Mas acabei conseguindo que a torcida do Flamengo me aceitasse”. Pirillo, já eternizado no blog na categoria dos ídolos, conseguiu com muitos gols e muitos títulos. Seus 39 gols no campeonato carioca de 1941 são um recorde até hoje. Foi tricampeão 1942-1943-1944. Muitas vezes, era o artilheiro do ano no Flamengo. Em 1947, dividia a artilharia com um recém-contratado, que também se tornará ídolo contestado, Jair Rosa Pinto.
Flamengo foi meio bem meio mal no campeonato carioca de 1947. Mas faltava um jogo, o último de Pirillo. O palco era o General Severiano, por coincidência o estádio do próximo clube de Pirillo, que também substituirá um ídolo, Heleno de Freitas, também se tornará campeão. Em 28 de dezembro de 1947, o técnico Juca da Praia escalou Flamengo assim: Borracha; Miguel, Newton Canegal; Valdir, Modesto Bria, Jayme de Almeida; Adílson, Jervel, Hélio, Jair Rosa Pinto, Pirillo.
E contra Bangu, “Flamengo venceu bem” segundo o Diário da Noite. E claro, Pirillo deixou a marca dele, abrindo o placar como fechou para uma vitória 4×0. Entre os dois “tentos”, Jair Rosa Pinto e Jervel também fizeram. Assim, Pirillo chegava aos 208 gols, em 237 jogos, total que ainda lhe vale um quarto lugar no ranking dos maiores artilheiros do Flamengo.
O jogo em si, não foi muito bom. “O Flamengo merecia ganhar, é verdade, mas não pela contagem que acusou o ‘placard’ ao finalizar o embate”, escreveu o Diário da Noite. Completou o jornal A Noite, na crônica “Uma peleja falha de técnica”: “Os dois quadros estavam se desobrigando, apenas, do compromisso da tabela e como não tinham nenhuma outra pretensão apresentaram um jogo sem nenhum detalhe de sensação […] A equipe rubro-negra que ontem atuou no campo do Botafogo não demonstrou classe para vencer qualquer adversário categorizado, como não venceu durante o certame. Levou a melhor sobre o Bangu porque o quadro suburbano não passa de modesto, tendo, mesmo, alguns elementos bisonhos”.
Para fechar, ainda o Diário da Noite, sobre o jogo e o final da temporada: “O Flamengo despediu-se ontem do campeonato da cidade realizando uma exibição que se não agradou em cheio, serviu para evidenciar, mais uma vez, as altas virtudes de Jair e Luiz, a displicência enervante e irritante de Pirillo”. O jogo valia quase nada, apenas a despedida de um dos mais brilhantes centroavantes da história e a prova que nem os títulos e os gols são suficientes para se tornar um ídolo absoluto do Flamengo.






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