Esse artigo é para contar um pouco de um dos melhores feitos de minha vida, a criação do consulado Fla Paris. De meu ponto de vista obviamente. Para mim, começou no Twitter com um cara chamado e-van no Twitter, que eu não conhecia bem, mesmo de um modo virtual, mas que falou que um amigo dele procurava pessoas de Paris para fazer um consulado do Flamengo em Paris. Não sabia o que era um consulado do Flamengo, mas morava em Paris e era muito Flamengo. Topei.

Depois, foi o Nicholas Reis, fundador da Embaixada Fla-Portuga que me contou um pouco sobre os consulados do Flamengo. Um consulado precisa de cinco sócios-torcedores para ser fundado, com o objetivo de atrair outros flamenguistas para assistir aos jogos do Flamengo juntos, fazer brilhar o nome do Flamengo no mundo inteiro, e aproveitar dessa força para participar em ações sociais. Topei.

E-van, Ivan na vida real, me deu o contato do Cidel, que morava em Paris e queria criar um consulado aqui. Criamos um grupo no Whatsapp com outras pessoas interessadas. Cidel foi o primeiro a se tornar sócio, depois foi o Felipe. Para mim, teve um problema típico de gringo no Brasil. Não tinha CPF, o que é obrigatório para se tornar sócio. Foi Dudu Barbosa, coordenador dos consulados do Flamengo, que me falou de fazer um CPF fictício para me registrar como sócio. Fiz e funcionou. Agora podia ser sócio-torcedor do Flamengo. Topei.

Uma confissão agora. A primeira vez que fui na Rocinha, em 2017, fui num bar e comecei a falar com dois homens, de 60 anos mais ou menos. Rapidamente, falamos do Flamengo e um deles me mostrou seu cartão de sócio. O primeiro ano de registro era 1981. Falei “ano bom para se tornar sócio”. Eu me tornei sócio-torcedor dia 3 de setembro de 2019. Também um bom ano para botar seu pequeno nome na grande história do Flamengo.

Eu fui o terceiro, depois teve o quarto, o Waldez, e o quinto, que foi o Hugo. O consulado Fla Paris era criado, um 19 de setembro de 2019. Também no movimento da criação do consulado, tinha Flora e Irene, apesar de não ser sócias-torcedoras. Depois teve uma racha por causa de uma matéria sobre a criação do consulado. Quem não era fundador virava fundador e quem era fundador desaparecia. Coisa não muito importante para o consulado, quem é o consulado Fla Paris é quem vai se reunir no bar, assistir ao jogo com outros flamenguistas, participar no grupo no Whatsapp, participar nas ações sociais.

O objetivo dos consulados é de se reunir para assistir aos jogos juntos, mas ainda faltava um bar, uma casa. O primeiro jogo do consulado foi o jogo de ida da semifinal da Libertadores contra Grêmio, 2 de outubro de 2019. O bar escolhido foi The Moore, em Châtelet, no centro de Paris. Foi o consulado do Grêmio em Paris que abriu sua casa para receber os flamenguistas. Quando o futebol é assim, futebol é muito lindo. Por causa do trabalho, não fui. Meu primeiro jogo no consulado foi o jogo de volta, no 23 de outubro de 2019. O cincum. Também um bom jogo para estrear no consulado Fla Paris.

Antes do jogo, fui beber algumas cervejas com Piriquito, companheiro do time de futsal, parceiro das cervejas no bar, irmão flamenguista. Depois, fomos no The Moore e relembro que perto do balcão do bar, vi os outros fundadores, Cidel, Felipe e Waldez. Relembro que Felipe foi o primeiro a me reconhecer, depois foram abraços com pessoas que ainda não conhecia, mas que já eram meus irmãos. Inclusive, a foto no topo do artigo é desse dia, desse momento. Do dia do 5×0.

No bar, tinha 3 gremistas e 50 flamenguistas. Flamengo é muito maior do que o Grêmio. A Wi-Fi era muito fraca, perdemos vários lances do jogo. Em Paris, o gol de pênalti do Gabigol nunca chegou nas redes. Mas eramos juntos, torcendo juntos, vibrando juntos, graças e por causa do Flamengo.

Quando era adolescente, estava muito sozinho com minha paixão. Ninguém, ou quase, conhecia Flamengo na França. Isso era bom nos dias seguintes de derrotas, mas tinha ninguém para zoar depois de uma vitória num clássico. Só com meu melhor amigo podia falar sobre o Flamengo, assistíamos muitos jogos do Flamengo juntos. No domingo, era PSG na televisão e Flamengo no computador. E eu olhava mais o computador do que a televisão.

Mas nas quartas-feiras, 2:30 de manhã na França, estava sozinho. Gosto muito de assistir aos jogos sozinho, em plena noite. Às vezes, um grito contido é mais forte ainda. Relembro de muitos jogos de noite, vitórias ou derrotas, e a impossibilidade de dormir depois, as 4 ou 5 de manhã, apesar do trabalho no dia seguinte. Mas naquela noite do cincum, não estava sozinho mais, estava com irmãos flamenguistas. Relembro do outro gol do Gabigol, no início do segundo tempo. Estava na rua, perto do bar. Alguém assistia ao jogo no celular, eu não vi o gol, não vi nada, mas ele gritou e celebramos juntos, com dez pessoas abraçadas, pulando, gritando, vibrando. Foi um dos gols mais emocionantes que (não) vi no Flamengo.

O cincum foi histórico para o Flamengo e para o consulado Fla Paris. Depois, teve outros capítulos, outros momentos mágicos, outros jogos eternos, que falarei nos próximos artigos. Pelo momento, esse foi, para mim, como a Fla Paris surgiu entre os outros consulados e embaixadas do Flamengo, nos quatro cantos do mundo.

2 respostas para “Na geral #2: A criação do consulado Fla Paris”.

  1. Avatar de Na geral #14: Fla virou e a Fla Paris comemorou – Francesguista

    […] juntou Cidel na galera dos fundadores do consulado Fla Paris no Rio de Janeiro. Já escrevi sobre a fundação da Fla Paris, dia 19 de setembro de 2019, e só faltava Felipe para ter todos os fundadores. O local, se não […]

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  2. Avatar de Na geral #21: O Gabigol voltou! – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] vez em 2019, ano de glórias para o Flamengo com o Brasileirão e a Copa Libertadores, para ser um dos fundadores do consulado Fla Paris. Sendo estrangeiro, tive que usar um CPF fictício para conseguir. Quando cheguei ao Brasil em 2022 […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”