Hoje vamos com um jogo não tão eterno, mas que poderia ter sido. O jogo de abertura do Brasileirão 1995. Já falei na crônica sobre Sávio que eu considerava a contratação de Edmundo um erro. Já em maio de 1995, quando Emundo foi apresentado na Gávea, era um erro. Claro, apesar da rivalidade com o Vasco, considero Edmundo como um craque. Em outros tempos, poderia ter ajudado Flamengo. Mas o Flamengo de 1995 era muito bem de ataque já, com uma dupla que tinha tudo para funcionar, Sávio e Romário. O time era desequilibrado, fraco na defesa e no meio-campo. Se tinha que contratar, devia ser para reforçar as linhas mais defensivas.
E mais, Flamengo já tinha seu craque problema com Romário. Um craque problema pode funcionar, um time precisa de um jogador diferenciado, que pode ganhar jogos sozinho, fazendo esquecer os problemas com os companheiros, adversários, técnicos, juízes, torcedores com uma jogada de craque só. Dois craques problemas é muitos problemas. E o futebol deles acaba se anulando, um querendo ser melhor do que o outro, o outro privilegiando o chute na hora de fazer o passe para o craque companheiro. É inevitável que vai criar problemas, para os companheiros, os dirigentes, o técnico, os torcedores. Romário e Edmundo funcionou no Vasco durante um tempo, mas no Flamengo, era um erro desde o início.
Edmundo chegou no Flamengo dizendo: “Que eu, Romário e Sávio possamos formar o melhor ataque do mundo”. Outro erro, não era uma coisa a dizer na apresentação, e foi obviamente exagerado pela imprensa. Fácil de dizer depois, mas mesmo antes, não dava para imaginar os três jogando bem juntos. Talvez, uma jogada de craque de Romário, depois um lindo drible de Sávio numa outra jogada, e no fim, Edmundo que faz a diferença sozinho. Diversas jogadas de craques, sim, eles eram craques, mas jogar bem juntos, ao longo dos jogos e da temporada, não.
Quando Edmundo chegou, Romário falou: “Edmundo sem confusão não é Edmundo. As confusões vão continuar, só que em menor intensidade”. Outro erro. Foram muitas, e com muita intensidade. Briga generalizada em campo contra Vélez, e pior, um acidente de carro que provocou a morte de 3 pessoas.
Primeiro jogo de Romário e Edmundo juntos foi um amistoso, contra Guarani, em Cuiabá. Era ano de centenário, Flamengo jogou até esse amistoso de papagaio de vintém. Mas viu Guarani abrir o placar. Empatou com um golaço, Edmundo, camisa 11, para Romário, camisa 100, que procurou a tabelinha de trivela. Completou a tabelinha com a chegada de Edmundo, que fez o gol. 1×1, nada de vitória, mas muita esperança para o resto da temporada.
Estreia oficial do Edmundo foi a estreia do Brasileirão, contra Bragantino. Flamengo estava de briga com a Suderj, e deslocalizou o jogo, do Maracanã para o São Januário, por ironia, onde começaram Romário e Edmundo. Já no iníciozinho do jogo, foi arrancada e dribles de Sávio. Depois, assistência de Romário e gol de Edmundo. “Edmundo é cruel” falou o comentarista Januário de Oliveira. Marcelo Henrique empatou e estragou a festa até o finalzinho do jogo quando Aloísio, 20 anos e que tinha entrado no jogo, chutou com força. O goleiro rebateu sem força, Romário fez o gol da vitória. “Romário é cruel” falou Januário de Oliveira.
Flamengo começava o Brasileirão com uma vitória. Era o ano do centenário, Flamengo esperava um título, uma glória eterna para os 100 anos. E o ano do centenário foi cruel para Flamengo. Flamengo começou bem, dava para pensar que não ia se concluir tão bem, mas não dava para pensar que ia ser tão ruim. Flamengo fechou a primeira fase na última colocação, escapando do rebaixamento de pouco!
Um ano para esquecer, mas Flamengo é inesquecível.








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