Times históricos #4: Flamengo 1993

O time de 1993 teve craques de alta qualidade: Djalminha, Marcelinho Carioca, Renato Gaúcho, Casagrande. Tinha também Gilmar, Júnior Baiano, Wilson Gottardo, Marquinhos, Charles Guerreiro, Paulo Nunes, Gaúcho. Até de técnicos, Flamengo era bem servido nesta temporada: Carlinhos, Jair Pareira, Evaristo de Macedo, Júnior. Imagina um time com esses jogando juntos. Mas claro, uma temporada com tantos técnicos diferentes não pode ser ótima.

Começou a temporada com o campeonato carioca e a Libertadores. Na Libertadores, começou com um empate e uma derrota, mas depois se recuperou, e se classificou nas oitavas após uma vitória contra o Atlético Nacional no Maracanã. Eram muitos jogos, estreou também na Copa do Brasil, estreou direito, com uma goleada 4×0 contra América-RN e três gols de Nílson.

O Flamengo de 1993 poderia ter sido histórico. Eram muitos jogos, muitas competições, e muitas goleadas também, em poucos dias. 31 de março, um 5×0 contra America no campeonato carioca. 3 de abril, um 3×0 contra Paysandu na Copa do Brasil. 5 de abril, um 3×0 contra Bangu no campeonato carioca. E depois o jogo mais eterno da temporada, contra Minerven, no Maracanã, no jogo de ida das oitavas da Copa Libertadores. Começou com um gol contra de Minerven, e depois foi apenas o Mengão. Gol de Marcelinho Carioca, Gaúcho, Nélio, Wilson Gottardo, Marquinhos, Djalminha, Nílson. 8×0 e no fim, Minerven salvou um pouco de honra com dois gols, para um 8×2 eterno. Sete jogadores diferentes no placar, um time histórico.

O Flamengo de 1993 poderia ter sido histórico. Ainda mais que tinha uma camisa muita bonita, brilhante, com foi o Mengo nesse ano. Mas caiu nas quartas de final da Libertadores, contra o campeão em título, e também futuro campeão, São Paulo. Perdeu um jogo decisivo do campeonato carioca, contra o campeão em título, e também futuro campeão, Vasco. E quatro dias depois, perdeu contra Grêmio na semifinal da Copa do Brasil. Em pouco mais de um mês, Flamengo estava eliminado de três competições.

Mas era uma temporada longa, com muitas competições. Estreou com um Fla-Flu no Torneio Rio – São Paulo, de volta pela primeira vez desde 1966. Renato Gaúcho abriu o placar, mas Flamengo cedeu o empate no último minuto. No último jogo do grupo, podia se classificar para a final com uma vitória contra Santos no Vila Belmiro. No intervalo, 0x0. Mas no 27 de julho de 1993, exatamente 18 anos antes do 5×4 eterno, Santos fez 4 gols, fazendo um 4×0 histórico. Flamengo salvou um pouco de honra com três gols nos últimos dez minutos, mas não salvou a classificação. Santos 4×3, Flamengo eliminado. Um Flamengo que poderia ter sido histórico, mas que começava a não ser.

Em setembro era momento de estrear no Brasileirão. De novo, começou o campeonato com um 1×1, contra Bragantino. O jogo de volta foi pior, bem pior, com uma derrota 5×1. Mesmo assim, se classificou para a segunda fase, contra Santos, Corinthians e Vitória. Nessa fase, ficou na última colocação, com nenhuma vitória em 6 jogos.

Agora, só faltava uma competição para ser campeão, a Supercopa Libertadores. Começou com uma derrota 1×0 contra Olímpia, mas na volta no Maracanã, Renato Gaúcho abriu o placar de cabeça. Num escanteio, Casagrande fez o gol do 2×0, também de cabeça. Gostava muito do Casagrande, acho que ele tinha muito carisma, mas fez pouco no Flamengo. Apenas 35 jogos e 7 gols. Em seguida, Nélio provocou um pênalti depois de uma caneta sensacional. Júnior Baiano, com tranquilidade, transformou o pênalti. Flamengo estava nas quartas de final.

Contra River Plate, de novo Flamengo foi derrotado por 1×0 na ida. De novo, Flamengo voltou no Maracanã, de novo com um gol de cabeça, agora de Rogério depois de um cruzamento de Marcelinho. O jogo foi nos pênaltis, Magno, que tinha entrado durante o jogo, perdeu. Silvani, que também tinha entrado durante o jogo para River, também perdeu. Éder Lopes? Também reserva no início do jogo, também perdeu. E Fernandez, agora titular, também perdeu. Quatro pênaltis perdidos em seguida! Os jogadores não sabiam mais fazer um pênalti, então precisava de um goleiro. Gilmar foi para a cobrança e desfez a igualidade com força, agora 3×2 para Flamengo. Todo mundo achou o caminho das redes do novo, foi de 3×2 a 5×4. Agora, o outro goleiro, Sodero, para fazer o pênalti. Não tremeu, 5×5. Gélson fez 6×5 para o Flamengo. Corti não fez para River, Gilmar fez a defesa e virou herói, River cortado da Supercopa, Flamengo na semi.

A semifinal, contra Nacional, foi mais fácil. Vitoria 2×1 no Maracanã, gols de Casagrande e Renato Gaúcho. Vitoria 3×0 no Gran Parque Central, dois de Nélio, um de Renato Gaúcho, Flamengo na final. Agora era jogo de título, jogo de vingança também, contra São Paulo, que tinha eliminado o Flamengo da Libertadores. Um jogo para deixar o ano 1993 histórico.

Jogo de ida, no Maracanã, dia 17 de novembro, não do aniversário do Flamengo não, mas da fundação sim. E foi um jogador da base que abriu o placar, mas agora jogando pelo São Paulo, Leonardo, aproveitando de uma bola perdida de Júnior Baiano. Marquinhos empatou, um golaço depois de driblar dois defensores, e desempatou, aproveitando a falha de Zetti. Flamengo teve oportunidades de fazer o terceiro, mesmo depois da expulsão de Júnior Baiano, mas Zetti segurou. E no fim, empate de um jogador que ia vestir o Manto Sagrado, Juninho Paulista, que tinha entrado no lugar de Palhinha. 2×2 no Maracanã.

No jogo de volta, Renato Gaúcho calou o Morumbi no início do jogo, de novo com um gol de cabeça. São Paulo fez gols com os mesmos jogadores do que na ida: Leonardo e Juninho Paulista. Flamengo empatou, também com um jogador que tinha feito o dele na ida, ou melhor os dois dele, Marquinhos, de novo com um chute de fora da área. 2×2, o jogo precisava de um vencedor, de um campeão, e foi nos pênaltis. Flamengo tinha vencido uma disputa de penalidades, nas quartas, e São Paulo, uma outra, nas semifinais, contra o Atlético Nacional. No Morumbi, todo mundo fez o pênalti, menos o melhor cobrador da disputa, Marcelinho, que achou a trave de Zetti. São Paulo campeão, Flamengo sem título no ano 1993.

Flamengo fechou a temporada com nenhuma vitória nos últimos 9 jogos de 1993! Um ano que poderia ter sido histórico, mas que não foi.

4 respostas para “Times históricos #4: Flamengo 1993”.

  1. Avatar de Na geral #14: Fla virou e a Fla Paris comemorou – Francesguista

    […] E no final do jogo, Gabigol, que só fez um gol de pênalti, fez mais uma jogada mágica, digna de Zico, com uma bola na cabeça de Vidal, para a cabeça de Pedro, que podia pedir a música, pedir a bola do jogo, fazer a reverência, fazer a alegria do Maraca, a alegria da Nação flamenguista. E três minutos depois, a três minutos do final do jogo, Pedro, com um chute cirúrgico, deixava o quarto gol dele e fazia um das suas atuações mais marcantes com o Manto Sagrado. Um jogo marcante não só para o Pedro, mas para todo o time, um jogo já eterno. Na volta no metrô, relembrava que Flamengo já atropelou um time 8×2, Minervén, só não relembrava o ano, que foi o ano histórico de 1993. […]

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  2. Avatar de Jogos eternos #62: Flamengo 3×2 Fluminense 1993 – Francesguista

    […] ano é 1993, um ano histórico apesar da falta de títulos. No campeonato carioca, Fluminense tinha conquistado a primeira fase e […]

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  3. Avatar de Jogos eternos #84: Flamengo 3×1 Olimpia 1993 – Francesguista

    […] Racing. Um ano depois, Renato Gaúcho brilhava pela terceira vez com a camisa rubro-negra em 1993, um time histórico, apesar da falta de […]

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  4. Avatar de Jogos eternos #201: Nacional 0x3 Flamengo 1993 – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] ano é 1993, um ano histórico no Francêsguista, a competição é a Supercopa Libertadores, instaurada em 1988 e que reunia apenas os campeões da […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”