Ontem era o aniversário do Flamengo, 127 anos de glória e de luta, de raça, amor e paixão. As festividades para mim começaram no sábado com o encontro das embaixadas e dos consulados na sede do clube. Tinha bandeiras de todos os lugares do Brasil, de Roraima até cidades da Baixada Fluminense. E bandeiras de fora do Brasil, do Miami de Ramon, do Washington de Bernard, outro gringo flamenguista, e claro da Fla Paris. Nenhum outro clube do Brasil é capaz de fazer isso.

Eu estava com Toni, filho do nosso presidente Cidel. Era a primeira vez que o encontrava, mas a gente se falava antes e tinha essa impressão de se conhecer já. O Flamengo permite isso também. Bebemos cervejas, fizemos amizade com os Flamigos de Natal, depois Tiffany, que estava comigo no AeroFla, me falou que o irmão dela estava lá, com a Fla Unidos de Campo Grande. Encontrei ele com muita alegria. E a Fla Unidos estava com a Fla Oceânica, de Niterói. E a Fla Paris apoia uma ONG de Niterói, a Associação Amor ao Próximo. Pegamos contatos da Fla Oceânica para organizar ações juntos. Se tem um outro clube do Brasil que é capaz de fazer isso, não o conheço.

Depois, era a hora de ir no Maracanã, infelizmente para a última vez do ano. Assisti a 7 jogos esse ano, com muito amor e muito orgulho. No calor do Maracanã, perdi meus óculos no pré-jogo. Fui pedir no bar se alguém tinha deixado os óculos aqui, mas o irmão desconhecido flamenguista ao meu lado era mais sensato: “Já era irmão, aproveite o jogo”. Então fui aproveitar, mas com uma visão fraca, mudei de lugar na arquibancada. Sempre vou com a Fla Manguaça, um pouco em cima do grupo mais animado e das bandeiras. Sem óculos, fui um pouco em baixo na Fla Manguaça. Não sei se é a troca de lugar ou é porque era o último jogo, mas o ambiente, no primeiro tempo, foi um dos melhores que vivi esse ano. Todo mundo, ou quase, cantava. Frustrante que o segundo tempo foi menos animado, talvez por causa da derrota. Mas o Flamengo já deu muitas alegrias esse ano de 2022, meu primeiro no Brasil.

Domingo é dia de torcer pro time que sou fã. Não no Maracanã, mas no Centro do Rio, para a recepção dos jogadores. Desde que eu sei que estarei no Brasil para a final da Copa Libertadores, eu estava louco para viver a recepção, como foi em 2019 com imagens incríveis. Em 2022, já duas semanas depois do título e não o dia seguinte, o ânimo foi um pouco menor. Estava com a Roça Fla, o grupo de torcedores da Rocinha, e acho que o AeroFla foi mais impressionante. No AeroFla, era a torcida, na recepção era a ligação entre a torcida e os jogadores. E o Flamengo é muito bem servido de ídolos. Claro essa torcida merece. Em 2019, foi Bruno Henrique, em 2022, David Luiz e Arturo Vidal. Como gringo flamenguista, me identifico com o Arturo Vidal, que deve viver um sonho incrível. Mas o ídolo maior dessa geração é sem dúvida Gabigol. Decisivo, provocante com os ex-rivais, Gabigol continua a fazer história num time da favela. E agora meu ídolo veste a camisa 10. Por muitos anos eu espero.

Segunda-feira fui no CT Ninho do Urubu, com outros sócio-torcedores e membros de consulados. Outras amizades, mas uma visita um pouco rápida, do lugar da base até o dos profissionais. Para mim, momento mais emocionante talvez foi um pouco inusitado. Foi quando o guia mostrou o lugar onde o ônibus fica para esperar os jogadores antes de ir no aeroporto dia de jogo fora de casa, ou no Maracanã dia de jogo em casa. Imaginei a mistura de excitação e de ansiedade dos jogadores antes de um jogo importante. Não dá realmente para perceber, mas muitos momentos importantes do clube aconteceram nesse lugar. Também uma decepção, não vi nenhuma homenagem aos 10 garotos do Ninho, com se essa tragédia não existiu. Mas aconteceu, e eles merecem ser lembrados, como a torcida lembra durante todos os jogos no Maracanã.

Terça-feira era dia do aniversario, dia de todos os flamenguistas. Cheguei um pouco tarde na Gávea e faltei a inauguração do busto de Lico, homenagem bem-merecida, e da maior parte do show da Charanga Rubro-Negra. Mas cheguei a tempo para encontrar de novo pessoas que estavam comigo na visita do CT, ver de novo o americano Bernard, ser entrevistado pelo Alan do canal Urubu 81, tirar uma foto com o Adílio, e comprar a biografia do Mozer, que me fez o prazer de dedicar o livro. Um dia lindo para quem é flamenguista, cheio de alegria e de saudade já, porque vou sentir muita falta do Flamengo até o ano próximo, eu espero, outro ano de ouro para meu Flamengo.

Uma resposta para “Na geral #9: Um fim de semana inteiramente rubro-negro”.

  1. Avatar de Na geral #10: Encontrei Deus – Francesguista

    […] cantando o hino juntos depois do gol do Ganso que não calou o Maracanã. Tem também claro a recepção dos campeões no Centro do RJ, um momento único entre os jogadores e a torcida. Mas acho que o encontro com Zico supera todos […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”