Jogos eternos #22: Gama 2×4 Flamengo 2000

Gama é um clube de Brasília, que em 2022 jogou apenas o campeonato brasiliense. Mas em 2000, foi o pivô de uma nova virada de mesa do futebol brasileiro, onde os detalhes não serão detalhados nessa crônica. Basta dizer que Gama recorreu na justiça comum para garantir seu lugar no Brasileirão de 2000, uma edição com 116 clubes! A competição pegou o nome de Copa João Havelange, do nome do presidente brasileiro da FIFA, onde também aqui nós não vamos contar mais detalhes.

Gama ficou no Módulo Azul da Copa João Havelange, que era mais ou menos a Série A, com 25 clubes, incluindo obviamente Flamengo, que nunca foi rebaixado do Brasileirão. Flamengo não fez um ótimo início no Brasileirão 2000, com 5 vitórias, 5 empates e 2 derrotas. Antes do jogo contra Gama, vinha de uma vitória 3×0 contra Santos no Maracanã, com gols de Adriano, Petkovic e Fernando.

No 30 de setembro de 2000, no antigo estádio Mané Garrincha, o saudoso Carlinhos escalou Flamengo assim: Júlio César; Bruno Carvalho, Fernando, Ronaldo, Athirson; Leandro Ávila, Rocha, Mozart, Petkovic; Denílson, Edison. Um time com craques e ídolos, que poderia ter feito bem mais em campo, mas a diretoria era bem mais desorganizada do que hoje, o que nunca ajuda. Uma palavra aqui para a camisa de 2000, a primeira de Nike depois de anos com Umbro. Era um Manto Sagrado muito lindo, para mim mais lindo do que os últimos do Umbro.

Contra Gama, Flamengo abriu o placar com 17 minutos. Jogada começou com Denílson, um jogador que eu adorava com a Seleção, particularmente na Copa de 1998, com um estilo de jogo tipicamente brasileiro, cheio de ginga e de dribles. Em 2002, foi novamente muito bem na Copa. Entre os dois, uma passagem no Flamengo não tão feliz. Mas contra Gama, matou a bola de peito e deixou de calcanhar para Athirson, que eliminou um adversário de caneta e entrou na área. Bola para Petkovic, primeiro chute bloqueado por um zagueiro, segundo chute nas redes. Flamengo 1×0. Depois de uma primeira experiência brilhante no Brasil com a camisa de Vitória, e uma volta na Europa com Venezia, Petkovic foi num clube bem maior, nosso Flamengo, e começou a brilhar com gols, assistências e jogadas mágicas.

Alguns minutos depois do gol, Gama aproveitou da desorganização da zaga do Flamengo para empatar com um gol de Juary. Antes do intervalo, Flamengo conseguiu ter um pênalti, depois de dois dribles do lateral-direito Bruno Carvalho. Era mais falta do que pênalti, mas para Petkovic falta e pênalti eram quase a mesma coisa, quase um gol. De 11 metros, Petkovic bateu com força, com precisão e fez o seu segundo do jogo. No intervalo, depois de dois milagres de Júlio César e de uma bola salvada na linha do gol de Ronaldo, Gama 1, Flamengo 2.

No início do segundo tempo, Gama empatou com um gol contra do não tão gênio Mozart. Depois, Flamengo e Gama tiveram oportunidades, mas nada de gol. Com 30 minutos no segundo tempo, a torcida do Flamengo, que enchia quase todo o estádio Mané Garrincha, foi à loucura com Adriano que finalizava o aquecimento e se preparava para entrar, e com uma falta para Petkovic, a mais ou menos 25 metros do gol, bem no eixo central do gol. E para Pet, uma falta era quase um pênalti, quase um gol. Com uma trajetória que ia ser eternizada no ano seguinte, a bola foi na gaveta do pobre goleiro de Gama. Petkovic completava o hat-trick, seu único com o Manto Sagrado, e de novo, Flamengo estava na frente no placar..

Só que dessa vez, Flamengo não cedeu o empate, conservou a vantagem, ampliou-a. Porque agora tinha um outro gênio em campo, não da Sérvia mas da favela, um atacante de 18 anos, Adriano Leite Ribeiro, nosso Didico. Na sua primeira bola, no meio de campo, Adriano passou de um defensor e antes da chegada do segundo, abriu na direita para Rocha. Adriano foi na grande área, Rocha tentou finalizar a tabela, mas por poucos centímetros, Adriano não conseguiu dominar a bola. A torcida flamenguista ficou no grito de desespero.

Adriano ficou na frente da ataque, e Arthirson se infiltrou na zaga, Adriano abriu espaço na esquerda, Arthirson deixou de trivela, Adriano bateu cruzado, brocou, comemorou com a torcida agora com gritos de alegria, sob os aplausos do Petkovic no banco, que tinha cedido seu lugar para Alessandro. Gama 2, Flamengo 4, show de Petkovic, brilho de Adriano, que fazia aqui seu sexto gol da temporada.

Flamengo fazia aqui um dos seus melhores jogos do campeonato, mas era o Flamengo do fim do século XX – começo do século XXI. Em seguida, perdeu cinco jogos consecutivos e ficou fora da fase seguinte por 3 pontos. Flamengo já estava eliminado de um campeonato que ia ser conquistado pelo arquirrival Vasco. Para esquecer, mas a história, de novo como Petkovic, ia ser bem diferente alguns meses depois.

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  1. Avatar de Times históricos #10: Flamengo 2000 – Francesguista

    […] goleou o Santos do Edmundo e venceu Gama, num jogo eternizado aqui. Depois, foi a vez de Alex de estrear com o Manto Sagrado, mas o craque do Palmeiras fez muito […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”