Eu acho que o Flamengo de 1996 foi o melhor time da Era Romário, junto com o ano de 1999. Foi um ano de muitas competições, muitos jogos e até títulos. Um time que tinha como craque Romário claro, mas também o goleiro Zé Carlos, um jovem Athirson, um muito jovem Juan, um meio campo com o argentino Mancuso e as promessas Rodrigo Mendes e Iranildo, e um ataque impressionante, que não tinha só Romário, longe disso. Em 1996, jogaram no ataque craques como Sávio, Bebeto, Nélio, Aloísio Chulapa e Amoroso. Joel Santana tinha nas mãos um time de muita qualidade, que podia brigar para todos os títulos.
Flamengo começou a temporada com um torneio amistoso, a Copa Euro-América, junto com Borussia Dortmund e Palmeiras. Seria muito legal ainda ter esse tipo de torneios amistosos hoje. No primeiro jogo, 1×1 contra o Borussia, gol de Romário. No segundo jogo, 1×1 contra o Palmeiras, gol de Romário. Nesse início de temporada, o Baixinho já mostrava o que ele sempre foi: um goleador nato, um artilheiro, o gênio da grande área. Mas quem levou o título foi o Palmeiras, com uma goleada 6×1 contra o Borussia, último campeão da Alemanha.
Depois, Fla jogou a Taça da Cidade Maravilhosa, que o vencedor, o Botafogo, considera como campeonato carioca especial. Bem. O Flamengo foi invicto, com 3 vitórias e 4 empates, mas não foi campeão. Nessa competição, Flamengo chegou a jogar na Gávea, um de seus últimos jogos de sua história nesse estádio. Não é a prioridade, mas gostaria de uma reforma da Gávea para jogar alguns jogos, do time principal ou dos outros times do Flamengo.
Flamengo estreou em competição oficial na Copa do Brasil, contra Linhares no Espirito Santo, com a primeira polêmica do ano de Romário. O Baixinho só queria chegar lá no dia do jogo. Perdeu o voo, voluntariamente ou não, perdeu o jogo também. Flamengo não perdeu, ganhou 1×0 e disputou o jogo de volta no antigo estádio Mané Garrincha de Brasília. Flamengo é do Brasil. E Flamengo aplicou uma goleada, com show do nosso ídolo Sávio, que fez um golaço depois de um drible de vaca no pobre goleiro.
Na estreia do campeonato carioca, nova vitória, contra Volta Redonda. A fase da Taça Guanabara foi quase perfeita, 11 jogos, 10 vitórias e um empate, contra Fluminense. Um ano depois do jogo eterno de 1995, infelizmente perdido pelo Flamengo, Renato Gaúcho fez dois gols para o Fluminense, mas Romário empatou no fim do jogo e se envolveu em mais uma polêmica, provocando a torcida do Fluminense e o próprio Renato Gaúcho na comemoração. Na opinião de Romário claro, ele comemorava os gols como ele queria, gols eram deles. E foram muitos gols. Só na Taça Guanabara, Romário fez 17 gols em 10 jogos! Apenas no primeiro jogo o Baixinho passou em branco. Depois, fez contra todos os grandes do Rio, Botafogo, Fluminense, Vasco. Também fez 5 gols contra Olaria, onde jogou quando ele era jovem, e 4 gols contra o America, time de coração de seu pai. O Romário era sinistro.
Na Copa do Brasil, Flamengo passou do Inter nas quartas de final. Depois de uma derrota no Beira-Rio na ida, um jogo épico no Maracanã na volta. Nélio abriu o placar, depois foi show de Sávio, que começou para obter um pênalti. Romário perdeu. Acontece às vezes, Romário falando na televisão de uma “sensação estranha”. De novo Sávio, com um drible curto, um chute seco, um gol para deixar Flamengo na frente no placar. De novo Sávio, provocando mais um pênalti. Romário fez, aconteceu muitas vezes. De novo Sávio foi derrubado na grande área, agora sem pênalti apesar de a marcação ser evidente. Enfim, Flamengo na semifinal, com mais um grande show de Sávio.
Na Taça Rio, a segunda fase do campeonato carioca, mais jogos e mais gols de Romário. Dois contra Itaperuna, um contra Barreira, quatro contra Olaria durante mais um jogo na Gaveá. Olaria pode ter pesadelos de seu antigo jogador, em dois jogos, O Baixinho fez 9 gols. Romário ainda fez dois gols no 2×2 contra Botafogo. Depois, sem gol de Romário, Flamengo foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil pelo futuro campeão Cruzeiro, e de forma surpreendente, O Baixinho não marcou nos quatro últimos jogos do campeonato carioca. Mesmo assim, Flamengo, após um 0x0 contra Vasco no Maracanã, conquistou a Taça Rio com 8 vitórias, 3 empates e nenhuma derrota. Assim, Flamengo se livrou de uma final para já conquistar o campeonato carioca, pela primeira vez de forma invicta desde 1979. Mesmo não marcando nos últimos jogos, Romário fez 26 gols em apenas 19 jogos, sendo evidentemente o artilheiro do campeonato carioca.
Depois, mais uma competição. A Copa dos Campeões Mundiais, apenas com times brasileiros: Santos, Flamengo, Grêmio e São Paulo, nesse momento os únicos brasileiros campeões mundiais, isso não é um debate. Flamengo empatou 0x0 contra São Paulo e venceu Grêmio 2×0, com gol e assistência de Romário. Fla também venceu Santos para se classificar na final, contra o São Paulo de Muricy Ramalho. Claro, Romário deixou o dele, de pênalti, mas não foi suficiente e Flamengo foi vice-campeão. Foi o último jogo de Romário, até voltar, com o Manto Sagrado. Quando seu antigo parceiro do Tetra de 1994, Bebeto, voltou no Flamengo, Romário voltou na Espanha, agora no Valência. O fim de uma era, graças a Deus, não um fim definitivo. Flamengo ainda precisava do Baixinho e o Baixinho ainda precisava do Flamengo para ser feliz.
Depois, mais uma competição. O Brasileirão, com estreia também de Bebeto, contra o Atlético Mineiro, com vitória 2×1 no Maracanã. Cinco dias depois, mais uma competição, a Copa Ouro, entre os diferentes campeões da Conmebol em 1995: Grêmio da Libertadores, Rosário Central da Copa Conmebol, São Paulo da Copa Master da Conmebol. Independiente, vencedor da Supercopa Libertadores, desistiu e o vice-campeão Flamengo foi chamado. Fla venceu na semifinal Rosário Central, com dois gols de Fábio Baiano. Na final, uma vingança da final da Copa dos Campeões Mundias contra o mesmo São Paulo. E mais um show do Anjo Loiro. Contra um jovem Rogério Ceni, Sávio fez apenas os três gols do Mengo, sempre com muita categoria. Mais um título para o Flamengo de 1996.
Depois, uma excursão na Europa. Realmente um calendário incrível, e muitos jogos, em 1996 foram 81 jogos! Um número de alegria para a torcida, mas realmente desgastante para os jogadores, ainda mais com tantas competições e jogos em vários continentes. Na Europa, Flamengo jogou o Troféu Naranja de Valência, parte de acordo da transferência de Romário, um troféu que Flamengo já tinha conquistado no ano histórico de 1964, e também em 1986, outro ano histórico, mas ainda não nesse blog. Goleou o time italiano de Venezia por 5×2, mas perdeu contra Valência por 2×0. Romário nem participou no jogo.
Como foi muitas vezes o caso nessa época, Flamengo decepcionou no Brasileirão. Entre a segunda e a quarta rodada, perdeu os três jogos. Depois perdeu quatro jogos consecutivos, inclusive com goleadas sofridas: 1×4 contra São Paulo, 1×4 contra Vasco, 1×3 contra Grêmio, 1×4 contra Paraná. Uma decepção, um sofrimento, uma vergonha, vendo a qualidade do time. Estreou numa outra competição, a Supercopa Libertadores. Estreou com empate 0x0 contra Independiente, mas conseguiu se classificar no jogo de volta com uma vitória 1×0 no Mané Garrincha, gol de Fábio Baiano. Nas quartas de final, foi eliminado contra Colo-Colo. Mais uma decepção.
A alegria voltou junto com um velho conhecido, um ídolo, Romário. O Baixinho brigou com o técnico espanhol Luis Aragonés e voltou no Rio, ao Flamengo, voltou a vestir o Manto Sagrado. Mas a alegria durou pouco. Para o primeiro jogo da dupla Romário – Bebeto no Flamengo, contra o Internacional, Romário saiu por contusão com apenas 39 minutos do jogo, e Flamengo foi derrotado no Maracanã. No fim do ano, já sem Bebeto, Romário voltou a jogar os dois últimos jogos do campeonato. Sem gol para ele, e com duas derrotas para o Flamengo, fora das quartas de final. Um final decepcionante, mas que não faz esquecer o início de ouro, com campeonato carioca invicto e artilharia impressionante de Romário.








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