Antes do jogo de hoje, a lembrança do dia era evidente: a Supercopa do Brasil 2021, em Brasília, contra Palmeiras. Foi um jogaço entre dois supertimes. De um lado, nosso Flamengo, campeão brasileiro. Do outro lado, Palmeiras, campeão da Copa do Brasil. Um jogaço no papel, que também foi no campo.
Considero que a rivalidade entre Flamengo e Palmeiras é a maior do Brasil desde 2016. Os dois times brigam pelo todos os títulos, no Brasil e no continente. Os dois times quase sempre no G-4, com título em 2016, 2018 e 2022 para Palmeiras, em 2019 e 2020 para Flamengo. Os dois times com os 4 últimos títulos da Copa Libertadores, dois para cada um. Números impressionantes.
Gosto muito da Supercopa do Brasil, uma competição que foi criada em 1990 por apenas duas edições e que voltou em 2020, com as mãos do Flamengo já na taça. Em 2021, era hora de mais um clássico entre Flamengo e Palmeiras. Era infelizmente também tempo da Covid e do lockdown. O estádio Mané Garrincha era de portões fechados. Na França, o terceiro lockdown começou uma semana antes da Supercopa do Brasil e assisti ao jogo sozinho em casa. Também gosto de assistir aos jogos sozinho, mas o momento era difícil, com saudade da família, dos amigos e do consulado da Fla Paris.
No 11 de abril de 2021, Rogério Ceni escalou Flamengo assim: Diego Alves; Isla (Matheuzinho), Willian Arão, Rodrigo Caio, Filipe Luís; Gérson (Pepê), Diego (João Gomes), Arrascaeta; Everton Ribeiro (Vitinho), Bruno Henrique (Michael), Gabigol. Um time muito ofensivo, com muita qualidade também. O Palmeiras era outro timaço, com grandes jogadores em cada linha: Wewerton, Gustavo Gómez, Felipe Melo, Raphael Veiga, Rony. Também tinha muita qualidade no banco, entraram durante o jogo Mayke, Gabriel Menino, Danilo, Gabriel Veron e Gustavo Scarpa. Um jogaço com dois timaços, um jogo eterno.
E jogo começou muito mal para o Flamengo, muito rapidamente. Com apenas um minuto de jogo, Raphael Veiga fez de calcanhar um drible de vaca que deixou Willian Arão sem reação e finalizou, de trivela. E Flamengo empatou, também com um grande drible, agora de Filipe Luís sobre Gustavo Gómez. Filipe Luis finalizou na trave, mas Gabigol, de dreadlocks loiras, empatou. Não importa o corte de cabelo, o homem gosta de marcar nos dias de finais, nos dias de títulos, nos dias de jogos eternos.
No minuto seguinte, Palmeiras quase desempatou. Breno Lopes driblou Diego Alves e chutou, mas Diego Ribas salvou em cima da linha, um dos lances mais memoráveis de Diego com o Manto Sagrado. De falta, Raphael Veiga teve a oportunidade do doblete, mas Diego Alves foi vigilante. E quem desempatou foi Flamengo, no tempo adicional do primeiro tempo. Desempatou com um golaço. Bruno Henrique para Arrascaeta, que driblou no centro e chutou de fora da área. Wewerton apenas olhou. No intervalo, Flamengo 2×1 Palmeiras, já um jogaço.
Segundo tempo foi também muito animado, Gabigol também teve a oportunidade do doblete, e até fez o gol, mas o gol foi muito mal anulado, com um impedimento inexistente. O VAR não foi acionado, e estou tentando entender até hoje. Quem aproveitou foi Palmeiras, dois minutos depois, Rony entrou na área e o juiz marcou um pênalti duvidoso. Agora sim, Raphael Veiga fez o doblete. Ainda não era o momento de Diego Alves brilhar nos pênaltis. No fim do jogo, Wewerton fez duas grandes defesas contra Bruno Henrique e Gabigol. No apito final, empate, decisão de penalidades.
No começo da disputa de penalidades, os craques Raphael Veiga e Arrascaeta fizeram. O capitão palmeirense Gustavo Gómez também fez. Filipe Luís, depois de achar a trave durante o jogo, achou o travessão durante a disputa. Gustavo Scarpa, outro canhoto, fez, ainda não era o momento de Diego Alves brilhar. Matheuzinho errou, com defesaça de Wewerton. Flamengo 1×3 Palmeiras. Relembro que considerei o jogo como perdido e que me consolei sozinho, me dizendo que a Supercopa não era um título importante. Já estava sem esperança mas agora sim, era o momento de Diego Alves brilhar.
Diego Alves era um dos melhores goleiros do mundo quando se tratava de pênaltis, talvez o melhor. Muito ativo na linha, já tinha defendido pênalti de Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Griezmann e Diego Costa. Os melhores da Espanha, do mundo. Coisa impressionante. No calor de Brasília, com flamenguistas desesperados na televisão, Diego Alves defendeu a cobrança de Luan. A esperança ainda existia, ainda mais depois do gol de Vitinho. Ainda faltava um milagre, que Diego Alves fez, contra outro canhoto, Danilo, com defesa maravilhosa. Gabigol, quinto cobrador, não podia errar se não queria oferecer o título ao Palmeiras. Não errou, fez com tranquilidade. Flamengo 3×3 Palmeiras. Que amo o futebol, que amo o Flamengo.
Com ainda mais estresse, Viña, outro canhoto, fez. O garoto João Gomes, 20 anos, chutou, Weverton desviou, o coração parou, mas João Gomes empatou. Outro garoto, até no nome, Gabriel Menino, chutou, Diego Alves fez outro milagre. O garoto Pepê tinha o título no pé direito, mas bateu fraco, e Wewerton defendeu. Muita emoção em Brasília, Flamengo 4×4 Palmeiras. Mais um garoto, mais um Gabriel, agora Gabriel Veron, fez. Michael, com força, empatou. Agora era a vez de Mayke, e Diego Alves defendeu mais uma vez, a quarta cobrança defendida. Defender dois já é muito, três é coisa de milagre, mas defender quatro pênaltis na mesma disputa, só Diego Alves, só nosso goleiraço.
Rodrigo Caio foi o nono jogador do Flamengo a chutar, só faltava Isla e Diego Alves depois. Wewerton ficou no meio, Rodrigo Caio fez o gol, ofereceu o título ao Flamengo, mas o herói era de luvas e de camisa amarela, Diego Alves. Com essa disputa de penalidades eterna, Diego Alves chegou ao 40o pênalti defendido na carreira. Com Flamengo, 11 defesas nos 39 pênaltis cobrados, um aproveitamento de 28%, uma coisa realmente impressionante.
Obrigado Diego Alves para sua passagem no Flamengo, onde honrou muito o Manto Sagrado de Raul Plassman e outros, onde nos ofereceu um título, depois de um jogo eterno contra Palmeiras.








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