Ídolos #10: Diego

Ídolos #10: Diego

A camisa 10 é a mais bonita do futebol, ainda mais no Flamengo, onde foi eternizada pelo Nosso Rei Zico. E para escolher um ídolo camisa 10, o nome de Zico era o mais obvio, mas ainda não me sinto preparado para escrever essa crônica. Eu quero um texto igual à carreira dele no Flamengo e não é hoje que vou atingir a perfeição. Depois, tinha outros nomes, mas Sávio já escreveu sobre ele, Petkovic guardo para a crônica 43 se eu vou até lá, Ronaldinho era outra opção, mas eu vou de nosso último camisa 10, antes de dar a camisa 10 para Gabigol, Diego.

Escolho Diego com uma pergunta, Diego é ídolo ou não ídolo do Flamengo? Já duvidei da idolatria de Júnior, então claramente pode ser o caso para Diego. Parece-me que ele já se colocou acima do clube, o que é para mim a característica do não-ídolo.

Diego chegou ao Flamengo em 2016. Para muitos, foi o primeiro reforço de peso do projeto de Eduardo Bandeira de Mello. Discordo. Acho que Paolo Guerrero, que chegou em 2015, foi o primeiro nome internacional. Mas a passagem de Paolo Guerrero no Flamengo foi abaixo das esperanças e Guerrerro é um nome sul-americano. Já Diego é um nome mundial, com passagens em vários clubes europeus importantes e história na Seleção. Acho também que a carreira de Diego foi abaixo das esperanças quando ele estreou no Santos com 16 anos e já com a camisa 10, mas sempre foi um jogador diferente, um jogador com muita classe.

Diego permitiu ao projeto de EBM de crescer. Ele acreditou no projeto, e depois vieram Éverton Ribeiro, Diego Alves, Vitinho e outros até ter o time histórico de 2019. Diego foi no Flamengo numa época onde era muito difícil de contratar jogadores de peso. Estreou sem a camisa 10, já de Ederson, e escolheu a 35, em homenagem aos filhos de 3 e 5 anos. E estreou com gol, contra Grêmio. Diego foi muito bem em 2016, ao ponto de ser nomeado no time do Brasileirão pela CBF. Flamengo ficou no terceiro lugar, mas a esperança de títulos voltava.

A esperança sim, os títulos ainda não, mesmo em 2017. Diego me deu uma das minhas maiores alegrias num estádio, no 3×3 contra Fluminense na Copa Sudamericana, um jogo que deve ser eternizado aqui. Um golaço de falta para inflamar a torcida, para mexer meu corpo e minha alma de flamenguista. Infelizmente, Flamengo perdeu a final, contra o Independiente. E nesse ano também perdeu a final da Copa do Brasil, contra Cruzeiro. E de toda a disputa de penalidades, Diego foi o único a errar. Diego bateu mal, mas só errou quem tentou, e a culpa de uma derrota dever ser dividida com o resto do elenco. Mesmo com a frustração, Diego fez mais uma ótima temporada em 2017, com 18 gols.

Em 2018, Diego fez um dos seus gols mais bonitos com o Manto Sagrado, num amistoso contra o Atlético-GO, numa cavadinha perfeita. Mas ele não foi tão bom em 2018. Fez menos gols, jogou menos em termo de qualidade. Em 2019, ainda era titular com Abel Braga apesar da chegada de Arrascaeta. Mas Diego se machucou gravemente contra Emelec, quebrando seu tornozelo. Em teoria, a temporada dele já estava acabada. Mas Diego voltou em apenas 3 meses. Isso só foi possível graças ao extremo profissionalismo de Diego, que se dedicou muito para voltar. O profissionalismo dele é exemplar e ele voltou num jogo eterno, o cincum contra Grêmio, jogo onde voltou já com a faixa de capitão em homenagem a sua importância no grupo, mesmo longe dos gramados.

Com Jorge Jesus, Diego ficou na reserva, não tinha mais espaço para ele no time titular com um Arrascaeta tão brilhante. Aceitou sua nova função e ainda ajudou o time. E foi decisivo num jogo eterno, o Milagre de Lima. Já falei nessa crônica que não importa se foi chutão ou cruzamento, foi assistência. Diego fez o que tinha que fazer e é eternizado na galeria dos ídolos rubro-negros só com esse lance.

Em 2020, voltou a titularidade no fim do campeonato com Rogério Ceni, e com uma nova função, de volante. E jogou muito bem. Deu qualidade técnica ao meio de campo e também deu muita raça, o que sempre precisa quando veste o Manto Sagrado. Diego foi importantíssimo no octacampeonato. E em 2021, começou a temporada com talvez o que é seu lance mais marcante no Flamengo, a bola salvada em cima da linha contra Palmeiras na Supercopa do Brasil, outro jogo eterno do Flamengo. A ironia é aqui, um jogador tão técnico que Diego, camisa 10, com passes, dribles e gols de falta, o que sempre precisa quando veste o Manto Sagrado, é lembrado com um lance defensivo. Mas mostra a polivalência de Diego e tudo que ele deu quando estava em campo.

O resto do ano foi difícil e já era a hora de sair do clube. Ficou em 2022, virou um peso financeiro sem destaque no campo, mas quem conseguiria sair do Flamengo quando mais um ano é possível? Teve uma ótima despedida com o Flamengo no jogo contra Avaí, onde foi merecidamente homenageado pela torcida. E deu a camisa 10 para nosso Gabigol, que está num outro patamar dos ídolos rubro-negros. E Diego se aposentou como jogador do Flamengo, deixando a história mais linda assim. Ainda poderia ajudar metade dos times do Brasileirão, mas seu último clube é nosso Mengo. Ele foi durante anos um jogador muito importante do Flamengo, um ótimo capitão mas as duas últimas temporadas foram desnecessárias. Mesmo assim, com 12 títulos, 285 jogos, 42 gols, 34 assistências e lances memoráveis, Diego faz parte sim, dos grandes ídolos do Flamengo.

6 respostas para “Ídolos #10: Diego”.

  1. Avatar de Jogos eternos #47: Flamengo 3×3 Fluminense 2017 – Francesguista

    […] E com 10 minutos, na frente da Sul, longe de meu coração sempre em sofrência, uma falta para Diego, meu ídolo nessa época. Bem perto do gol, e já no gol. Faltei o gol, estava admirando a arquibancada e a […]

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  2. Avatar de Jogos eternos #54: Flamengo 4×1 Unión La Calera 2021 – Francesguista

    […] para fazer o gol da esperança. E apesar de chutes dos craques Arrascaeta, Everton Ribeiro e Diego, Flamengo não conseguiu fazer o gol do 3×1, o gol da vitória certa. Até o 34o minuto do […]

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  3. Avatar de Times históricos #17: Flamengo 2017 – Francesguista

    […] falei na crônica sobre o ídolo Diego que para muitos a nova Era do Flamengo começou com a chegada dele em 2016. Para mim, começou um […]

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  4. Avatar de Ídolos #24: Juan – Francesguista

    […] uma cirurgia. O grupo sentiu muito essa ausência e vale relembrar a classe de outro ídolo, Diego, que mostrou para o Maracanã a camisa de Juan depois de fazer um gol contra a […]

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  5. Avatar de Times históricos #26: Flamengo 2016 – Francesguista

    […] de Diego foi mais um passo na frente e Flamengo mudou de patamar só com essa chegada. Diego, um ídolo no Francêsguista, estreou muito bem, fazendo o gol da vitória contra Grêmio, achando as redes de novo no jogo […]

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  6. Avatar de Ídolos #38: Filipe Luís – Francêsguista, as crônicas de um francês apaixonado pelo Flamengo

    […] Luís foi anunciado no Flamengo e foi mais um da geração de 1985, com Rafinha, Diego Alves e Diego Ribas, o amigo quase irmão que incentivou a contratação de Filipe Luís, ao lado do presidente Rodolfo […]

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O autor

Marcelin Chamoin, francês de nascimento, carioca de setembro de 2022 até julho de 2023. Brasileiro no coração, flamenguista na alma.

“Uma vez Flamengo, Flamengo além da morte”