Hoje tem Fla-Flu, o clássico mais charmoso do Rio, também meu clássico favorito no Rio. Hoje será o primeiro Fla-Flu da história da Copa do Brasil, então para a lembrança do dia vamos de um jogo do campeonato carioca, onde os times já se enfrentaram 266 vezes.
O ano é 1993, um ano histórico apesar da falta de títulos. No campeonato carioca, Fluminense tinha conquistado a primeira fase e já estava classificado para a final. Flamengo precisava vencer a segunda fase, iniciada com 2 vitórias contra America e Volta Redonda e um empate contra Americano. Contra um rival, Flamengo precisava vencer.
No 25 de abril de 1993, o técnico Jair Pereira escalou Flamengo assim: Gilmar Rinaldi; Andrei, Wilson Gottardo, Júnior Baiano, Rogério; Fabinho, Júnior, Marquinhos, Nélio; Paulo Nunes, Gaúcho. No Maracanã, apenas 33.765 pessoas, mas uma geral muita animada, para ver mais um Fla-Flu, o #305 da história, com um retrospecto em favor do Flamengo: 110 vitórias, 98 empates, 96 derrotas. Ganhar Fla-Flu nunca é normal, sempre é especial.
Os goleiros, Gilmar Rinaldi e Ricardo Pinto, começaram a brilhar, e foi Fluminense que abriu o placar com Vagner, em dois tempos, depois de um primeiro chute defendido pelo Gilmar. Dez minutos depois, de novo Vagner, agora no passe, para o saudoso Ézio, que permitia ao Fluminense de ter dois gols de vantagem e uma boa opção na vitória. Mas Fla-Flu nunca é normal.
Fla-Flu nunca é normal, ainda mais quando tem jogadores excepcionais, como Júnior, um dos maiores ídolos da história do Flamengo, um maestro indomável. Antes do intervalo, um passe milimétrico para Paulo Nunes, que faz, não o gol da virada, mas o gol da esperança.
No segundo tempo, Ézio saiu machucado e Vagner foi expulso de forma boba. Sem ataque, Fluminense precisava defender. Defender mal. Um drible sensacional de Marcelinho, que tinha entrado no lugar de Paulo Nunes, para o cabeceio perfeito do também saudoso Gaúcho, um jogador de raça, de amor, de paixão. Torcida inflamada no Maraca, Flamengo 2×2 Fluminense, Fla-Flu nunca será normal.
Depois de perder 2×0, Flamengo agora olhava para a vitória. E aqui é o verdadeiro motivo de ter escolhido esse jogo para mais uma crônica. O último gol oficial de Júnior foi marcado dez dias depois, numa vitória 2×0 contra Olaria, na rua Bariri. Mas pode se ver no YouTube que o cruzamento de Júnior foi desviado nas redes pelo Nilson, e que o juiz errou na súmula ao atribuir esse gol ao Júnior, o 77o dele com o Manto Sagrado.
Então, o verdadeiro último gol de Júnior pelo Flamengo foi esse gol da virada no Fla-Flu, inclusive um golaço. Mais um cabeceio preciso de Gaúcho, agora em passe para Júnior que, sem nunca deixar a bola cair, dominou de peito e mandou de voleio a bola nas redes tricolores. Um golaço, uma virada em mais um Fla-Flu eterno, com a marca do Vovô-Garoto. Acho que a história seria mais linda com o último gol oficial de Júnior ser num Fla-Flu, no antigo Maracanã. Mas finalmente não tem muita importância, afinal o Maestro Júnior deu muitas alegrias aos flamenguistas, durante 15 temporadas, 876 jogos, fazendo, entre muitas outras coisas, 77 gols.








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