Para a lembrança do Flamengo x Cruzeiro, fiquei na duvida com duas goleadas, o 6×2 de 2004 e o 5×1 de 2011. Mas, finalmente, eu vou de outra vitória com menos gols, mas de um ano que adorei, porque corresponde ao ano em que comecei a acompanhar Flamengo com mais regularidade, e escrevi sobre apenas um jogo de 2007 até agora, no campo de Real Potosí, na altitude e no calor da Libertadores. Então, hoje volto ao ano de 2007, dos primeiros amores.
Na França, o ano escolar começa em setembro e em 2007 foi meu primeiro ano de ensino médio, numa outra escola, o “lycée” em francês. E no início de setembro de 2007, comecei a já ter uma nova rotina. Depois da pausa para o almoço, tinha acesso aos computadores com Internet. Era uma outra época, YouTube tinha só um ano de existência e não tinha os melhores momentos dos jogos de futebol brasileiro na plataforma. Mas tinha no GloboEsporte os melhores momentos, com duração média de 8 minutos. E comecei a acompanhar a todos os jogos do Flamengo na escola nas segundas-feiras e quintas-feiras.
Na quarta-feira 12 de setembro de 2007, Flamengo recebeu Cruzeiro no Maracanã com um público pequeno: 11.640 pagantes. Joel Santana, que eu já adorava por ter conquistado o campeonato carioca de 2007 com muita emoção, escalou Flamengo assim: Bruno; Léo Moura, Ronaldo Angelim, Fábio Luciano (Thiago Sales), Juan; Rômulo, Jaílton, Cristian, Toró (Obina), Renato Augusto (Léo Medeiros); Souza. Com apenas alguns meses de conhecimento do elenco do Flamengo, eu já estava bem servido de ídolos, mas ninguém mexia meu coração como Obina, que começou o jogo no banco.
Mas Flamengo tinha outros ídolos, a começar pelo Léo Moura, que teve o primeiro lance do jogo depois de dois dribles e um chute em cima do travessão. No minuto seguinte, depois de dois dribles de novo, Léo Moura achou Toró, de quem o chute flirtou com a trave de Fábio. E também foi Léo Moura que fez o primeiro gol do jogo, inclusive um golaço. Um cruzamento de Souza, um passe de cabeça de Toró, e um chute de Léo Moura, tanto potente que preciso, diretamente no gol cruzeirense. Golaço de Léo Moura, Flamengo na frente. No minuto seguinte, de novo Léo Moura driblando na grande área, de novo um passe para Toró, de novo fora do gol. No fim do primeiro tempo, Flamengo quase fez o segundo com cabeçada de outro ídolo, Fábio Luciano, que também adorava por causa do campeonato carioca de 2007, por causa da raça, do carisma e do amor a camisa.
Segundo tempo começou com outra cabeçada do Fábio Luciano, perto do gol, mas não no gol. Dominação do Flamengo era total, mas faltava o segundo gol. E o segundo gol saiu de novo nos pés de Léo Moura, que entrou na grande área, foi até a linha do gol para cruzar na cabeça de Souza. Fábio foi um pouco lento para reagir e a Nação, mesmo em número modesto, explodiu. Cruzeiro reagiu, fez um gol com dois jogadores que entraram no jogo alguns minutos antes, o Kerlon Foquinha, outro motivo para gostar do futebol brasileiro e de seu folclore, fazendo passe para Guilherme. Flamengo 2×1, pressão no Maraca.
Mas o Papai Joel também sabia mexer e fez entrar quem mexia com meu coração, o ídolo Obina. Três minutos depois de entrar, dois minutos antes do fim do jogo, Obina fez o passe para Léo Moura, ainda Léo Moura, sempre Léo Moura, que puxou o contra-ataque, a 70 metros do gol cruzeirense. Um 4 contra 2, perfeitamente negociado pelo Léo Moura, com passe em profundidade para Léo Medeiros, com passe atrás para Obina, que só tinha a fazer o gol para fazer a alegria dos 11.640 no Maraca, dos milhões no Brasil e, no dia seguinte, de um adolescente num pequeno lycée francês.








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