O Torneio Rio – São Paulo foi disputado pela primeira vez em 1933, para comemorar a oficialização do profissionalismo. Depois, só voltou a ser organizado em 1950, ainda sem o Maracanã. Gosto muito desse torneio, 10 times só, os 4 gigantes de Rio, os 4 gigantes de São Paulo e a Portuguesa, às vezes Bangu, às vezes o America. Só grandes times e um nível muito alto.
Os paulistas ganharam todas as edições de 1950 até 1955, e depois de um ano sem os cariocas na competição, Fluminense conquistou o título em 1957. No ano seguinte, foi a vez do Vasco. Depois, claro, o Santos de Pelé, e Fluminense voltou a ganhar o título em 1960. Flamengo foi vice em 1957 e 1958, no terceiro lugar em 1959 e 1960. Sempre bem colocado, mas nunca campeão.
Flamengo começou bem a edição do Rio – São Paulo de 1961, com vitórias no Pacaembu, contra São Paulo e Palmeiras, Dida fazendo gols nos dois jogos. Flamengo vinha de uma derrota dolorosa, num amistoso, mas no placar humilhante de 7×2 contra o Corinthians. E na terceira rodada do Rio – São Paulo, Flamengo voltou a ser goleado, em pleno Maracanã, um vergonhoso 7×1 contra o Santos de Pelé, que fez 3 gols nesse dia. Flamengo também perdeu o Fla-Flu e foi derrotado 3×0 pelo Botafogo de Garrincha, que fez o último gol do jogo. Era uma época cheia de craques sim, mas o Flamengo estava numa posição difícil, perto de uma eliminação na primeira fase.
Flamengo voltou a ganhar contra a Portuguesa, também venceu America e Vasco. Na última rodada da primeira fase, mais uma derrota dura, um 3×0 contra Corinthians, que não impediu Flamengo de se classificar, em terceiro lugar, com dois pontos a mais do que Fluminense. Na fase final, 6 times, bem equilibrado entre times cariocas e paulistas: Flamengo, Botafogo e Vasco para Rio, Santos, Corinthians e Palmeiras para SP. E curiosidade da segunda fase, os paulistas jogaram apenas contra os cariocas, e inversamente. Acho o sistema um pouco injusto, mas era assim.
Flamengo começou com vitória 3×1 contra Palmeiras, com gols de craques só: Joel, Dida e Gérson. Ainda mais importante, Flamengo se vingou do 7×1 contra Santos com outra goleada, agora no Pacaembu. Sem Pelé, Santos tomou um 5×1 com 3 gols de Gérson e 2 de Dida. Na última rodada, para ser campeão, Flamengo precisava de uma vitória contra o Corinthians, que tinha perdido seus dois primeiros jogos em São Paulo contra Botafogo e Vasco. Para Flamengo, também era a oportunidade de se vingar do 7×2 no amistoso, do 3×0 no torneio. O outro candidato ao título era o grande rival da época, o Botafogo de Garrincha, que jogava contra o Santos de Pelé, mas também de Pepe e Coutinho, os dois finalmente artilheiros do torneio com 9 gols. Uma época cheia de craques.
No 23 de abril de 1961, o técnico paraguaio Fleitas Solich, que conquistou o tricampeonato carioca com Flamengo entre 1953 e 1955 e voltou ao clube em 1960, escalou Flamengo assim: Ari; Joubert, Balero, Jadir, Bigode; Carlinhos, Gérson; Joel, Henrique, Germano, Dida. Uma época cheia de craques e de ídolos, como Gérson, Joel e Dida e sobretudo, com a classe e maestria de Carlinhos. No primeiro tempo, maior oportunidade do jogo foi de Dida, que acertou o travessão. No segundo tempo, a televisão perdeu o lance, mas o mais importante era a bola nas redes, gol de Joel, explosão no Maracanã e seus 40.000 torcedores, número relativamente pequeno em consideração da época e da importância do jogo.
Na segunda metade do segundo tempo, Joel cruzou na linha de fundo, Dida só teve a empurrar a bola nas redes, fazer seu oitavo gol do torneio, abrir os braços. Flamengo era o campeão. Flamengo conquistava um título nacional graças a uma grande atuação de Joel e Dida, dois jogadores que começaram a Copa do Mundo 1958 como titulares, antes de perder a posição para Garrincha e Pelé. Uma época cheia de craques e ídolos.








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